sábado, 25 de fevereiro de 2012

O caribe venezuelano

Cayo Sombrero, PN Morrocoy


Até tentamos descobrir alguma coisa diferente, dirigindo rumo leste no litoral de Sucre mas não conseguimos descobrir nada de bom. Ficamos com vontade de fazer o PN Mochima mas no fim não foi possível pois estava chovendo e seguimos rumo a Chichiriviche, seguindo a dica preciosa de uma amiga.

PN Mochima

Foi lá que encontramos o mar e as aquelas praias paradisíacas de revista de turismo. Aquelas que pensamos que a edição altera a cor da foto, afinal de contar, não é possível existir um mar desse azul. Pois é, o mar é aquilo mesmo. Bem vindo ao azul caribe!

Bem vindo!

Chichiriviche é o ponto de saída para os barcos que levam o turista para as ilhas que fazem parte do PN Morrocoy . São muitas as ilhas e os preços são negociados diretamente com os barqueiros. Nada muito caro, mas fica bem melhor dividindo com outras pessoas!
Fizemos três ilhas: a Cayo Morto, a Cayo Sombrero e a Cayo Sal. A mais distante foi a Sombrero, 25 minutos de lancha. Nas ilhas, existem barracas e ambulantes que vendem comidas e bebidas. Mas o costume mesmo é fazer farofa e carregar seu isopor com um lanche e cerveja, mesmo porque descobrimos que nesse parque nacional é proibido comercializar bebidas alcoólicas.



Nosso passatempo preferido foi ver os milhares de peixinhos que se concentram nos corais das praias. E ler. E descansar. É pouco? Não, é lindo!

Nossa rede combinou bem com a sombra dos coqueiros.
Dicas:
- leve snorkel, máscara de mergulho ou simplesmente, óculos de natação. Você poderá se transformar num dos personagens do Nemo, no meio de um enorme aquário natural.
- a cidade de Chichiriviche é um balneário, com inúmeras pousadas. Tem lan houses, supermercados, farmácias e lojas que vendem coisas de praia, como bóias, baldinhos, maiôs...
- esse é um destino local dos venezuelanos. Apesar disso, existem alguns estrangeiros que se fazem presentes
- a beleza das praias é indescritível. Mas não podemos dizer o mesmo da freqüência. Os turistas tem o péssimo costume de jogar lixo na areia, que além de ficar feia, fica suja e cheia de moscas. Seja educado e mesmo que seja o único, joque seu lixo no lixo!

Muuitos flamingos no caminho !
Não conhecemos as ilhas famosas como Margarita (destino de milhares de brasileiros que chegam principalmente de carro, das cidades de Manaus e Boa Vista), Los Roques e Curacao mas acredito que valha muito a pena. Principalmente Los Roques, que possuem fotos maravilhosas! Mas esse é um outro tipo de viagem, para uma outra época da vida. 

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Salto Angel

A cachoeira mais alta do mundo é um desbunde. São quase mil metros de uma queda d'água esplendorosa! Essa beleza natural está encravada no meio da selva, rodeada de tepuys que dão um toque especialíssimo nesse tour.  Tepuy é um nome indígena Pemón que significa montanha.

Salto Angél visto do rio, caindo do alto de um tepuy

O caminho é longo mas fácil. As operadoras de turismo trabalham basicamente com uma opção: pacotes de 3 dias e 2 noites, a segunda dormida em rede aos pés do tepuy onde se encontra o Salto Angel. Engloba a passagem aérea ida e volta, as três refeições diárias , o transporte de barco, a acomodação e o guia. O roteiro é o seguinte:
1° dia: Chegada a Canaima e exploração da cachoeiras próximas com pequenas caminhadas muito fáceis. Você vai conhecer a Sapo, Sapito e a Hacha numa tarde bem tranqüila.

A tarde você visita todas essas cachoeiras de Canaima

2° dia: Você terá 4 horas de barco com parada para banho e lanche. A canoa sobe o rio, margeando grandes tepuys. Nesse momento, a sensação é estar entrando num mundo perdido. Do barco já é possível ver o Salto Angel. Para vê-lo por completo, uma caminhada de uma hora de subida. Pronto, esse é o melhor ponto para ver a cachoeira. Ainda é possível tomar um banho no poço que se forma abaixo da queda. Indescritível a emoção!

Quase mil metros de queda! Angel falls!!!

3° dia: A volta é a favor do rio, portanto um pouco mais rápida. Almoçamos e pegamos o vôo de volta para Ciudad Bolivar.

