quinta-feira, 11 de abril de 2013

Sudoeste boliviano, nosso top 2!


Achamos que a cota de belezas da Bolivia havia se esgotado no salar. Ainda bem que estávamos enganados. A inacessibilidade do sudoeste boliviano preserva suas paisagens deslumbrantes e a rica fauna selvagem e acabou ocupando o segundo lugar nos top Anima da viagem.

Nosso roteiro foi de Uyuni até San Pedro do Atacama, no Chile. Nesse trecho passamos quatro inesquecíveis dias de silêncio, frio e belezas que tínhamos experimentado apenas no Alaska.
Saímos à tarde de Uyuni, logo depois de fazermos a excursão do Salar de Uyuni. Essa primeira noite, passamos num lindo mirante na estrada.

Vista do mirante hospedagem

Na manhã seguinte, saímos cedinho para tentar encontrar os grupos de excursão na Vila Alota às 8h.
Preferimos seguir um guia local para fazer o trecho do oeste da trilha que é bem mais complicado, porém mais bonito, que a estrada que vai direto à Laguna Colorada.
Passamos por três lindas lagoas (Chullucani, Pastos Grandes e Khara) onde vimos cores que não existiam na nossa palheta ainda, como tons de azul, verde, branco e vermelho. Esses desertos são uma maravilha para descobrir cores novas! Cada laguna é única mas de uma coisa você pode ter certeza: nessa época do ano (fevereiro) tem muitos flamingos posando para fotos.


Nossa última atração com o grupo foi a Árvore de Pedra, uma formação rochosa esquisita perto do Desierto de Siloli. Daí prá frente, continuamos sozinhos pois volta-se para a estrada principal e fica bem mais dificil se perder.

Árvore de Pedra

Chegamos ao Parque Nacional de Fauna Andina Eduardo Avaroa e pagamos a cara taxa de entrada (Bs150 ) para quatro dias de permanência, podendo realizar free campings mas sem nenhuma estrutura básica de apoio como banheiros ou água. É você e a natureza!
Visitamos um mirante para a Laguna Colorada logo a esquerda da entrada e já sentimos o vento implacável dessa região. Mesmo com ventania, conseguimos fazer o almoço do lado de fora do carro mas pouco apreciamos do mirante.
Com a barriga cheia, continuamos nosso passeio para o parque propriamente dito e depois de visitar um canyon, decidimos passar a noite em frente a Laguna Colorada mesmo. Dentro do carro, não sentimos tanto o vento e ficar com a varanda virada para essa lagoa é estar um pouquinho no paraíso.
Varanda móvel, nunca enjoa

A Laguna Colorada tem esse nome por causa de sua cor vermelha e em alguns pedaços, branca. O vermelho vem de uma alga e o branco pode ser uma mistura de três coisas: gelo, sal e outro tipo de alga. Dizem que essa parte branca tem diminuido consideravelmente através dos anos.
Laguna Colorada

No outro dia pela manhã, passeamos pela borda da lagoa, habitat das três espécies de flamingos: o chileno, o andino e o James. Ficamos algumas horas observando os flamingos que não se cansavam de posar para fotos e o resultado foi que temos aproximadamente 200 boas fotos de flamingos.


Da Colorada, fomos tomar um banho quente num poço termal ao lado da Laguna Salada e decidimos passar a noite nesse local mesmo. Paramos mais cedo nesse dia pois por volta das 16 horas, começou a nevar o que dificulta os passeios. Dormimos mais uma vez em meio ao silêncio absoluto só cortado pelo barulho do vento e dos flamingos.
A noite é fria mas o céu é um monte de estrelas. Pegamos mínima de - 3,6 graus e sabemos que estavamos na estação quente do ano. Com altitude média de 4300 metros, frio e neve estão sempre presentes. Vá com roupas quentes!
No dia seguinte, visitamos os geiseres, inclusive o mais famoso que chama-se Sol da Manhã. Passear pelos geiseres requer muito de outros órgãos do sentido: escuta-se o barulho deles que pode ser de borbulhas de lama ou de algo parecido com o chiado de uma panela de pressão; e o olfato claro, o cheiro de ovo podre e enxofre é onipresente.

Gêiser

Seguimos para as lagunas Blanca e Verde, aos pés do vulcão Licancabur que faz fronteira com o Chile passando no caminho pelo Deserto de Dali. Uma paisagem deslumbrante!
Laguna Verde

Foram tantas paisagens bonitas nesses poucos dias que ficamos em êxtase e a Bolivia nos cativou profundamente, mesmo com todo o problema que tivemos para comprar combustível como contaremos no próximo post.

