sábado, 28 de abril de 2012

Upgrade do Jumbo

O Jumbo de hoje não é o mesmo que saiu de Santos seis meses atrás. Ele foi passando por melhorias e adaptações durante a viagem, principalmente após nossa chegada aos Estados Unidos. Aproveitando os preços mais em conta nos EUA, compramos um banheiro químico, um microondas além de dois aquecedores, um a gás e outro elétrico. 
O banheiro químico (porta potti) está sendo muito útil. Fácil de usar e de limpar, nosso 'super penico' nos deu muita autonomia. Principalmente por causa dele, conseguimos agora dormir tranquilamente no carro em ruas, estacionamentos e paradas para descanso.
Vocês não tem ideia de como nossa vida melhorou!

Com chuva ou frio fica muito difícil cozinhar no nosso fogão externo. Mas com o microondas, conseguimos preparar um bom café da manhã (com ovo, salsicha, mingau, chá e café!), lanches e jantas dentro do Jumbo. Lógico que as receitas gourmets estão de lado por um tempo, mas temos nos alimentado até que bem com miojo (ainda temos alguns do Brasil), comida congelada e comida pronta em lata. 

Fast food

O micro nasceu para esse espacinho!






O aquecedor elétrico usamos sempre que estamos conectados na energia, normalmente em campings; já o a gás, usamos quando não estamos conectados. Graças a eles conseguimos dormir confortavelmente dentro do Jumbo. E olha que ainda não precisamos deixá-lo ligado a noite toda. Apenas para aquecer o ambiente e depois desligamos. 

Conforto térmico

Essas melhorias foram realizadas visando nosso conforto quando dormimos dentro do carro nas baixas temperaturas que estamos enfrentando nos EUA e no Canadá. Mas o jumbo também precisou de algumas adaptações. A primeira coisa foi 'converter' o hodômetro de km/h para milhas/hora, pois os EUA usam o sistema de unidades inglês. Nossa solução ficou meio 'nas coxas', mas resolveu o problema. Em seguida, tivemos que preparar o jumbo pro frio. 
Marcações em vermelho são milhas por hora

Esvaziamos nosso tanque de água pra não estragar a bomba e trocamos a tela do teto, de mosquiteiro para tecido impermeável. Assim, estamos protegidos contra vento e frio. Também aproveitamos pra colocar uma cortina por fora da janela, pois só com a cortina interna estava entrando água com qualquer chuva. 

Em movimento, a cortina fica enrol


Colocamos anti congelante na água do limpador de parabrisa e também trocamos o fluido do radiador. Apesar do original da Hilux já ser anticongelante, aumentamos a proporção de etileno glicol de 50% pra 70%, melhor para enfrentar o frio que pegaremos. Outro detalhe importante foi comprar um raspador pro gelo/neve do párabrisas. Além disso, aproveitamos pra fazer uma revisão geral e trocar óleo e filtros. 






O uso de correntes nos pneus em situações de muita neve ou gelo na pista é obrigatório em muitos estados, mesmo com o 4x4 e pneus para neve. Pensávamos que iríamos precisar delas apenas no Alasca. Mas passamos um sufoquinho no Yosemite National Park, pois na noite em que chegamos, as correntes eram obrigatórias, já que estava nevando e muito! Por sorte no dia seguinte parou de nevar e só com os pneus pra neve e o 4x4 conseguimos entrar. No final acabamos ganhando as nossas correntes de amigos em Vancouver. Um presentão que esperamos retribuir um dia. 

Correntes para neve

Dessa forma, o Jumbo está pronto para enfrentar o frio do Alasca de uma forma segura e confortável.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Impressões do Alasca

Sei que muita gente está curiosa em saber quais as impressões que estamos tendo do Alasca. Essa terra gelada tem nos surpreendido um bocado.

Que lugar lindo!

Chegamos aqui na metade de abril. Quase um mês de primavera. Mas a primavera aqui está sendo bem diferente da nossa expectativa. Muita neve, muito frio e nenhum urso. Pelo menos por enquanto. Além disso, a temporada se inicia no final de maio e vai até setembro. Isso significa campings, centros de visitantes e alguns restaurantes fechados e muitos passeios impossíveis de serem feitos, com tanta neve pelas trilhas.