Voltar de teco-teco foi uma emoção a mais!


Dicas:
- leve capa de chuva e uma roupa mais quente para dormir na rede
- trio repelente, protetor solar e chapéu, sempre presente!
- roupa para nadar
- alguns docinhos para beliscar.
Nós adoramos esse tour, principalmente porque o tempo ajudou e pudemos enxergar a cachoeira interinha. Mas lembre-se, passeios na natureza estão sujeitos ao clima, que pode ser favorável ou não. 

Redes são uma boa maneira de colocar mais gente num pequeno espaço.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

La Gran Sabana

La Gran Sabana é a região ao sul da Venezuela que compreende os tepuys (como o Monte Roraima) e muitas cachoeiras (como o Salto Angel). Mas a Gran Sabana oferece da estrada mesmo a contemplação de uma natureza grandiosa e que faz da Venezuela um destino certo para quem quer cutir a natureza.

A paisagem inspiradora do Parque dos Dinossauros é daqui.

Enquanto o Monte Roraima e o Salto Angel são distantes de qualquer acesso por carro, La Gran Sabana é percorrida pela troncal 10, a estrada que sai de Santa Elena em direção as praias.
O Jumbo na troncal 10

A maioria das cachoeiras podem ser feitas sem guias, pois na estrada placas indicam as atrações. Nós visitamos apenas três, pois o tempo fechou e começou a chover. Partindo se Santa Elena, foi esse nosso roteiro:
Troncal 10
Km 46: Quebrada de Jaspen: ficamos impressionados com essa linda cachoeira de pedras vermelhas. A tarde é melhor, pois o sol bate de frente. Taxa de BSF 5 por pessoa.

Quebrada de Jaspen
KM 54,9: Parada policial (PP)
KM 63,3: PP
Km 66,8: Rio Yuruaní

Rio Yuruaní, caudaloso com tanta chuva!

Km 76,1: Quebrada Pacheco: dá estrada você vê. A cachoeira merece uma parada.

Quebrada Pacheco

KM 111,4: Salto Kama: uma cachoeira de 70m de queda. Você a vê de cima. Diferente das duas anteriores, não é possível tomar banho em suas águas.

Salto Kama

Depois disso, ficamos na vontade de fazer o Mirante El Oso e outras cachoeiras fora da troncal, mas como já disse, São Pedro fechou o tempo e tivemos que seguir nosso caminho rumo ao litoral. Essa região é muito bonita e com tempo bom, dá para ficar uns dias explorando e curtindo essas cachoeiras maravilhosas.
Dica: pegue um guia entregue gratuitamente na central de atendimento ao turista que mapeia toda essa região até a Isla Margarita. Essa central fica na estrada entre a fronteira Brasil/Venezuela e a cidade de Santa Elena de Uiarén.

O Brasil precisa aprender como se trata o turista com nossos vizinhos.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Monte Roraima

A caminho do topo, entre os tepuys Kukenan e Roraima


Chegar ao topo do Monte Roraima requer muita disposição. A trilha é difícil, longa, com muitas pedras e bem íngreme. Em um dos dias chega-se a subir 1000 metros caminhando. A volta então... tudo que subiu em dois dias, desce num dia só. São 1800 metros de descida. Se quiser entender melhor esse caminho, de uma olhada em nosso tracklog. Mas o esforço vale a pena. Andando no topo, a sensação é de estar caminhando num outro planeta. Pouquissima vegetação e a que existe é endêmica, animais diferentes e muitas pedras negras formando as mais inusitadas formas.

Liquens
Os trekkings para lá saem de Santa Elena de Uiaren e a maioria compreende seis dias e cinco noites dormidas em barracas. Por um acordo local, você é obrigado a contratar um guia ou carregador pemón. Pémon é a etnia indígena que habita essa região há tempos. Os carregadores ou porters carregam sua barraca e a comida que está incluída no pacote. São três refeições ao dia. Se quiser um lanchinho ou chocolate entre elas, você tem que levá-lo.
Impossível ter a garantia de pegar tempo bom lá em cima. A mais de 2800 m de altura, as condições climáticas são imprevisíveis no Monte Roraima. No nosso caso, dos seis dias, choveram quatro. Abaixo algumas dicas:

- levar chapéu, protetor solar, muito repelente (antes do topo, os mosquitos chamados puri puri não dão trégua), kit primeiros socorros, roupa impermeável, capa de chuva, capa para a mochila e alguns docinhos para dar aquela energia extra.

