terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Parque Torres del Paine


            O Torres del Paine é um Parque Nacional, declarado Reserva da Biosfera pela Unesco em 1979. Consiste em um maciço de montanhas muito altas e por vezes inacessíveis, campos de gelo e lagos. O clima é ingrato: venta muito, chove sempre, foi bem difícil ter um dia de sol (tímido). Por isso, uma preparação prévia, com roupas adequadas (corta-vento, impermeáveis, botas previamente amaciadas, gorros e luvas), faz as caminhadas serem mais agradáveis.
No Paine mudamos um pouco nosso esquema autônomo e contratamos um grupo daqui do Brasil. Ficamos hospedados no Ecocamp e nosso pacote contava com algumas mordomias do tipo carregadores que levavam a bagagem e preparavam um lanche para a chegada aos pontos do passeio. Ou seja, fizemos as trilhas “leves”, carregando apenas uma mochila com roupas sobressalentes, lanche, água, protetor solar e máquina fotográfica.
            Nosso grupo foi formado por sete pessoas, nós dois brasileiros, um casal norte americano, um casal de holandeses e Peter, um geólogo britânico. Completava o grupo o guia Cristyan, um chileno muito simpático, que nos acompanhou em todas as trilhas.
Se quiser dar uma passadinha por Torres, aquelas excursões de um dia, você até vai conhecer algumas belezas do parque. Mas se realmente quiser explorar suas vísceras e enfrentar as montanhas, coloque suas pernas para funcionar e caminhe. Muito.
            Fizemos o circuito, começando do refúgio Las Torres e chegando ao Glaciar Grey no terceiro dia. Com um dia de descanso concluimos o W em quatro dias, indo do Ecocamp até as Torres. Total do circuito: 66 km bem trilhados.
O primeiro dia foi fácil, uma caminhada do Ecocamp até o refúgio Los Cuernos, permeando o lago Nordenskjold, onde pousamos.
O segundo dia foi bem puxado, andamos mais de 20km em 10h40m, numa trilha elevada no meio do vale do Francês. Ficamos mortos ao final do dia mas compensou pois do meio do vale tem-se uma vista de todas as principais montanhas do parque. De lá também tivemos a oportunidade de escutar várias avalanches que vão acontecendo nas montanhas ao nosso redor. Terminamos nossa caminhada no refúgio Pehoe.
O terceiro dia era para ser tranqüilo, parecido com o primeiro. Só que devido a uma inversão do clima, andamos o tempo inteiro com o vento contra. Muitas vezes tivemos que nos abaixar, procurando abrigo atrás de pedras. Essa situação fez aumentar muito o tempo para a conclusão da trilha, pois era um passo pra frente e dois pra trás com os empurrões do vento norte. No final, deu tudo certo e atravessamos o lago de barco, num passeio até o Glaciar Grey, um paredão de gelo de 30 metros de altura.

Por sinal, preferimos esse passeio ao Glaciar Perito Moreno. Por ser mais baixo que aquele, o barco chega mais perto. Além disso, a bordo, servem whisky ou pisco com pedrinhas de iceberg da geleira. O must!
Do outro lado do lago Grey, havia uma van que nos esperando para nos levar de volta ao Ecocamp. Tivemos um dia de descanso e nesse dia fizemos os passeios de “turista de um dia”: visita à sede do parque, Salto Grande, a Cascata Paine, a Laguna los Cisnes, a Laguna los Flamencos e o Mirador Condor.
Em vários lugares do parque, avistamos muitos guanacos, um mamífero que é da família das lhamas. Ficamos empolgados ao ver os primeiro. Depois vimos tantos, tantos, que até enjoamos deles, tadinhos! Mas é bom ter muitos guanacos. Dessa forma o maior predador deles, o puma, pôde se restabelecer na região.
Nosso quarto dia de trilha consistiu em ir até a base das Torres. Não foi fácil não. Logo no início, uma subida de 1 hora de duração nos deu idéia do que seria o caminho. Depois a caminhada ficou plana, passando por vales maravilhosos.

 Chegando ao acampamento chileno, outra subida, dessa vez só em pedras. Após mais uma hora de subida íngreme, chegamos a base das torres. A visão é espetacular, somente as torres, salpicadas de neve, com um lago embaixo. Lá em cima fazia um frio danado mas a paisagem merece ser apreciada e ficamos lá um tempão, fazendo pic-nic com os companheiros de caminhada. Um pic-nic não tão elaborado quanto o de um grupo de italianos, que carregou em suas mochilas queijo, pão e ...uma garrafa de vinho!

De todas as montanhas por nós admiradas na Patagônia, as do Torres Del Paine foram as mais enigmáticas. Parece que o vento traz os desafios propostos por elas, do tipo, vai encarar? Elas são misteriosas e imponentes. Talvez por esse motivo ficamos tão encantados pelo parque. Ter passado seis dias contemplando essas paisagens e caminhando por suas trilhas nos conectou para sempre com esse pedacinho do Chile.

            Vale ressaltar: o parque é bem organizado. Suas trilhas são bem demarcadas e movimentadas por pessoas do mundo inteiro. Tem ótimos refúgios para pousar e vários espaços para camping. Não é necessário guia mas ele é um adicional interessante numa primeira visita.

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