Atrás dessa neve toda existe um camping

Nossa opção em vir nessa época do ano foi para tentar encontrar a aurora boreal. Não foi tão fácil, mas conseguimos avistá-la da estrada, a caminho de Fairbanks, de madraguda. Foi emocionante ver a dança de luz no céu, mesmo com baixa intensidade. Para quem mora aqui, ver auroras não é nada de outro mundo.

O universo nos presenteou com show de luzes

Comprovamos isso no dia da nossa visita a escola elementary de Valdez. Os desenhos das crianças eram precisos: ao invés do sol, lindas auroras enfeitavam o desenho da molecada. Sábio Vygotsky ao constatar a influência do meio no aprendizado. 

Desenho dos alunos

Por sinal, essa experiência na escola foi encantandora. O convite surgiu num supermercado em Valdez, da professora de música da Elementary School, Leslie. Pediu que fossemos a escola ensinar alguma música infantil brasileira para a criançada. No final, não ensinamos música alguma, pois as crianças se animaram com o carro e com nossa aventura, fazendo mil perguntas. Do tipo por que saimos de nossa cidade com areia para ir até o Alasca, como construimos o carro, quantas escolas existem na nossa cidade e se as crianças precisam usar uniforme! Para o Mauro foi ótimo encontrar ouvintes tão curiosos e para mim, foi um jeito de matar saudades da energia boa que as crianças passam quando descobrem algo novo.

Aula de geografia

Mais ou menos a mesma energia que estamos sentindo em estar aqui, nessa terra gelada. Aqui é muito mais bonito do que imaginávamos. Sempre no horizonte, cadeias de montanhas escarpadas e neve, muita neve. Mesmo não sendo verão, o dia já é muito longo. O sol se põe às 21:40, mas só escurece por volta da meia noite. E as 3 da madrugada, começa a clarear. Uma doideira para moradores de um país tropical!
Apesar do frio intenso, o Alasca tem uma fauna riquíssima. Mesmo nesse período quando muitos ainda estão hibernando, já avistamos carneiros, alces, caribus, águias, cisnes. Ouvimos durante a noite o uivo dos lobos e o canto das corujas.

Águia

Percebemos que a população mantém hábitos de caça e pesca, muito comuns por aqui. Alguns moradores costumam comer apenas carne de caça e pesca (alce e caribu, salmão e halibut principalmente). Aparentemente, os moradores do pólo norte vivem mais em sintonia com a natureza, vivendo do que o ambiente lhes oferece. Decobrimos que os inuites que vivem em comunidades isoladas continuam com hábitos alimentares ancestrais: dieta baseada em carnes e gorduras animais. E mesmo com essa dieta exclusivamente carnívora, eles têm bons indíces de vitamina C. Nós não estamos passando por comunidades isoladas, estamos passando pelas grandes cidades do Alasca, com supermercados, cadeias de alimentação entre outras facilidades. Foi justamente isso que chamou nossa atenção: apesar disso tudo, eles são bem menos urbanos que nós.

Cachoeira congelada

Nossa experiência gastronômica por aqui está caminhando. Já experimentamos e aprovamos o peixe sensação do Alasca, o halibut. Primo distante do linguado, é muito maior e mais fibroso. Preparamos o famoso salmão selvagem, mais vermelho, com textura mais firme e gosto muito mais acentuado que os salmões chilenos de cativeiro. Delicioso! E não aprovamos o peixe gato, experimentado num restaurante regional. No verão, parece ser comum a coleta de berries, junto com o salmão, um dos alimentos preferidos dos espertos ursos, mas por enquanto, nada delas por aqui.

Salmão selvagem

Além da caça e pesca, os locais aproveitam para se divertir com o que eles têm em mais abundância: neve. Os esportes são esquis, snowboard e snowmobile, aproveitando o que de melhor seu ambiente oferece. As pistas estão por todos os lados. Infelizmente, essa não é nossa praia.

