quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Um deserto do Peru

Deserto e mar: isso tem no Peru


A gente sabia que iria passar pelo famoso deserto do Peru, localizado em sua costa e super famoso principalmente por ser trecho percorrido no rali Dakar. O que não sabíamos é que em algumas partes, esse deserto é cultivado. Longas plantações de milho. Foi o único pedaço de “terra”que vimos cultivado de forma intensiva nos últimos meses.
Mas além de plantações, tem muita duna e cara de deserto para se ver. Infelizmente, a educação ou cultura do povo não preserva seus recursos naturais e vimos muito lixo e entulho jogados pelo deserto. Uma pena!

Quanto lixo e entulho vimos

A primeira cidade por onde passamos foi Chiclayo. Famosa por vários sítios arqueológicos, Chiclayo está longe de encantar o menos exigente dos viajantes. Tem um trânsito complicado, não possui prédios bonitos e é caótica. Mas é a casa do melhor museu arqueológico que visitamos até hoje: Museu Tumbas Reais de Sipán (S 10).

Museu de Sipan

Señor de Sipan/ divulgação 
Em 1987 descobriu-se uma tumba intacta de um alto dignatário Mochica (ou Moche), o Senhor de Sipán (séc. II d.C.) com muitas joias e ornamentos preciosos. Sipán não estava só em sua Tumba: um vigilante, duas esposas, duas crianças, seu sacerdote, duas lhamas sem cabeça além de milhares de cerâmicas. Muito interessante observar que os povos antigos viam com grande importância a passagem para o outro mundo (ou morte). Seus líderes eram enterrados com todas as riquezas que eles conseguiram acumular durante seu reinado, inclusive as roupas e peças de ouro utilizadas em apresentações públicas. As pessoas e animais enterrados junto servem para garantir que do outro lado, ele não irá passar necessidade. Parece cruel mas uma sociedade que pode manter um líder com todo esse luxo, é uma sociedade extremamente organizada.O museu está organizado por ordem cronológica de sua descoberta. Tudo registrado por fotos. Você se sente um arqueólogo, descobrindo as peças do quebra cabeça aos poucos. Por ser recente e estar intacto, esses tesouros tem muito valor histórico e econômico. Uns ladrões de tumbas chegaram perto do Sipán mas assim que foi descoberto por cientistas, foi colocado um policiamento intensivo durante as escavações e algumas peças de outras alas foram reencontradas na Europa e nos EUA, os grandes compradores de arte, aparentemente nem sempre de forma legal. Nas salas iniciais do museu, a mais bela cerâmica que vimos. Os mochicas eram especialistas na modelagem e adorno do barro. Realmente, uma visita imperdível! Pena que é proibido tirar fotos lá dentro.
O Complexo Arqueológico de Sipán também pode ser visitado. Foi onde encontraram todas essas peças. Mas a julgar pelo acervo do museu, no sítio somente sobraram as ruínas.
Em Trujillo, nossa próxima parada, fomos surpreendidos por uma cidade muito mais acolhedora. Com uma deliciosa e habitada praça central, nos sentimos numa cidade melhor preparada para atender viajantes. Nas proximidades dessa cidade, existem vários sítios arqueológicos como a Cidadela de Chan Chan, a maior cidade de barro da América e capital do reino Chimú. Também existem as Huacas do Sol e da Lua, centros do poder mochica. E ainda a Senhora do Cao, no complexo El Brujo, uma múmia bem preservada com tatuagens de aranhas e cobras nos braços, tornozelos e pés. Programas histórico-culturais não faltam!

Trujillo

Seguimos para a capital, Lima, numa linda e extensa estrada plana depois de dias de muitas curvas. Foi chegando a Lima que furou nosso primeiro pneu, depois de 15 meses de viagem. Um marco!
O primeiro pneu furado

Acampamos dentro do Hostel Hitch Hikers, onde conhecemos muitos outros viajantes, todos seguindo ao sul do continente. Passamos dias agradáveis na companhia desses novos amigos, jantando e passeando juntos. Dois casais reencontramos novamente em Cusco e em Puno. 

Overlanders


Mas também passeamos um pouquinho. Fomos ao centro histórico, passamos pela Plaza de Armas e visitamos o Monastério de San Francisco, famoso por suas catacumbas com cerca de 700.000 esqueletos. Um passeio meio mórbido e que não pudemos tirar fotografias. De tudo, o mais espetacular foi a cúpula logo na entrada em estilo mouro.

Monastério San Francisco

Caminhamos até a Plaza San Martin e achamos ela muito mais simpática que a Plaza de Armas. Mas mesmo assim, tivemos muita dificuldade em encontrar um café decente e após uma empanada e uma chicha morada, voltamos para o hostel.
Plaza San Martin

A noite, visitamos o supreendente Circuito Mágico da Água no Parque de la Reserva. São 12 fontes de águas luminosas, algumas dançantes, outras brincantes. Uma coisa surreal digamos. Recomendamos.
Bonito espetáculo

Muito legal esse labirinto de água

Nosso hostel ficava no ótimo bairro de Miraflores, recheado de opções gastronômicas. Todos dizem que Lima é a capital da gastronomia. Um pouco de exagero mas realmente comemos bem durante nossa estadia, principalmente por causa do restaurante japonês Edo Sushi. Fazia meses que não comíamos peixe cru, hummmm.
Além de muitos restaurantes, Miraflores é um bairro bonito de se passear, com uma orla bem cuidada e muitas escolinhas de surfe, além do romântico Parque do Amor.
Parque do Amor

Kitesurf
Vimos muitos, muitos brasileiros em Miraflores, principalmente fazendo o passeio preferido da nossa nação: compras. Mas não conseguimos descobrir se os preços eram realmente bons ou não já que nosso foco nunca é esse...
Seguindo para o sul, chegamos ao Parque Nacional Paracas, recomendado pelos viajantes que conhecemos no hostel. Ficamos apenas uma noite, mas recomendamos principalmente para quem está com um 4x4. O parque não oferece muita estrutura – não tem banheiros nem água. Mas é muito belo. Tem o deserto junto do oceano, vários animais e muitas trilhas off road. Acampamos na Praia Mina e visitamos as praias de Lagunilla, Yumanque e o Mirante da Catedral. Nossos amigos franceses foram para a cidade de Paracas para fazer aulas de kitesurf. Incrível como venta! Na praia, centenas de águas vivas mortas. Uma judiação mas eu que não entro nessa água messsssmo!

Agua viva morta


La Mina

Paracas

Brasileiros e franceses encantados com Paracas



Seguimos para Nazca e com o orçamento apertado, não realizamos o sobrevoo para ver as enigmáticas figuras no chão. Entretanto, na Pan Americana, um mirante (S 2) te faz ver duas gravuras: a mão e a árvore. Incrível como ficam perto da estrada! Uma outra gravura foi destruída pois a estrada passa em cima mas essas duas estão em bom estado. Eu elaborei uma teoria: que como ele acreditavam que os mortos e os deuses ficavam num plano superior, eles realizaram esses enormes desenhos como oferendas a eles. Isso levando em consideração os temas das gravuras. Desculpe, mas nada tem a ver com extra terrestres. Agora, imagina no começo no século, os primeiros aviadores que sobrevoaram a região e viram esses desenhos. O susto, a surpresa e a admiração que não sentiram!

A mão

A árvore

No próximo post, seguimos para Macchu Picchu, as ruínas mais visitadas da América.


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