quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Um deserto do Peru

Deserto e mar: isso tem no Peru


A gente sabia que iria passar pelo famoso deserto do Peru, localizado em sua costa e super famoso principalmente por ser trecho percorrido no rali Dakar. O que não sabíamos é que em algumas partes, esse deserto é cultivado. Longas plantações de milho. Foi o único pedaço de “terra”que vimos cultivado de forma intensiva nos últimos meses.
Mas além de plantações, tem muita duna e cara de deserto para se ver. Infelizmente, a educação ou cultura do povo não preserva seus recursos naturais e vimos muito lixo e entulho jogados pelo deserto. Uma pena!

Quanto lixo e entulho vimos

A primeira cidade por onde passamos foi Chiclayo. Famosa por vários sítios arqueológicos, Chiclayo está longe de encantar o menos exigente dos viajantes. Tem um trânsito complicado, não possui prédios bonitos e é caótica. Mas é a casa do melhor museu arqueológico que visitamos até hoje: Museu Tumbas Reais de Sipán (S 10).

Museu de Sipan

Señor de Sipan/ divulgação 
Em 1987 descobriu-se uma tumba intacta de um alto dignatário Mochica (ou Moche), o Senhor de Sipán (séc. II d.C.) com muitas joias e ornamentos preciosos. Sipán não estava só em sua Tumba: um vigilante, duas esposas, duas crianças, seu sacerdote, duas lhamas sem cabeça além de milhares de cerâmicas. Muito interessante observar que os povos antigos viam com grande importância a passagem para o outro mundo (ou morte). Seus líderes eram enterrados com todas as riquezas que eles conseguiram acumular durante seu reinado, inclusive as roupas e peças de ouro utilizadas em apresentações públicas. As pessoas e animais enterrados junto servem para garantir que do outro lado, ele não irá passar necessidade. Parece cruel mas uma sociedade que pode manter um líder com todo esse luxo, é uma sociedade extremamente organizada.O museu está organizado por ordem cronológica de sua descoberta. Tudo registrado por fotos. Você se sente um arqueólogo, descobrindo as peças do quebra cabeça aos poucos. Por ser recente e estar intacto, esses tesouros tem muito valor histórico e econômico. Uns ladrões de tumbas chegaram perto do Sipán mas assim que foi descoberto por cientistas, foi colocado um policiamento intensivo durante as escavações e algumas peças de outras alas foram reencontradas na Europa e nos EUA, os grandes compradores de arte, aparentemente nem sempre de forma legal. Nas salas iniciais do museu, a mais bela cerâmica que vimos. Os mochicas eram especialistas na modelagem e adorno do barro. Realmente, uma visita imperdível! Pena que é proibido tirar fotos lá dentro.
O Complexo Arqueológico de Sipán também pode ser visitado. Foi onde encontraram todas essas peças. Mas a julgar pelo acervo do museu, no sítio somente sobraram as ruínas.
Em Trujillo, nossa próxima parada, fomos surpreendidos por uma cidade muito mais acolhedora. Com uma deliciosa e habitada praça central, nos sentimos numa cidade melhor preparada para atender viajantes. Nas proximidades dessa cidade, existem vários sítios arqueológicos como a Cidadela de Chan Chan, a maior cidade de barro da América e capital do reino Chimú. Também existem as Huacas do Sol e da Lua, centros do poder mochica. E ainda a Senhora do Cao, no complexo El Brujo, uma múmia bem preservada com tatuagens de aranhas e cobras nos braços, tornozelos e pés. Programas histórico-culturais não faltam!

Trujillo

Seguimos para a capital, Lima, numa linda e extensa estrada plana depois de dias de muitas curvas. Foi chegando a Lima que furou nosso primeiro pneu, depois de 15 meses de viagem. Um marco!
O primeiro pneu furado

Acampamos dentro do Hostel Hitch Hikers, onde conhecemos muitos outros viajantes, todos seguindo ao sul do continente. Passamos dias agradáveis na companhia desses novos amigos, jantando e passeando juntos. Dois casais reencontramos novamente em Cusco e em Puno. 

Overlanders


Mas também passeamos um pouquinho. Fomos ao centro histórico, passamos pela Plaza de Armas e visitamos o Monastério de San Francisco, famoso por suas catacumbas com cerca de 700.000 esqueletos. Um passeio meio mórbido e que não pudemos tirar fotografias. De tudo, o mais espetacular foi a cúpula logo na entrada em estilo mouro.