Snowmobile

Estamos nos acostumando com essa parte gelada do planeta, tão diferente de tudo que já havíamos vivenciado. Ainda temos mais alguns dias por aqui. Sinto que apesar do frio intenso, sentiremos falta do Alasca!

Iupi!

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Chegamos ao Alasca

16 de abril de 2012
O Alasca já foi conquistado pelo Anima!
Chegamos em terras geladas aos dezesseis de abril de dois mil e doze!!! Com saúde, felizes e tendo feito até o momento uma viagem segura.

Nossa chegada ao Alasca!

Junto com nosso carro/camper, o Jumbo, percorremos mais de 30.000 km em quase seis meses de viagem. Conhecemos muitos lugares e pessoas, aprendemos muita coisa nova e estamos desenvolvendo outras aptidões antes adormecidas. Tem sido uma experiência e tanto!
Temos aprendido a nos resignar com o que não podemos mudar e buscado alternativas para aquilo que pode ser melhorado. Um exemplo? O clima. Não podemos mudar o clima. Podemos buscar alternativas na rota para tentar evitar chuvas mas mesmo assim, passamos umas duas semanas pegando muita chuva e frio. Paciência.

Nem tudo é do jeito que a gente quer!

Criatividade tem sido a plavra chave: não tem água para lavar louça, derrete neve; os campings estão fechados, dorme-se na estrada. E por aí vai...
Aprendemos a respeitar mais os fenômenos da natureza, a perceber as mudanças sutis da Mãe-Terra que refletem em como o homem vive. Mudanças que são notadas a cada curva na estrada.


Praia de Jericoacoara/Oceano Atlântico
Praia em Vancouver/Oceano Pacífico





E por isso somos categóricos: viajar de carro nada tem a ver com viajar de avião. Lógico que para longas distâncias e pouco tempo, o avião é uma mão na roda. Te leva rapidinho ao seu objetivo. Já viajar de carro ou moto, transformam o percurso tão interessante quanto o objetivo. Pode-se observar as mudanças de vegetação, clima, terreno e fauna. Pontua-se as mudanças nas características físicas e comportamentais dos povos, através da observação das pessoas e de como elas ocupam o espaço. E principalmente, como a vida das pessoas está intrinsicamente ligada ao espaço onde elas vivem.

Tapadores de buracos em estrada do Piauí

Nesse período de tempo passamos por florestas de mata atlântica e amazônica, dunas, desertos, mangues, praias, savanas e já vimos um pouquinho de tundra. Vimos os maranhenses vivendo em total simbiose com as marés, observamos escolas no meio da floresta amazônica cujo o único meio de transporte possível para professores e alunos é o barco, vivenciamos o sonho louco que é manter uma cidade como Las Vegas no meio do deserto.
Unidade escolar próximo à Belém do Pará

Constatamos que os Estados Unidos é muito mais mexicano do que ele gostaria, nos divertimos ouvindo muita salsa em todos os lugares da Colômbia, vivenciamos o controle da vida cotidiana dos cidadãos venezuelanos. 
Provamos de tudo um pouco: tambaqui, bacuri, açai, pato no tucupi, mesmo que isso tudo resultasse numa bela ameba, já sobre controle graças ao nosso médico de plantão em Santos. Descobrimos que camarão bem preparado se come em qualquer fast food dos EUA e que suco de fruta natural não é exclusividade do Brasil, nossa Colômbia querida tem mais variedade e praticamente não conhece a palavra polpa.

Fruta e simpatia não é só na Bahia

Dessa forma, com todas essas experiências e vivências, o tempo parece ter passado de uma forma diferente agora que estamos na estrada. Com tantas novidades diárias, temos a impressão de que estamos fora da nossa rotina passada há mais tempo. É muita informação sendo absorvida em tão pouco tempo.
Temos mais um tempo na estrada, pelo menos mais seis meses. Muito por descobrir ainda na nossa alma, nas Américas e no mundo!



quarta-feira, 11 de abril de 2012

Grand Canyon National Park

Dificil escrever sobre o destino turístico de 5 milhões de pessoas por ano. Um destino amplamente divulgado, o Grand Canyon é assim: antes de ter estado lá, suas paisagens parecem velhas conhecidas. Mas a primeira reação ao ver o imenso canyon que se ergue no horizonte é a mesma: UAU!


