terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Serra da Capivara

                Conhecer o Parque Nacional da Serra da Capivara não é para qualquer um não. O calor e a dificuldade de se obter informações é muito grande e é preciso persistência e bastante paciência para descobrir esse tesouro escondido no sertão do Piauí.

Buraqueira na estrada.
                Começando com o acesso, a mais de 300km de Petrolina (PE) e 500km de Teresina (PI). A estrada está sendo reconstruída e além da distância, trechos de asfalto no meio de buracos  fazem sua viagem ser mais longa.   Além disso, apesar de ser obrigatória a entrada no parque com guias cadastrados, não existe nenhuma central de guias na cidade nem uma pessoa disponível na entrada que possa te guiar. Se você chegar desprevenido, não entra. O problema é seu, simples assim.
                Com essa postura, percebemos que o foco do parque não são os viajantes autônomos como nós. São os grupos de excursão, pequenos e regionais, nada de CVC. Por que? Porque o guia custa R$ 75 a diária para um grupo de 8 pessoas. Mas é praticamente impossível formar um grupo na hora. O turista tem que organizar seu grupo antes pois eles dificultam o máximo a formação de grupos, para ocupar mais guias. Outro fato: gostaríamos de ter feito uma visita a noite. Não conseguimos, pois além de pagar o guia, é preciso pagar uma taxa de R$ 50,00 para um grupo de até 20 pessoas. Pedimos informação se haveria mais algum grupo interessado. A resposta foi: “o grupo de vocês é de dois, não podem juntar grupos”. Sério, ficamos sem entender nada. Como assim? É proibido juntar grupos?

Desenhos ricos em ações humanas.
                
                O Parque Nacional da Serra da Capivara foi criado com o objetivo de preservar sítios arqueológicos que comprovam a existência do homem primitivo nesse ponto do continente. Alguns indícios da presença humana ainda são controversos, como a fogueira datada de mais de 60.000 anos. São indícios importantes, que estão sendo devidamente estudados pois coloca por terra a teoria de ocupação das Américas pelo estreito de Bering.
                Polêmicas a parte, indiscutível é a presença humana pré-histórica nessa parte do Brasil. O número de sítios arqueológicos do parque ultrapassa os mil, a maioria com pinturas rupestres. Pinturas que retratam a vida desses humanos há quase 10000 anos atrás. Um verdadeiro museu a céu aberto!

Olhando o simbolo do parque.
                
                As pinturas se concentram nas tocas, os abrigos dos homens daquela época e representam a caça, os animais, o sexo e alguns rituais. O que mais impressiona na visita ao parque é a concentração dessas pinturas em tão pouco espaço. Diferentemente da maioria dos visitantes do parque, fizemos um roteiro de dois dias e nas nossas caminhadas pudemos visitar 27 sítios. A grande maioria com uma exuberância de pinturas rupestres.
                Além de pinturas rupestres, o visitante pode ver a Pedra Furada, uma interessante erosão que causou um buraco no meio da rocha.
                As caminhadas pelo parque são um capítulo a parte. Muitas são pesadas, com subidas e descidas íngremes. Mas os mirantes compensam!!!

Lindo demais!

                O Parque Nacional fica perto da cidade de Coronel José Dias e acabamos ficando no Albergue Serra da Capivara (S 08⁰49,066' W 42⁰30,880''), onde a dona ,Girleide, nos recebeu muito bem e nos deu o que mais precisávamos no momento: informação. O Albergue é simples, mas os quartos possuem ar condicionado. Pagamos R$ 20 pp, sem as refeições. Pagas a parte, custam R$ 5 o café da manhão e R$ 10 o almoço ou jantar, por pessoa. Não vimos outro tipo de hospedagem nessa cidade, apenas um camping na entrada do parque que estava desativado.
                No local do albergue, funciona a Cerâmica Artesanal Serra da Capivara, que produz lindas peças reproduzindo os desenhos  encontrados no parque. Dia de semana, o visitante encontra a cerâmica a pleno vapor, com os oleiros confeccionando as peças e pode observar o trabalho dos artesãos.


                Há 30 km de distância, fica a cidade de São Raimundo Nonato. Nela o visitante encontra uma estrutura bem melhor, com mais opções de hospedagem, supermercados e lanches. Ficamos no Real Hotel (R$ 86,00 o casal com café da manhã, S 09⁰00,954' W 42⁰41,507''). Apesar do hotel dizer que tinha internet, ela não funcionou nenhum dia. Descobrimos que nem na lan house próximo ao hotel a internet funcionava direito. Um problema de distribuição na cidade.

Museu do Homem Americano
                
                 São Raimundo abriga o ótimo Museu do Homem Americano (R$10 a entrada). Auto explicativo, ele reúne muitos objetos encontrados nas escavações do parque. São pedras lascadas, colares e cerâmicas. Sem falar no crânio do homem de mais de 9 mil anos. Destaque para a apresentação das pinturas rupestres em grande tela e painel interativo onde você é o arqueólogo. Do lado de fora, a controversa fogueira tem seu espaço. Muito interessante!
                Mas não se esqueça, saiba que as dificuldades em se conhecer o parque são bem grandes e pense bem se está disposto a enfrentar a longa distância, o calor e a displicência de serviços do local antes de sair de casa.

2 comentários:

  1. Sentiram um tiquinho do interior do Piauí, hein? E olha que vcs estavam em uma cidade importante historicamente... :)

    beijos!

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  2. E lembramos de vc, Luizinho!
    A gente te entende bem!
    beijos!

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