sexta-feira, 15 de junho de 2012

Dalton Highway

Quando elaboramos nosso roteiro, a ideia original era chegar até o fim da Pan Americana, que termina na Alaska Highway em Fairbanks. Depois, pesquisando com outros viajantes, decidimos incluir Deadhorse por ser a cidade mais ao norte da América acessível por estrada. Ou seja, para quem está viajando milhares de quilômetros, um destino interessante já que significa o fim da estrada (ou o começo dela). Dessa forma, colocamos Deadhorse como um ponto a ser alcançado no Alasca. 


Mas assim que chegamos ao Alaska, começamos a mudar de opinião primeiro por causa do tempo (tempestades de neve a -30 não parece seguro) e segundo, escutando a opinião dos locais sobre a estrada, a maioria absoluta dizendo que ela não é bonita, não é segura, é longa e cansativa.
Na verdade, a Dalton Highway é uma estrada de serviço, construída para levar trabalhadores e suprimentos até o campo de petróleo localizado em Prudhoe Bay. Até 1994, o acesso público até Deadhorse era proibido. A estrada foi construída em cinco meses, durante a década de 70, pois com a descoberta de milhares de barris de petróleo, quiseram começar a exploração de toda essa riqueza o mais rápido possível e não teve tundra, mosquito ou frio que impedisse a construção da estrada tão rapidamente.
Praticamente paralelo à estrada, corre uma das obras de engenharias mais fanstásticas que vimos até agora: um oleoduto (pipeline) com quase 1.300quilômetros de comprimento, que bombeia todo esse petróleo para o porto em Valdez. 

Os serviços na estrada são limitados: não tem bancos, serviço médico ou sinal de celular.
Nessa época do ano, restaurante apenas em Coldfoot e Deadhorse, bem como combustível. Portanto, é imprescindível carregar combustível extra, comida, água e contar com sorte para que nada aconteça a você nem ao seu veículo. 

Não existe acesso público ao mar ártico. Você pára o carro em Deadhorse e contrata um serviço turístico para ver o mar, lógico que durante a temporada que vai do final de maio até meados de setembro. Fora da época, esquece. A empresa responsável pela extração de petróleo não autoriza. 
A estrada não é a coisa mais linda do mundo mesmo. Mas para nós três pontos foram interessantíssimos: 
- o Círculo Polar Ártico- a gente curte essas marcas, vide nossa alegria ao cruzar a linha do equador. O círculo Polar Ártico fica a 115 milhas (185km) do começo da Dalton e é uma linha imaginária que limita a pequena parte do globo terrestre onde existe o sol da meia noite e também, o dia sem sol. Por sinal, observar o percurso do sol durante o dia é bem interessante, ele nunca atinge o topo do céu e demora umas 3 horas para se por, ficando naquela altura dos olhos que atrapalha para dirigir um tempão. No dia 02/05/12, a data que ficamos passeando pelo ártico, o sol iria se pôr as 11:15 da noite e nasceria por volta das 4:15. Quanto mais próximo ao solstício de verão, menor essa diferença, até zerar, ficar só dia. As plantas agradecem pois com luz intermitente elas conseguem se desenvolver sufic ientemente para depois, enfrentar novo rigoroso inverno. 

- Atigun Pass (milha 224/km 392)- O Continental Divide é um divisor de águas, uma linha imaginária que segue o cume das montanhas e vai do Alaska até o final das cordilheiras dos Andes, no Chile. O Atigun Pass passa por esse divisor de águas onde antingimos o topo da serra, a 1500 m de altitude. A estrada fica sinuosa e mais perigosa, principalmente com gêlo na pista. 