Contemplando o belo

Resumindo, o Grand Canyon é uma gigantesca garganta sinuosa e profunda cavada por um curso de água (ajuda do dicionário Aurélio). O tal curso de água é o Rio Colorado que durante milhares e milhares de anos desenhou as formas que hoje milhares e milhares de pessoas não se cansam de olhar. Com tanta história sobre rochas, o Grand Canyon é o paraíso dos geólogos. Mas para pessoas comuns como nós, também é bastante interessante, principalmente depois de assistir ao filme no Centro de Visitantes.


Por do sol disputado

No parque, muitos mirantes deixam o turista doido. Com tanta paisagem linda e profunda, os cliques das  cameras digitais não param. É o que carinhosamente chamo de dedinhos nervosos. A vontade de captar toda aquela imensidão, o tempo todo. Mas nenhuma foto, nenhuma, consegue captar o que tanto deslumbrou os olhos.
Olha lá o Rio Colorado

No Grand Canyon tem programa para todo mundo: dos mais aventureiros que desejam fazer rafting nas águas do Colorado até os senhorzinhos de cadeiras de rodas e bebês de colo. Muitas trilhas são acessíveis a todos, o que ajuda a tornar o parque tão visitado.
Mas se você for aventureiro de verdade e quiser fazer trilhas mais puxadas, também tem opções. Além do rafting, existem três trilhas longas e difíceis: a South Kaibab, a Bright Angel e a Hermit Trail. Existe a opção de fazer apenas um trecho delas, que dura meio dia e tem uma altimetria mais suave.Nós fizemos um trecho da South Kaibab e gostamos bastante do que vimos.


Mesmo sendo fácil, a trilha do South Kaibab desce bem nesse primeiro trecho

Também fizemos vários mirantes espalhados pelo parque. Na nossa opinião, os melhores foram o Hopi Point (para o pôr do sol) e o Lipan Point (para se ver o rio Colorado), no Desert View. Outra trilha que foi bem bacana foi a Trail of Time, com exemplares de rochas de até bilhões de anos.
Para quem quer menos muvuca e mais sossego, o North Rim é menos turístico, mesmo porque o inverno desse lado é mais rigoroso. Caso seja essa a intenção, verifique as condições no www.nps.gov
Não quer congestionamento nas trilhas? Vai para o North Rim!

O Grand Canyon é um ícone para os estadunidenses. E apesar deles terem o costume de exaltarem seu patrimônio natural mais do que necessário, esse parque oferece exatamente o que o visitante quer: belas imagens para sua retina e seu porta retrato!
Dicas:
  • Por ser o parque mais visitado, o Grand Canyon oferece a melhor infraestrutura que vimos nos parques nacionais estadunidenses. Tem diversas opções de hospedagem, como chalés, lodges e campings. O Mather Campground está aberto o ano inteiro, mas não tem tomadas. O trailer Village (onde ficamos) tem tomada, banheiros e mesas. Os outros campings são abertos apenas na alta estação. O Grand Canyon Village ainda conta com supermercado, lanchonetes e até correio! Num espaço chamado Camper Services existem chuveiros e lavanderia e fica próximo ao Mather Campground.
  • Dei umas dicas gerais nesse post, mas quero reinterar a dica do mapa e jornal; absolutamente indispensável num parque do porte do Grang Canyon consulte as informações desses veículos e sempre que tiver alguma dúvida, procure o centro de visitantes.
  • O Grand Canyon é um parque para se apreciar paisagens. Até tem algumas trilhas mais fortes, mas essa não é sua maior vocação.
  • Caso sua intenção seja realizar uma trilha difícil, saiba que existem riscos de morte, principalmente no verão. A principal causa é a desidratação e o esforço na subida. Tenha em mente que tudo que descer, terá que subir depois. Por isso, nossa sugestão é que você faça essas trilhas em três dias, para não se cansar demais e ter algum problema mais sério.
Acredite nas placas!