Dicas para overlanders:

Quando resolvemos fazer esse caminho, tínhamos muitas dúvidas pois na internet as informações são poucas. Portanto, se você quer fazer esse trecho sem contratar excursão, recomendamos que você se informe em algumas agências de turismo e com os guias 4x4 na própria cidade de Uyuni. Primeiro, é importante saber como estão as condições das estradas. Novamente, o caminho foi restringido pela chuva e acumulo de água nas estradas. Uma boa é observar os carros que saem para fazer esse percurso e se o seu carro tem condições parecidas como altura e pneu. Imprescindível é ter carro traçado. Sem isso, esquece!
Descobrimos que os carros que fazem essas lagoas off road partem da Vila Alota as 8:00. Como não conseguimos combinar de segui-los em Uyuni, resolvemos encontra-los umas 7:50 e combinar diretamente com os motoristas. Para tanto, dormimos num mirante da estrada pois essa cidade fica distante de Uyuni.
No total, rodamos 632 kms entre Uyuni, lagunas off road, parque Eduardo Avaroa até chegar em San Pedro do Atacama. Combustível existe em Uyuni e Atacama. Portanto, calcule quanto você consome para ter uma autonomia de uns 800 kms pois imprevistos podem acontecer. Nós saímos com o tanque cheio mais dois galões de 20 litros mas voltamos com um galão cheio.
Você estará isolado. Não espere encontrar restaurantes e hospedagens super charmosos. O melhor é levar comida e água para esse período com uma folguinha principalmente de água potável. Na Bolívia tomamos sempre água mineral. A água das torneiras de Uyuni eram amareladas, enchemos algumas garrafas para usar para lavar pratos e mesmo assim ficamos ressabiados.
Venta e faz muito frio. No verão, pegamos mínima de – 3,6C e neve no meio da tarde. No inverno nos disseram que bate os -15C. Hora de usar as roupas mais quentinhas, vestindo-se em camadas e com os acessórios de frio como cachecol, gorro e luva. É interessante ter um aquecedor a gás para noite. Existem umas hospedagens no Parque caso você não queira ficar em barracas mas não fomos nos informar sobre preços pois o Jumbo é confortável, quentinho e limpo ainda mais comparado com certos lugares.
A condição das estradas é de péssima para horrorosa. O Jumbo sentiu e precisamos trocar três coisas: o filtro de combustível, o rolamento do cardan e um dos pneus que formou uma bolha gigantesca.
Que bolha perigosa


Fronteira Bolívia/Chile: Paso Cajón
Essa foi uma das fronteiras mais esquisitas por onde passamos. Para cancelar a importação temporária do carro, precisa passar na aduana que se localiza a uns 90 kms da imigração. Fomos duas vezes até a aduana pois o primeiro dia era terça feira de carnaval e segundo o segurança estavam todos borrachos (bêbados). Ainda bem que estávamos sem pressa e tínhamos comida e combustível para ficar indo e vindo.
Voltamos no dia seguinte e o procedimento foi tão tosco que não sei até que ponto é necessário cancelar esse documento. Apenas entregamos o papel e só após muita insistência nos deram uma cópia carimbada que não foi pedida na imigração.
A aduana fica a S 22*26.447’ W 67*48,358’, mais ou menos próximo ao gêiser do Sol da Manhã, a 5.000 metros de altitude. Deve ser uma das fronteiras de maior altitude em todo o mundo!
Não se deixe enganar pelos bracinhos de fora. A 5000 m estava frio.

Dai seguimos para a imigração dar baixa no passaporte. O funcionário nos pediu Bs 15 por pessoa. Quando pedimos o recibo, ele carimbou o passaporte e deixou para pedir a  propina dele para outro que não saiba que não existem taxas a serem pagas na saída da Bolívia.
Mais estranho ainda, a imigração e aduana do Chile fica super longe, na cidade de San Pedro do Atacama, a 45 quilômetros da Bolívia.
Para imigração, preenchemos a tarjeta migratória e deram entrada no passaporte. Para o carro, apresentamos o documento original do carro, CNH e carimbo de entrada no país. Eles emitem um documento de importação temporária sem custos.
Nessa e em todas as fronteiras chilenas, existe uma fiscalização sanitária, ele procuram frutas, vegetais e derivados do leite principalmente. E confiscam tudo que está proibido entrar no Chile.
Essa fronteira demorou 1:30 só no Chile pois demos o azar de chegar após dois ônibus de passageiros. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário será publicado após aprovação.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...