Paisagem no topo

- os porters carregam apenas sua barraca. Isolante e saco de dormir vão na sua mochila, junto com suas roupas e objetos de higiene. Administre o peso que você irá carregar mas lembre-se que lá em cima faz frio e que dormir com roupa seca faz diferença.

Nosso porter apontando o local onde começamos a trilha

- a estrutura do parque deixou muito a desejar. Nas três bases que ficamos não havia bancos suficientes (quando existiam) e a estrutura de palha onde aconteciam as refeições era muito vulnerável a chuva. Na volta, para atravessar um rio caudaloso, improvisaram uma passagem com corda. Nós passamos com água no peito. Nossa câmera portátil morreu afogada no meio da chuva e passagem de rios. A sensação era de estarmos fazendo um camping selvagem. Sabemos que as condições climáticas são incontroláveis mas a estrutura que o parque disponibiliza para o turista é totalmente administrável. Medidas simples fariam o trekking muito mais prazeroso.

Estrutura para o camping

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Venezuela: documentação

Para quem vai entrar na Venezuela de carro a partir do Brasil, obrigatoriamente terá que passar por Boa Vista. É no Detran de lá que você precisa pegar o primeiro documento exigido para a exportação temporária do veículo, uma licença para trânsito na Venezuela. O Detran de Roraima não tem nada a ver com o de SP, muito mais ágil. Portanto, você dá entrada na papelada e no mesmo dia, já está com a licença em mãos.  Para isso, é necessário apresentar o documento do carro e CNH originais, além de pagar uma taxa no próprio Detran.
Na aduana venezuelana, além da licença para trânsito na Venezuela, você precisará apresentar o documento do veículo, o passaporte e o seguro contra terceiros, cópia simples e original. Após a apresentação de toda a documentação, eles emitem um documento de exportação temporária do veículo que é o que os guardas geralmente pedem para ver nos pontos de controle. No passaporte, a aduana carimba uma autorização da entrada do veículo.

Entrando na Venezuela

O seguro contra terceiros deverá ser feito em Santa Elena de Uiarén, a 12km da aduana. Nós fizemos na Mapfre. O seguro mínimo tem validade de um ano e o valor varia de acordo com o carro (caminhonetes, carros de passeio...). Pagamento somente em dinheiro (não aceitam reais).
Importante ressaltar que esses são os documentos exigidos para quem é proprietário do veículo. Quando este está no nome de outra pessoa ou está alienado, são necessários outros documentos.
Tudo foi muito tranqüilo mas aqui seguem algumas dicas:
- percebemos que umas 15:30 o expediente se encerra para os funcionários da fronteira. Chegue cedo.
- verifique a documentação entregue. No nosso caso, erraram o número do chassi duas vezes.
- na primeira barreira policial, você deve parar, apresentar a documentação do veículo e pessoal (passaporte) e eles carimbarão no verso desse documento essa averigação.
Tudo isso para o carro. Para nós, apenas o passaporte. Não se esqueça de dar saída de sua pessoa no Brasil. Eles verificam tudo!

Esse é o documento que emitem na aduana

Saída
Para o carro, você vai entregar esse documentos de exportação temporária na aduana venezuelana antes de entrar na Colômbia. Em outro posto, dará a saída da sua pessoa do país.
Esses dois procedimentos foram estranhos. Chegamos as 9 horas na fronteira e como não tinha ninguém na aduana, o exército nos instruiu a colocar o documento embaixo da porta e seguir viagem. Lógico que ficamos cabreiros pois é no mínimos estranho. Mas eles chegavam a partir das 10 e não queríamos perder tempo. Pois fizemos o que nos mandaram.
No outro posto, para carimbarem sua saída na Venezuela, tivemos que pagar BSF 76 por pessoa para um agente que ficava atrás de um vidro escuro. Estranhíssimo, não havia nada dizendo que necessitávamos pagar uma taxa para deixar o país. Até agora não entendemos se tivemos que pagar algo realmente que existe ou só foi propina mesmo.  Pagamos, pois o homem só carimbava sua saída mediante pagamento. 

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Introdução a Venezuela

A Venezuela é um destino maravilhoso, com uma natureza exuberante e muito lugar lindo. Minha primeira dica é:


Salto Kama, na La Gran Sabana

- não deixe se influenciar pelos alarmistas que só vêem defeitos nesse país. Insegurança, suborno, policiais corruptos, violência. De qual país estamos falando? Do Brasil? Brasileiro parece que esqueceu que uns anos atrás (e ainda hoje) nossa querida pátria mãe gentil já lembrou muito a Venezuela com todos esses problemas. Lógico, tomamos medidas de precaução pois algumas vezes até a própria polícia advertia para estacionarmos sempre em lugares fechados e não andar a noite. Tomar medidas de precaução quanto a segurança já faz parte da nossa rotina dentro do Brasil: cuidar dos pertences, estacionar em lugares movimentados, não deixar objetos de valor a mostra, evitar ruas desertas. Mantenha-se atento e vigilante, sempre.