- North Slope (milha 275 a 355/ km 442 ao 571)- se a paisagem já estava surreal enquanto estávamos no Atigun Pass, depois dele podiamos muito bem estar em outro planeta. O pinheiros sumiram sendo subistituídos por ... tundra? Não, neve! Nessa época do ano vimos pouquíssima tundra, o que vimos mesmo foi gelo e por todos os lados, inclusive por cima e por baixo. Planícies contínuas cheias de neves e caribus, rebanhos enormes deles. E isso é que é mais incrível: existe vida nesse lugar do planeta. Além de caribus, vimos raposas, corujas, esquilos e muita ptargiman, a ave símbolo do Alaska. Procuramos mas não encontramos ursos, a raposa do ártico nem o boi almiscarado. Até brincamos que essa bicharada só não vai embora porque nunca mostraram para eles que existem lugares onde a grama é sempre verde! Imagina, o trabalho que esses animais têm para se alimentar! São campeões em sobrevivência! No North Slope, o sol nunca se põe entre dia 10 de maio e 2 de agosto e nunca aparece entre 18 de novembro e 23 de janeiro. E mesmo assim, quanta vida! 


Mas não chegamos a Deadhorse. Voltamos 95km antes de chegar lá, na latitude 70, pois já estávamos contentes com o que havíamos vivenciado além do termômetro estar marcando -16 graus celsius (não era noite, era começo de tarde) e da visibilidade ter ficado muito prejudicada com uma tempestade de neve que chegou com força do oceano. Desse ponto em diante, mudamos de sentido e ao invés de estarmos rumo ao norte, estaremos rumo ao sul, na segunda parte de nossa aventura. 


Nossa experiência foi nessa época do ano e a Dalton Highway acabou proporcionando a experiência de rodar no meio do gêlo e por isso foi única e inesquecível. A estrada tem alguns trechos de asfalto, muitos de terra mas em bom estado de conservação. Foi a estrada mais movimentada em termos de carga, com caminhões em alta velocidade mesmo, mas a maioria muito gentil quando nos ultrapassava. Saiba que essa não é uma estrada turística, é uma estrada de serviço portanto, os caminhoneiros sempre têm a preferencial.


12 comentários:

  1. Hey Guys it would be great to add you’re site to OverlandSphere.com, please let us know or register directly on the site. Safe Travels

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    1. Hi Martin! Of course you can add our website in the OverlandSphere. Safe travels for all overlanders :)

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  2. Geeeeente...o oleoduto tem 1300 kilometros e não metros...edita lá....eheheheheh...congratulations por rodarem pela "Dalton", para os íntimos...eheheheh

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    1. Dessa vez editei antes de publicar mas parece que android e blogspot não se entendem mesmo... Adriano, na Dalton lembramos muito de você pois de moto é muito mais perigoso, mesmo sem neve. Encontramos um outro motoqueiro no Canadá e ele já havia feito essa estrada uma vez e já queria cair nela novamente. Foi picado pelo vício do desafio! Abx

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  3. Marina,
    Deixei um comentário aqui ontem, mas acho que não entrou.
    Mas, que frio, hein? Pura neve. O carro realmente precisa estar muito bem preparado para encarar e vocês também. Linda estrada!!!
    Beijos
    Claudia

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    1. Oi Claudia! Realmente pegamos muito frio mesmo! Ficar cercado pela neve e gelo foi muito emocionante, uma das melhores vivências da viagem. Quanto ao comentário, estamos com problemas com o blog, nenhum comentário chegou na minha caixa de mensagem. Além dos problemas para editar textos e fotos com o android... mas vamos que vamos!
      um beijo

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  4. Que aventura hein! Dirigir nessa estrada foi um grande desafio. Parabéns e continuem fazendo uma ótima viagem! Jonathas

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    1. Foi mesmo, Jonathas! Eu estava com um pouco de medo pois rodar com o carro nessas condições especiais é perigoso. Mas no final de tudo, foi uma experiência maravilhosa!

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  5. Aê! Tão voltando!!! Que viagem incrível!

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  6. Belas histórias. É preciso alguma autorização especial para dirigir na Dalton? É realmente perigosa?

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    1. Oi William. Não é necesssária nenhuma autorização especial para dirigir na Dalton. Apenas cuidado, prudência e a vontade de curtir a estrada.
      Ela tem muito caminhões mas isso não significa perigosa. A BR 116 é muito mais perigosa que ela!
      Existem pessoas que dizem que os caminhoneiros vão tão rápido que não veem os carro. Não foi o que aconteceu com a gente. Todos os que cruzamos foram cuidados ao ultrapassar.
      Espero ter ajudado!

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