quarta-feira, 15 de junho de 2011

Canais santistas

          Conhece aquela poesia “Canção do exílio” que diz “Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá?” Uma verdadeira ode as belezas naturais brasileiras. Lógico, com um pouquinho de exagero, exaltando as coisas que existem aqui e que não existem por lá, seja o lá onde for.

Que linda paisagem de Santos!

      Santista é meio assim, soberbo em relação a sua cidade. Só percebemos isso depois que falamos com algumas pessoas que ironicamente se dirigiam aos santistas como “povo simpático”. Já tínhamos percebido que santistas em geral gostam muito de onde moram e costumam ver só o lado positivo da cidade. Amam tanto essa ilha, que não enxergam o trânsito, os prédios altos, a pobreza. Apenas vêem o mar, o porto, a cidade plana.
      Somos santistas, de nascimento e de time, mas gostamos de nos sentir estrangeiros na nossa cidade, comparando nossa realidade com outras que já vivenciamos.
      Nossa expedição está causando grandes expectativas com relação a tudo. Vira e mexe nos pegamos a perguntar: será que vamos sentir falta da nossa comida? O que será que iremos comer no Peru, na Bolívia? Será que quando voltarmos o Orquidário vai estar pronto?*
      Mas tem uma coisa, dentre tantas outras coisas que sabemos que não encontraremos em muitos lugares. Garças no canal. Como assim?

Novos moradores
       Explico: os canais santistas não existem apenas para localização espacial de turistas e não turistas, que costumam perguntar “Perto de qual canal fica?”. Há anos atrás, um engenheiro sanitarista, Saturnino de Brito foi contratado para resolver o problema de habitação e higiene da cidade. A parte de Santos próxima à praia não podia ser habitada porque consistia em charcos e mangues. Além disso, doenças relacionadas à falta de saneamento básico matavam muita gente na região. Dessa forma, ele resolveu construir os canais (no total nove) para drenar a água e separar o esgoto da água potável. Construídos entre 1905 e 1927, os canais de Santos foram parte de um grande plano de saneamento que controlou epidemias e drenou as áreas alagadas, possibilitando o desenvolvimento do Porto e a expansão da cidade. Incorporados aos hábitos santistas, os canais são tombados pelo Patrimônio Histórico e fazem parte da nossa vida cotidiana.

Muito além de marcar distâncias nas corridas e caminhadas

       De uns anos para cá, um novo membro habita os canais santistas: garças que disputam com as crianças os peixinhos do canal. Saibam que aqui na nossa terra, quando a gente era criança uma das brincadeiras preferidas era pegar peixinhos no canal em latas (para as mães que desesperadas tentavam desinfetar com muito álcool seus satisfeitos pescadores...). Voltando as garças, elas enfeitam a paisagem e sempre chamam a atenção com sua elegância. E estão virando um símbolo da cidade.

       Quais serão as garças desse monte de cidades por onde iremos passar?

No canal 2 com a praia

 * Orquidário é um Parque Municipal zoobotânico localizado no bairro do José Menino, muito conhecido pelos santistas que aos finais de semana buscam nas sombras de suas árvores tranquilidade e contato com a natureza. Ótimo lugar para levar crianças, ler um livro ou apenas passear, ele está em reforma desde maio de 2009 e sua reinauguração está sendo sempre adiada.



Como é gostoso passear no Orquidário


Um comentário:

  1. Santos, que linda !!! Só fui 1 vez aí, gostaria de voltar. Sabe que é bom ter um ponto de referência? afinal, logo serão cidadãos do mundo, e ter um porto seguro pra chamar de seu será muito importante para dar energia e seguir adiante.
    Bjssssss
    Vivian
    AOS 30
    www.vvdavivian.blogspot.com

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