E quanto aos policiais? É verdade que eles só querem grana?
-não foi essa nossa experiência. Em nenhum momento, ninguém pediu dinheiro para a gente nas inúmeras paradas que tivemos que enfrentar na Venezuela. Existe essa prática? Até deve existir, mas tudo depende da sua postura perante os policias. Ser educado e polido, tratar com respeito a autoridade que está te abordando (chame-o por Usted e o verbo na 3ª pessoa), ter a documentação toda em ordem e tentar “quebrar”o gelo, perguntando sobre a estrada, qual a praia que ele acha mais bonita, falar sobre futebol, enfim, a sua simpatia também ajuda – e muito! No nosso caso, temos um mapa da América enorme no nosso carro, com informações de onde saímos, para onde vamos, com a bandeira do país que estamos colada. Essas coisas facilitaram. Mas vimos grupos de brasileiros fazendo a maior algazarra na aduana, gritando, derrubando água no chão, fazendo fuzuê. Os caras não gostam disso. Seja discreto mas simpático, as chances de alguém tirar dinheiro de você diminuem muito. No nosso caso, até ganhamos uma bala de banana dos guardas.


E o controle na estrada? É verdade que eles param todo mundo?
- sim, é verdade. Com certeza, passamos por mais de uns cinquenta postos de controle e alcabalas. Fomos parados em mais de 20. Existe a polícia municipal, estadual, federal, exército espalhados em todas as estradas, sejam movimentadas ou não, armados de fuzis e outras armas. Cada um solicita uma coisa: documento pessoal, do veículo, pedem para vero que estamos carregando. Alguns, apenas perguntam para onde estamos indo, o que estamos fazendo e o que levamos. Em nenhum momento fizeram vistoria dentro do veículo. Na verdade, muitos policiais são moleques, aparentam menos de 18 anos, são curiosos pelo que estamos fazendo. Mesmo sendo a quarta parada do dia, somos simpáticos. O que existe na Venezuela e é bem latente é a síndrome do pequeno poder: pessoas que usam farda ou trabalham com algum tipo de controle acham que tem mais poder que civis. Por isso, a primeira abordagem deles é meio rude.  Aprenda a conviver com isso, que sua estadia será melhor. Geralmente, esses postos de controle e alcabalas são sinalizados. Assim que perceber que vai passar por um, diminua a velocidade e abra os vidros. E novamente, tenha os documentos em dia. Eles conferem os dados.

Como fazer com dinheiro? Dá para trocar real por bolivares fortes?
Na nossa opinião esse é o maior problema que o turista enfrenta na Venezuela. Na maioria dos lugares, é impossível usar cartão de crédito. Também é impossível sacar no banco com o cartão de crédito ou de débito. Dinheiro, só no cacau. Portanto, leve dólares e troque por bolívares. Nossa dica pode não ser a mais segura, mas preferencialmente, troque no cambio negro. O valor que te pagam é o dobro que no cambio oficial. Tomamos uma medida que vimos na internet e que te deixará mais seguro: tiramos cópia das notas de dólar que usamos para evitar que trocassem nosso dinheiro por notas falsas. Fique atento! Outra coisa, procure um lugar seguro para fazer essa transação. Geralmente, pousadas ou agencias de turismo realizam cambio negro. Quanto ao real, em Santa Elena de Uairén, é possível pagar algumas coisas em real e trocar na maior facilidade reais por bolívares fortes. Mas somente lá. Como encontramos um lugar bom para realizar o cambio, trocamos todo o dinheiro que a gente precisava para três semanas e fomos administrando os gastos.


A Venezuela é um país barato?
- depende do cambio que você fizer. Com o oficial, não, é muito caro. No cambio paralelo, fica mais em conta. O mais caro de lá proporcionalmente é a alimentação.  O cambio paralelo é ilegal, mas é muito usado principalmente nas cidades de fronteira. Recomendamos algumas precauções: não trocar muito dinheiro logo de cara, troque um valor baixo algumas vezes para sentir confiança no agente; na fronteira com o Brasil, prefira usar Real que dólar; para evitar falsificação quando for trocar dólares, prefira usar notas seriadas e caso não seja possível, faça cópia de suas notas.