  • Nós ficamos três dias/duas noites. E não fizemos nenhuma trilha longa, a maior foi a South Kaibab mesmo. Para nós, foi mais que suficiente.
  • Muitos pontos são acessíveis apenas pelos Shuttle buses gratuitos, que circulam pelo parque. Horários e rotas estão no jornalzinho.
  • Enjoy! Esse parque merece ser curtido pois as paisagens são profundas e levam a várias reflexões. Para nós, a principal foi que a vida é breve. Principalmente comparada com a idade do canyon e das pedras expostas no Trail of Time. 
Essa é uma das pedras com mais idade

terça-feira, 10 de abril de 2012

Petrified Forest National Park

O Petrified Forest é famoso por concentrar e conservar uma enorme quantidade de madeira petrificada. Mas além dessas rochas diferentes, você vai encontrar muitos mirantes para o deserto do Arizona. Por isso, o ideal é que esse percurso seja feito de carro.

Mirante no Painted Desert

Entramos pela estrada principal vindos de Gallup, a interestadual 40. Logo na entrada, no centro de visitantes, assistimos a um filme explicativo de como se originaram essas madeiras de rocha. Recomendamos pois saber como foi o processo para a petrificação da árvore faz com que olhemos de outra forma para aquele monte de toco de pedra.

Madeira fossilizada

Olhando de longe, não percebemos os detalhes e cores dessas curiosas pedras. Portanto, se aproxime e toque, observe as cores pois elas representam diferentes rochas (como jaspen). Em muitas lojas vimos pedaços de madeira petrificada polida, o que dá outro aspecto para a rocha, muito mais requintado.

Que beleza de cores!

No setor do parque chamado Puerto Pueblo, existem gravuras em rocha de povos que habitaram a região nos tempos de outrora. Foi curioso pois queríamos comparar nossa experiência na Serra da Capivara. Para resumir, tem algumas formas interessantes mas não vá com muita expectativa.

Algumas gravuras nas pedras (leve um binóculo ou uma boa lente )

Dicas:
Nosso camping

  • Nem pense em pegar um pedacinho da madeira petrificada dentro do parque para levar de recordação. É absolutamente proibido! Se quiser, lojas dentro e fora do parque vendem essas pedras em estado bruto e polido.
  • É possível fazer esse parque em meio dia, com tranquilidade.
  • Não tem área de camping dentro do parque. Nós acampamos numa área com energia próxima a Crystal Forest Gift Shop Campground, de graça, na saída do parque em direção a Holbrook. Banheiro somente enquanto a loja estava aberta. 

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Introdução as Parques Nacionais dos Estados Unidos

Não tínhamos ideia que um pedaço tão grande dos EUA era deserto. Começamos a perceber uma grande mudança de vegetação a partir do Novo México. Pouca ou nenhuma planta, muita pedra, clima seco e árido. Essa paisagem nos acompanhou no Arizona, em Utah, em Nevada e num trecho da Califórnia, antes de chegarmos a Los Angeles. Dos poucos rios, o mais importante de longe, é o Colorado, que fica praticamente inacessível, no fundo dos canyons. Na verdade, acessível para a galera que curte rafting, mas para irrigação, é bem difícil. Ainda bem que os EUA conseguiram aproveitar as belas paisagens de canyons e explorar o turismo, pois caso contrário, a maioria dessas terras não teria muita utilidade, além de teste de armamentos.
As estradas são quase sempre assim

Ao todo, visitamos seis parques nacionais em Utah e no Arizona. Parecidos e completamente diferentes, valeu a pena conhecer todos esses parques, pois 
pudemos comparar a estrutura deles, além de comparar com a estrutura dos parques brasileiros. Além disso, a beleza do deserto é muito diferente do que estamos acostumados. Os canyons são profundos, um belo convite à meditação. Seguem algumas dicas gerais:


Profundo

- todos os parques nacionais entregam na portaria um mapa e um jornal explicativo sobre o parque. Consulte-os pois eles têm dicas maravilhosas, como dificuldade e duração das trilhas, onde tem banheiros e água potável, entre outras informações. Além disso, passe no Centro de Visitantes, pois eles têm mais informações para te oferecer, além de vídeos do parque, livros. Dai a primeira grande diferença para o Brasil: muitas vezes os parques mal são demarcados, quanto mais mapas, placas, jornais informativos?
- as trilhas são sinalizadas, explicativas e bem marcadas. Quando quiser fazer alguma coisa diferente da maioria, são fornecidas autorizações especiais, emitidas dentro do próprio parque. Você é responsável por você mesmo. Nada de ficar pagando guia para te levar em determinado lugar. Essa ideia de guia é muito forte em países em desenvolvimento, pois geram empregos para locais. Adoramos esse esquema, pois gostamos de ter liberdade para escolher nosso programa, de caminhar no nosso ritmo, parar quando e onde queremos sem ninguém falando na nossa orelha.


Livres, mas sabendo dos riscos

- Alguns parques têm estruturas de lanchonetes, banheiros e outras facilidades melhor que outros. Em alguns, é possível acampar em trailer, outros atendem melhor barracas. Essas informações estão disponíveis na internet (nps.gov). Mas os detalhes acabamos pegando no parque mesmo, como por exemplo se tem tomadas ou chuveiros. Quando o parque não tem chuveiros, geralmente fora do parque, alguns estabelecimentos alugam o banheiro por um tempo para você tomar banho. E os parques te informam quais são esses lugares. Sem miguelice de informação!


Sonho de toda mulher: saber onde é o banheiro mais próximo

- água potável é disponibilizada gratuitamente na maioria dos parques para os visitantes. Existe uma política muito sábia de reduzir o consumo das garrafinhas plásticas, cada pessoa usando a sua trazida de casa. Além disso, nesse clima, é importante hidratar-se com frequência, pois há muitos casos de desidratação principalmente durante trilhas.

Água mineral disponibilizada gratuitamente



- siga as orientações das trilhas. Acredite no nível de dificuldade e avalie se realmente você conseguirá fazê-la. É legal ultrapassar limites, mas com cautela. Novamente, não brinque com a falta d’água. Utilize roupas adequadas, boné, protetor solar e caso esteja no inverno, leve sempre um agasalho.
Ui, fizemos essa trilha aí

- muitos parques têm atividades gratuitas orientadas ou alguma palestra com os guardas, ministradas em pontos previamente estabelecidos. Toda a programação consta no jornal e no centro de visitantes. Nós participamos de algumas e foi muito legal.


Lembra o Zé Colméia!

- toda essa estrutura tem um preço: de U$ 10 a U$25 por carro para até 4 pessoas. Dependendo de quantos parques pretende fazer, é melhor comprar um passe de validade de um ano para todos os parques nacionais por U$80.
- os parques sempre tem uma trilha possível de ser feita por cadeirantes, vimos muito vovô, vovó, netinhos e cachorros passeando alegres pelos caminhos. Ou seja, os parques são acessíveis e atendem necessidades especiais, não são exclusivos para grandes aventureiros. Mas para quem gosta de adrenalina, sempre existem trilhas mais fortes, mais puxadas, que testam os limites. Ou seja, tem para todos os gostos!


Não somos os únicos que curtem um pôr do sol no Grand Canyon

- aproveite muito! Os estadunidenses curtem bastante esse negócio de lazer ao ar livre, portanto é muito fácil encontrar ótimos lugares para fazer pic-nics, com mesinhas, banheiros próximos, área gramada, paisagem cênica. Passe num supermercado antes, prepare seus sanduiches e bebidas, leve uns cookies, umas frutas e economize uma grana, pois sempre dentro do parque a alimentação é mais cara. Só cuidado com o Zé Colméia, essa história de urso ladrão de comida é a mais pura verdade!


Lixeira anti urso

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