quinta-feira, 6 de junho de 2013

Terra do Fogo

Chegamos!

USHUAIA, finalmente, nosso destino sul da viagem.
Essa cidade argentina que dizem ser a mais austral do mundo (posição disputada porque Porto Williams, do lado chileno fica um pouco mais ao sul), era nosso objetivo sul a ser atingido de carro. E podemos dizer: Yes baby, we did it!
Ushuaia fica numa ilha, a Tierra del Fuego. Para chegar nela, temos que atravessar o Estreito de Magalhães. É, aquele mesmo que a gente aprende na escola e fica tão, tão distante, onde o vento faz a curva. Parece coisa de aventureiro!!!

Pinguins de Magalhães no canal de Magalhães

Pra quem está vindo de carro, a Terra do Fogo continua com as mesmas características da patagônia: grandes espaços abertos e amarelados, muito vento, os mesmos animais (na verdade, sentimos falta dos ñandus, não vimos nenhum por lá). Cidades (cidades?) minúsculas e pouca densidade humana. Compensada na densidade de ovelhas, a perder de vista. O que esperar de um lugar assim?
Jumbo na orla de Ushuaia

A presença da natureza, algo que ainda parece intocado. Sentir-se parte daquilo e não superior aquilo. Uma tranquilidade enorme. Sensações parecidas com a que tivemos no Alaska.
A lenga vestida de outono

Bom, impossível chegar e ir embora. Depois de tantos meses rodando de carro, decidimos descansar um pouco em Ushuaia e apreciar toda a beleza do canal de Beagle. Sabemos que essa paisagem é única e vai demorar muito tempo para vê-la novamente.

Beagle

Passeios mesmo, fizemos poucos. Existe um famoso tour de barco para se avistar animais mas acabamos passando a oportunidade.
Visitamos o Parque Nacional Tierra del Fuego, onde acaba a estrada Ruta 3. O parque conta com trilhas pelos bosques de lenga e guindo. Importante ressaltar: a geografia da área de Ushuaia é bem diferente da planície interminável na Patagônia e no resto da ilha. Para se chegar à cidade, temos que cruzar uma cadeia de montanhas e com isso a região tem mais árvores e menos vento do que nas outras partes.
O parque é bonito mas nada muito diferente das montanhas da estrada. É mais um marco, tirar uma foto na placa indicando o fim da estrada é bem legal!

Distante do Alaska

Também subimos num mirante da cidade para o Beagle caminhando montanha acima do camping onde ficamos. Um bom esforço benefício. 
Existe ainda o glaciar Martial, que pode-se chegar caminhando. A moça da informações turísticas não se empolgou muito ao descrever o passeio, disse que o glaciar é bem pequeno mas a vista é incrível. Pois bem, ficamos com a vista do mirante do camping mesmo, que é a mesma, só mais baixa.
Vista privilegiada do mirante

Agora, lindo, lindo, lindo é que estávamos no outono a estação do ano que pinta as árvores das mais belas cores. Amarelo, vermelho, laranja, marom e verde, todas essas cores víamos juntas nas lengas. Natureza vestida de outono para nos receber.
Serrinha para se chegar a Ushuaia

Estava frio. Pegamos zero graus todas as noites. Mas nós estamos preparados. Temos roupas térmicas e nosso aquecedorzinho elétrico para garantir nosso conforto.
Aproveitamos bastante para comer frutos do mar na única cidade argentina onde a carne não era sensação. Comemos muito peixe, destaque para a merluza negra, da região. E também as gigantes e suculentas centollas. Hummm.
Ushuaia missão cumprida. Agora é só reunir coragem para voltar já as estradas do sul são monótonas demais. Ô dureza!
Árvores no meio do estepe causam muita emoção

Mas a Terra do Fogo não é só Ushuaia. Um dos melhores passeios que fizemos na viagem foi a observação de pinguins rei na Bahia inútil do lado chileno. Descobrimos esse programa absolutamente sem querer enquanto pesquisávamos sobre os pinguins de Magalhães na Seno Otway. Chateados que os pinguins já tinham deixado a pinguineira, encontramos essa informação na internet, meio perdida e foi um verdadeiro achado!
Esse é o canal por onde os pinguins chegam a Bahia Inutil

Confirmamos a informação na aduana chilena e foi o incentivo necessário para enfrentar mais quilômetros de estradas de ripio no meio do nada para ver os tais pinguins. E recomendamos para todos que estejam fazendo essa viagem. É demais!

O filhote peludinho está bem no meio

Talvez você não esteja entendendo nosso auê diante desses pinguins, vou explicar melhor: esses animais têm como principal habitat a Antártida e se instalaram na Bahia Inútil um grupo de aproximadamente 30 pinguins há três anos. Ou seja, é recente que os pinguins estão nesse local. E é o único grupo deles na América. Por isso a pouca divulgação!

A senhora que nos atendeu nos explicou que o local ainda não pode ser considerado uma colônia, para isso eles precisam de três gerações de filhotes. E eles estão na primeira!
Bom, demos uma sorte enorme. Primeiro que encontramos o local. Segundo, que nos deixaram entrar apesar do parque estar “fechado” naquele dia da semana (segunda-feira). E terceiro que foram super simpáticos com a gente, nos mostraram até onde podíamos andar para observar os pinguins e foram embora, nos deixaram a chave e tudo!
Dormimos na porta do parque, ouvindo o barulhinho deles. Diz se não é fantástico!
Os pinguins vivem numa ilhazinha perto da estrada e saem por um canal algumas milhas adentro no mar para caçar pequenos peixes mas principalmente, lulas e outros moluscos. Ficamos encantados com eles e mais ainda, de poder admirá-los em seu habitat natural.
Segundo registros, havia uma colônia dessa espécie de pinguim na época da colonização. Mas eles abandonaram o local provavelmente com o ataque dos homens. Hoje, eles estão retornando.
Foi demais!!!

Hora de voltar. Hora de deixar todos esses animais e paisagens para trás. Deixar para trás as noites dormidas embalados pelos sons dos bichos, ondas do mar e murmurar do vento. Temos um longo caminho pela frente. Os lugares por onde passamos ficarão onde estão. Outros tantos irão conhecer e se encantar também. Mas as histórias vão com a gente. E a sensação de que a vida é muito boa de ser vivida e merece ser aproveitada em sua plenitude!

Informações úteis:

- Parque Pinguino Rey: Bahia Inútil, Tierra del Fuego - Chile; Ruta Y-85 Km 14 . Custa 12.000 pesos chilenos por pessoa. É recomendável usar roupas corta vento e quentes. Se tiver um binóculo, ajuda. Segundas feiras está fechado. Maiores informações no site www.pinguinorey.com
Nossa placa no Camping Hain
- Para atravessar o Estreito de Magalhães, existe uma balsa que atravessa com certa frequência do continente para a Terra do Fogo e vice-versa. Essa balsa custa P$14.000 por carro e demora uns 20 minutos.
- Como eu disse, a Terra do Fogo está dividida entre Chile e Argentina. Tem fronteira e aduana para fazer que são centralizadas e tranquilas, já que brasileiros com carro do Brasil precisam apresentar apenas o RG ou passaporte e documento do carro. 
- Retornando de Ushuaia, paramos uma noite na cidade de Tolhuin, num camping cheio de arte em frente ao lago Fagnano (Camping Hain). Os viajantes são convidados a deixarem sua marca confeccionando uma placa reutilizando materiais. Nós fizemos a nossa! Quando você for lá, dá uma olhadinha!

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