E a gasolina? É barata?



- praticamente, de graça. Enchíamos o tanque (80 litros) com R$0,75. Dava gosto ir abastecer o carro. Mas atenção: o combustível é subsidiado pelo governo para os venezuelanos (lógico). Portanto, abastecer na fronteira é missão impossível. Como a relação, Venezuela/Brasil é cordial, na fronteira, existe um posto de combustível onde estrangeiros podem abastecer. Vimos inúmeros carros passando a fronteira só para abastecer, mas o preço é mais caro que dentro da Venezuela, pagamos algo em torno de R$0,20 o litro do diesel. Depois desse posto, não se pode abastecer nos próximos 400 km. O exército se faz presente dentro dos postos e não autoriza.  Após essa quilometragem, pode-se abastecer e pagar o preço que o venezuelanos pagam, BSF 0,0045 o litro. Já na fronteira com a Colômbia, não existe posto e os estrangeiros também não podem abastecer nos últimos 300 km. Ah, nem todos os postos tem diesel. Quando o tem, geralmente existe uma placa abaixo da bandeira indicando.
Essa gasolina barata trás o seguinte efeito colateral: muito carro velho nas ruas servindo como lotação. Carro velho e transito desorganizado fazem da vida do motorista um inferno. Paciência e atenção para evitar colisões.


E a questão política no país? Interfere na vida do viajante?
- a Venezuela vive um momento delicado, com uma política social bem complicada. Com tanto petróleo, os outros setores da economia não são estimulados. Praticamente não existem produtos importados e percebemos que existe um problema no abastecimento de alimentos. A vida das pessoas é muito controlada, não só nas estradas como também nos supermercados e farmácias onde é necessário apresentar ou dizer nome completo e RG (no caso de estrangeiro, o passaporte) no momento da compra. Vimos muita pobreza, mas não vimos miséria. Apenas uma cidade que visitamos nos pareceu melhor, Maracaibo. Não fomos para a capital Caracas, por causa do transito, então não podemos falar de lá. Muitas rádios, jornais e TV estatais fazem apologia pró Hugo Chavez. Estivemos durante as prévias da oposição e ficamos sabendo que nas últimas prévias houve retaliação contra os que foram votar, como por exemplo, funcionários públicos foram demitidos de seus empregos. As casas e comércios são todos atrás de grades, não existem barzinhos ao ar livre. Deve ser difícil viver num país nessa situação. Mas para o turista, o que pega mesmo é a questão do dinheiro, a dificuldade de sacar e realizar outras transações financeiras.
O Brasil tem sido bem diplomático nas suas relações internacionais, tem um bom relacionamento com a Venezuela. Lá eles conhecem a Dilma, falam muito sobre o Lula, gostam dos brasileiros e tentam falar português.  Apesar de viverem em rixa com os EUA, nas grandes cidades existem cadeias de alimentação fast food como MC Donald’s, Burguer King e até Wendy’s, que não tem no Brasil. O esporte popular não é o futebol e sim o beisebol, jogado em campeonatos e como brincadeira de criança.


A Venezuela foi nosso primeiro destino internacional. Numa viagem como essa, o impacto dessa primeira fronteira pesa, percebemos o quanto estamos longe de casa e de tudo que é mais conhecido. Mas são esses desafios que fazem nossa viagem mais interessante. No próximo post, falaremos sobre a documentação pessoal e do carro e alguns tramites na Venezuela. 

