Terra de lindos vulcões |
Entramos pela Pan Americana, vindos da Colômbia e a primeira grata surpresa foi Otavalo. Amamos o mercado, cujo melhor dia para visitar é sábado. Otavalo é um grande centro comercial, as ruas ficam lotadas de locais vendendo e comprando. É uma loucura! Antigamente esse mercado se concentrava na Plaza Centenario mas com o passar dos anos, ele se expandiu tomando conta da cidade inteira. Pode se encontrar de tudo, de produtos artesanais equatorianos e da América Latina a produtos chineses. Aos sábados também ocorre o mercado de animais. Infelizemente perdemos pois demoramos muito mais tempo do que desejamos na fronteira. Por enquanto, esse é o melhor mercado da América.
Padrões bonitos |
Cãopanheiro no camping |
Taxopamba |
Passamos o ano novo no hostel, na agradável companhia de nossas novas amigas inglesas e de um casal estadunidense também overland. O pessoal do hostel providenciou um boneco de serragem para ser queimado na hora da virada e dessa forma, participamos de uma tradição equatoriana na virada do ano.
Fogo neles! |
Muñecos |
Eles também tem uma outra tradição que a gente detestou. Homens se vestem de mulher e crianças se fantasiam fazendo pedágios com cordas para os carros. Eles esticam uma corda e chegam pulando na frente do carro. Perigosíssimo e sem graça, principalmente quando você precisa passar por uns 10 para tentar tomar uma injeção na farmácia. Com tantos pedágios, nos atrasamos no horário e o Mauro teve que aplicar em mim a injeção do antibiótico para combater a infecção urinária. Ou seja, realmente estamos desenvolvendo novas habilidades. Com essa queimação toda de bonecos e com o pessoal meio bêbado o resultado foram alguns incêndios pelo país e uma sujeira danada nas ruas.
Nas imediações de Otavalo, também visitamos a cidade de Quiroga, conhecida pelos seus artigos em couro.
Quiroga |
GPS cravado no Equador |
Seguimos nosso rumo em direção a Quito, a capital. No caminho, existe o Monumento da Metado do Mundo, um marco de onde passa a linha imaginária do Equador. Nós gostamos bastante desses marcos mas dessa vez, passamos a entrada no parque onde existem experimentos inclusive com a privada, parecido com o que fizemos em Roraima. Nosso vídeo naquela ocasião ficou ótimo e marcamos o ponto N 0*00.000' dessa vez no nosso GPS na estrada, economizando tempo e alguns trocados. Além disso, confiamos mais no nosso GPS porque existem três pontos para serem visitados em posições diferentes que "marcam" a metade do mundo. Vai entender. Mas enfim, para nós que estávamos a mais de um ano no hemisfério norte, cruzar essa linha nos traz mais pertinho de casa.
Quito é cidade grande, a capital do país! Cheia de gente, trânsito, poluição sonora. Mas dessa vez, conseguimos acampar numa capital, num camping de um alemão que não falava muito bem nem inglês nem espanhol mas que se comunicava que era uma beleza! O camping ficava num bairro bem movimentado durante o dia (Mariscal) mas a noite, conseguimos dormir sem muito barulho.
Mais uma cãopanheira! |
Passeamos pelo centro histórico, cheio de construções coloniais. Visitamos a Plaza Grande onde fica o Palácio do Governo, e também passamos pela Iglesia de la Merced e a Plaza Santo Domingo.
Quito colonial |
Resolvemos dar uma esticada nas pernas e caminhamos ladeira acima até a Basilica del Voto Nacional, uma construção gótica impressionante! Não deixe de reparar na faixada, as gárgulas são em forma de tartarugas, tamanduás e iguanas.
Basilica Voto Nacional |
Próximo ao Parque Carolina está uma área com vários shoppings e supermercados. Uma área moderna da cidade que merece ser visitada por aqueles ávidos de "coisas de metrópole". Fomos ao ótimo supermercado Megamaxi e pudemos encontrar produtos que há tempos procurávamos.
Mas o programa imperdível para nós foi a visita ao Museu Guayasamin e sua Capilla del Hombre. Na nossa mediocridade cultural, numa havíamos ouvido sequer falar nesse nome. Equatoriano mestiço, Guayasamin foi um grande artista. Apaixonado por arte, foi também um grande colecionador de arte e hoje essa coleção está exposta na sua casa. Apesar de não ser religioso, Guayasamin tem um grande acervo de arte sacra, obras tão lindas que impossível não de se emocionar.
Fundação Guayasamin |
Ele também era uma pessoa bem relacionada e além de presentes de outros famosos (Dali, Chagall...) ele ganhou, isso mesmo ganhou e está exposta no seu jardim uma estela de Copán. Originalíssima, é claro. Ele também fez muitas pinturas da paisagem de Quito a partir de sua casa e quando morreu, pediu para que suas cinzas fossem enterradas embaixo de uma árvore com vista para a cidade. La Capilla del Hombre fica seguindo uma rampa, abaixo de sua casa e foi pensada como uma homenagem ao ser humano, especialmente ao povo latino americano com seu sofrimento e lutas. São mãos que trabalham, rostos que sofrem que tocam todos os corações que passam por ali. Guayasamín conhecia o sofrimento do povo, ele mesmo mestiço de vida cheia de restrições. Quando jovem, ele realizou uma viagem pela América e conheceu de perto "uma américa que sangra", que sofre, que luta. Muitas referências a ditaduras militares por quais passaram vários países da América Latina. Com certeza, um lugar que inspira a reflexão e o respeito por esses povos.
As duas visitas foram muito bem guiadas por profissionais que trabalham nessa fundação (está incluido no preço de ingresso) mas infelizmente, fotos são proibidas. Para quem gosta de arte pode agendar uma visitinha ao Equador na sua próxima viagem!
Cruzando a fronteira: Cruzamos da Colômbia para o Equador na fronteira da Pan Americana, passando pelas cidades Ipiles (CO) e Tulcan (EC).
Multidão na imigração equatoriana |
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