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Boa Vista/ Tepequém

Chegamos no Hemisferio Norte, pela BR174 em RR

Roraima é um estado isolado, por sua posição geográfica ser no extremo norte do pais, acima do rio Amazonas, a quase 800 km de Manaus, uma tremenda barreira física.  Portanto, a maneira mais fácil de se chegar e de se sair de Boa Vista é de avião. No nosso caso, fomos pela estrada mesmo, pegamos a BR174, saindo de Presidente Figueiredo. Essa foi uma estrada difícil, primeiro porque mais de 100km passam por dentro da reserva indígena dos Waimiri-Atroari, trecho que pode ser cruzado apenas das 6 as 18 horas. Depois disso, 300 km de estrada muito ruim, até chegar Caracaraí. Dai para frente, a estrada fica boa.
Por causa desse isolamento, não tínhamos a menor ideia do que encontrar. Mas fomos positivamente surpreendidos com uma capital com comércio dinâmico, restaurantes, hotéis farmácias, supermercados, empresas além de pessoas maravilhosas.
Foi em Boa Vista que provamos o melhor tambaqui da viagem. O tambaqui é um peixe dos rios da Amazônia, saboroso. A melhor parte dele são as costelas. Prove assado na grelha. Com as sobras do almoço, fizemos um risoto que ficou simplesmente divino.
Orla Taumanan, Boa Vista, RR
Na capital você pode para passar uma tarde nas praias que surgem na época da seca (outubro a abril) no leito do rio Branco. O acesso é através de barcos que saem do porto e cobram R$ 4 pp, ida e volta. Também não deixe de passear na Orla Taumanan, de onde é possível avistar as tais praias.
Mas as principais atrações de Roraima ficam fora da capital. A Serra do Tepequém é o mais famoso deles. Com 1500 m de altura, a vila Tepequém dista 50 km do município de Amajari, trecho todo em asfalto. As muitas cachoeiras fazem o sucesso do lugar. Existem algumas pousadinhas simples e campings. Nós ficamos em casas de amigos e acampamos no carro mesmo. A vegetação é o lavrado, campos naturais com vegetação rasteira que se assemelha a savana encontrada na Venezuela.
Mirante da Cachoeira do Paiva
Visitamos as cachoeiras do Paiva (e seu lindo mirante), do Cabo Sobral, do Barata e o Igarapé Preto. Dessas, o Igarapé Preto é a única que se precisa de um 4x4 alto. Ainda tem a Cachoeira do Funil e a visita ao mirante do Sr. Cuia, também passeios off road. Importante: leve e passe muito repelente, os mosquitos em toda Tepequém são implacáveis. Apesar de serem gratuitas, as cachoeiras tem trilhas bem demarcadas mas não oferecem serviços de bar e restaurante. Leve seu lanche e não esqueça de trazer o lixo de volta!
Os amantes de off road também tem outros destinos no estado, como a Serra do Sol e a região de Uiramutã. Mas se informe antes com o pessoal do 4x4 local sobre passeios organizados a esses locais porque não são passeios para se realizar sozinho, primeiro por causa da dificuldade em si e segundo, por passar dentro de reservas indígenas (como a Raposa Serra do Sol) e necessitar da autorizaçao dos indígenas. Pode falar com o Elmer, da Retífica Central, sobre a ocorrência desses passeios. Ele tem uma mecânica que serve como ponto de encontro da galera off road da cidade e tem dicas e muitas informações.
Indicamos muito esse destino desconhecido no Brasil, principalmente para os amantes da natureza e do mundo off road. 

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Manaus e Presidente Figueiredo


Por não ser novidade para nós, programamos uma passagem rápida tanto em Manaus como em Presidente Figueiredo. Estávamos envolvido com os últimos preparativos para a saída do país e portanto, Manaus acabou sendo um lugar para resolver algumas pendências.
Não tivemos interesse em repetir programas, como a visita guiada ao Teatro Amazonas, que é muito legal. Muito menos o encontro das águas, programa que não achamos a menor graça, o típico pega-turista. Um dia inteiro andando de barco, com parada para almoço pré-programado num barco-restaurante onde você não tem outra opção de alimentação, para um gran-finale muito do sem graça ao ver o barco navegar com água de uma cor (e densidade, velocidade, pH) de um lado e de outra do outro.
Programa diferente e que vale a pena é hospedar-se em hotel  de selva. Mesmo sendo um pouco de turista, aí sim você terá a chance de ver de perto o que se imagina ser uma floresta tropical. Vegetação exuberante, com árvores altíssimas em várias camadas. E se for na época da vazante (de junho a novembro) ainda tem maior chance de ver a fauna também, com macacos, araras, jacarés, etc.
Para quem vai até Manaus, vale muito a pena dar uma esticada até Presidente Figueiredo e conhecer algumas de suas muitas cachoeiras. Todas são pagas (o valor varia de R$ 5 a R$ 10 pp) pois ficam em propriedades particulares. Na falta de praia próxima, as pessoas normalmente vão nessas cachoeiras para passar o dia e trazem lanches e bebidas, apesar de na maioria delas possuir serviço de restaurante. 
Visitamos a Cachoeira dos Pássaros, que fica numa estrada vicinal à AM 240. Linda, com ótimo poço para banho, tirolesa e corda para pular no rio. Foi aqui que provamos o peixe matrinxã, muito saboroso.
Outra cachoeira que visitamos foi a do Asframa, sem poço mas com um delicioso banho na cachoeira. Acampamos ali mesmo (R$ 10,00 pp) e o dono, Sr Joaquim, foi extremamente receptivo.
Para quem estiver com crianças, visite o Acqua Park, no km 101 da BR 174. Além de piscinas e toboáguas possui parede de escalada,  arvorismo e lago. A entrada custa R$ 15 e crianças até 6 anos não pagam.
Ficou com vontade de conhecer? Nesse post, temos mais informações.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Trâmites para o embarque do carro no Brasil

                O trecho entre Belém e Manaus foi feito por hidrovia. Embarcamos o Jumbo numa espécie de balsa no porto de Belém e fomos buscá-lo em Manaus após sete dias. Durante esse período, ficamos em Belém e no dia que o Jumbo chegou em Manaus, nós fizemos esse trecho de avião, com umas milhas que estavam para expirar.
                Depois de ampla pesquisa realizada em Belém sobre o tramite para embarcar o Jumbo, acabamos fechando com a TLC Navegação. Tratamos com o Tomaz no telefone (91)8300-0593 ou 9206-8665. Ele foi o agente que contratamos. A empresa transportadora foi a Linave. Pesquisamos bastante pois o comum é colocar o carro numa carreta. Mas devido a altura, o Jumbo não poderia ir na carreta, teria que ir no chão, e nem todas as empresas conseguiam realizar o transporte dessa forma. Descobrimos também que diferente de informação obtida em SP, as balsas Belém/Manaus tem saída diária. Basta procurar. Saiba que a dificuldade para pessoa física  é maior. Por isso, é mais fácil contratar agentes.

Entregando o Jumbo para o Sr. Tomaz .

                Apesar do receio de ficar tanto tempo longe do nosso carrinho, deu tudo certo e ele chegou exatamente do jeitinho que foi. Para evitar furtos, tiramos tudo de dentro da cabine e guardamos no baú do Jumbo e ficamos com os objetos de maior valor (eletrônicos e equipamento fotográfico) e documentos.
                Para realizar esse trecho, você vai precisar:
- de um documento pessoal, tipo CNH, RG ou passaporte
- do documento do carro original
- pagar a taxa para o pessoal da transportadora (realizamos um DOC), no nosso caso, R$ 1800,00
                Eles farão uma vistoria no veículo para garantir que na retirada ele esteja da mesma forma que na entrega. Não esqueça de solicitar o recibo de pagamento para retirar o veículo em Manaus
                A pior parte foi retirar o Jumbo no porto de Manaus, pois o porto da Linave fica uns 20 km do centro. Demoramos uma hora e quinze chacoalhando num coletivo sem ar condicionado e com o motorista mais pancada que já vimos. Além de correr feito um doido, escutava música gospel no último volume. Juro, foi a experiência mais surreal da viagem até agora. Fora que ninguém sabia exatamente onde ficava o tal do porto.

O Jumbo com seus coleguinhas de viagem, já em Manaus

                Felizmente, conseguimos achar o tal do porto e encontramos o Jumbo pronto para continuar nossa aventura americana.
                Anote o nome de outras empresas que descobrimos que também fazem esse trecho:
Macamazon
Sanave
Rodofácil

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Belém do Pará

Passamos quase duas semanas em Belém do Pará. Essa pausa longa foi necessária pois foi nesse período que enviamos o Jumbo para Manaus de barco e optamos ficar em Belém ao invés de Manaus por não conhecer ainda a cidade e por não termos simpatizado com Manaus numa visita anterior. Decisão mais que acertada, pois adoramos ter passado esse longo período na cidade considerada o Portal da Amazônia.

Casa das 11 janelas

Não conseguimos dizer o que foi que mais gostamos em Belém. Se o fato da cidade ser muito preservada, com prédios públicos imponentes e cheia de praças arborizadas, com alamedas permeadas de altas mangueiras. Uma cidade grande mas fácil de se localizar, fácil de se movimentar principalmente de ônibus, com grande frota e muitas linhas de coletivo.
A culinária paraense deliciosa, peculiar, cheia de novos e fortes sabores também teve um grande peso na nossa admiração por Belém. Provamos tudo: maniçoba, tacacá, arroz paraense, pato no tucupi e o açaí, alimento que não falta na mesa do paraense. Eles comem de forma diferente da que estávamos acostumados no sudeste, processam puro e cada um faz a mistura que mais gosta. Gostamos mais do açaí paraense com açúcar, gelo e tapioca e comemos puro ou acompanhado de camarão. Bizarro? Não, delicioso!!! E o jambu, uma folha de sabor forte e levemente anestésica, utilizada em vários pratos regionais, como o tacacá, mas eles usam até em pizza. Um ótimo lugar para experimentar tudo isso é o Portinha (Rua Dr. Malcher, 464), uma lanchonete super exclusiva: além de ser minúscula, realmente uma portinha, abre somente de sexta a domingo, das 17 as 22 horas, se a comida não acabar antes.

Comemos um bom açai por preço justo no mercado Ver-o-Peso

E as frutas? Cupuaçu, pupunha, tucumã, pitomba, murici, bacuri, buriti, acerola, taperebá, graviola e tantas outras deliciosas, cheirosas e lindas além dos nomes super sonoros.
Frutas diferentes

Onde encontrar tudo isso? No Ver-o-peso, o mercado ao ar livre mais famoso e completo da região. Além de comida, você encontra artesanato marajoara e ervas. O povo do Pará tem uma erva para cada mal, uma coisa de louco! São milhares de plantas e raízes perfumadas com diferentes funções. Compramos além do óleo de copaíba e andiroba, uma mistura de ervas para a passagem de ano, que usamos para tomar banho nós e o Jumbo.
Farmácia natural

Ali perto, encontra-se o Estação das Docas, três armazéns do porto restaurados com restaurantes, bares, lojinhas e cinema. Comparamos com o Puerto Madero em Buenos Aires pelo charme e aproveitamento de um local antes degradado e hoje revitalizado. Pra ajudar, o ambiente é climatizado, ou seja, um oásis na quente e úmida Belém. Vá lá e para se refrescar mais ainda, tome um sorvete Cairu, o melhor sorvete da viagem até agora.

Estação das Docas

Não deixe de visitar as igrejas de Belém. A Basílica de Nazaré é ricamente decorada sem ostentação. Ela é responsável pela organização do Círio de Nazaré, uma das mais fortes manifestações religiosas do Brasil que acontece em outubro.
Basílica de Nazaré

Outra igreja que merece uma visita é a Catedral da Sé. Localizada na praça homônima que ainda tem outros pontos turísticos: a Casa das Onze Janelas, o Forte do Presépio e o Museu de Arte Sacra.

Quer passear e curtir a natureza? Vá ao Parque Emilio Goeldi (Rua Magalhães Barata, 376, de 3ª a domingo, das 9 as 17 horas, R$2,00 por pessoa), um parque zoobotânico incrustado no meio da cidade. São muitas espécies de árvores e plantas amazônicas nesse pequeno espaço. Novamente, ficamos impressionados com o tamanho das árvores. Gigantescas! Bom para se visitar com crianças pequenas pois possui animais, como onças pintadas e macacos.
No Emilio Goeldi

Outro lugar onde é possível contemplar a natureza é o Mangal das Garças na beira do Rio Guamá. Entre seus atrativos, um mirante para contemplar a bela paisagem.
Mangal das Garças

Em nossas andanças, descobrimos o Mercado São Braz, com muitos produtos regionais e lanchonetes. Achamos mais limpinho que o Ver-o -peso e comemos duas vezes por lá. O destaque ficou pela cooperativa de artesanato regional, com preços bem em conta e atendimento dos próprios artesãos.
Mercado São Braz

Não podíamos deixar de falar do carimbó, a dança de roda típica do Pará. Pudemos participar de uma ver uma apresentação, existe uma com horário marcado: vá a Praça da República no domingo por volta das 11 horas e se informe próximo às bancas que vendem instrumentos musicais.
Ficamos satisfeitos pela nossa escolha de passar esses 12 dias em Belém. Gostamos muito dessa cidade vibrante, com tantas referências amazônicas.

Não perca o sorvete de carimbó, da Cairu


Dicas
- dividimos nossa hospedagem em duas, para ter duas experiências distintas. Ficamos no hotel Formule 1 e depois no Amazonia Hostel. Ambos econômicos e bem localizados, mas completamente diferentes: no hostel você tem uma socialização com outros hóspedes e no hotel uma infraestrutura maior, com banheiros privativos sempre com água e quartos padronizados.
- como fomos no inverno, choveu todas as tardes em Belém. Geralmente, nem guarda chuva segura, pois era muito forte. O negócio era se abrigar e esperar a chuva passar, o que não demorava muito.

- nós caminhamos muito pela cidade e em nenhum momento nos sentimosinseguros. Mas todos os locais nos alertaram a não caminhar sozinhos, principalmente a noite, em determinados lugares.
- descobrimos uma rua com vários barzinhos com música ao vivo onde os locais fazem happy hour: a travessa Almirante Wandenkolk. Quem quiser balada, vá ao escondido Mormaço, que fica num píer na beira do rio Guamá
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