Monastério San Francisco

Caminhamos até a Plaza San Martin e achamos ela muito mais simpática que a Plaza de Armas. Mas mesmo assim, tivemos muita dificuldade em encontrar um café decente e após uma empanada e uma chicha morada, voltamos para o hostel.
Plaza San Martin

A noite, visitamos o supreendente Circuito Mágico da Água no Parque de la Reserva. São 12 fontes de águas luminosas, algumas dançantes, outras brincantes. Uma coisa surreal digamos. Recomendamos.
Bonito espetáculo

Muito legal esse labirinto de água

Nosso hostel ficava no ótimo bairro de Miraflores, recheado de opções gastronômicas. Todos dizem que Lima é a capital da gastronomia. Um pouco de exagero mas realmente comemos bem durante nossa estadia, principalmente por causa do restaurante japonês Edo Sushi. Fazia meses que não comíamos peixe cru, hummmm.
Além de muitos restaurantes, Miraflores é um bairro bonito de se passear, com uma orla bem cuidada e muitas escolinhas de surfe, além do romântico Parque do Amor.
Parque do Amor

Kitesurf
Vimos muitos, muitos brasileiros em Miraflores, principalmente fazendo o passeio preferido da nossa nação: compras. Mas não conseguimos descobrir se os preços eram realmente bons ou não já que nosso foco nunca é esse...
Seguindo para o sul, chegamos ao Parque Nacional Paracas, recomendado pelos viajantes que conhecemos no hostel. Ficamos apenas uma noite, mas recomendamos principalmente para quem está com um 4x4. O parque não oferece muita estrutura – não tem banheiros nem água. Mas é muito belo. Tem o deserto junto do oceano, vários animais e muitas trilhas off road. Acampamos na Praia Mina e visitamos as praias de Lagunilla, Yumanque e o Mirante da Catedral. Nossos amigos franceses foram para a cidade de Paracas para fazer aulas de kitesurf. Incrível como venta! Na praia, centenas de águas vivas mortas. Uma judiação mas eu que não entro nessa água messsssmo!

Agua viva morta


La Mina

Paracas

Brasileiros e franceses encantados com Paracas



Seguimos para Nazca e com o orçamento apertado, não realizamos o sobrevoo para ver as enigmáticas figuras no chão. Entretanto, na Pan Americana, um mirante (S 2) te faz ver duas gravuras: a mão e a árvore. Incrível como ficam perto da estrada! Uma outra gravura foi destruída pois a estrada passa em cima mas essas duas estão em bom estado. Eu elaborei uma teoria: que como ele acreditavam que os mortos e os deuses ficavam num plano superior, eles realizaram esses enormes desenhos como oferendas a eles. Isso levando em consideração os temas das gravuras. Desculpe, mas nada tem a ver com extra terrestres. Agora, imagina no começo no século, os primeiros aviadores que sobrevoaram a região e viram esses desenhos. O susto, a surpresa e a admiração que não sentiram!

A mão

A árvore

No próximo post, seguimos para Macchu Picchu, as ruínas mais visitadas da América.


domingo, 24 de fevereiro de 2013

Uma estrada perigosa

Todo cuidado é pouco

Como estava no nosso plano visitar as ruinas de Chachapoyas no Peru, resolvemos pegar a estrada mais curta entre Equador e este país. De onde saimos (Vilcabamba) o mais lógico e rápido é percorrer a estrada sentido Zumba e cruzar a fronteira em La Balsa. Como a infomação que tinhamos no Lonely Planet é que a condição da estrada varia de acordo com a época do ano, resolvemos nos infomar para saber se pegávamos essa pequena estrada ou dávamos a volta por Loja e cruzavamos pela Pan Americana. As duas fontes que tivemos (uma delas um funcionário do quiosque de informação turística) nos disseram que estavam arrumando um trecho e que isso fechava a estrada por algumas horas mas que apesar disso, a estrada era linda, valia a pena e que era melhor pegar essa estrada vicinal. Em nenhum momento, perquntaram que carro tinhamos.
Seguindo essa recomendação, acordamos cedo e seguimos adiante. Não recomendamos realizar esse trecho para nenhum viajante.A estrada está sendo construída, ou seja, passamos por trechos intransitáveis. Além disso, chuva e neblina complicaram muito mais essa delicada situação. Dividimos o espaço com tratores, caminhões de minério e retroescavadeiras gigantes. O Jumbo nunca pareceu tão pequeno. Carro pequeno, esquece. Nem pense em passar. Nós acabamos passando mas só Deus sabe a que custo (para o carro e para nós mesmos). Quase atolamos várias vezes sempre que passavamos pelos trabalhadores todos balançavam a cabeça querendo dizer: o que esses malucos estão fazendo aqui? No final percorremos de Vilcabamba até Jaen, nossa primeira cidade no Peru, 280 km em 12 horas. 
Barro, muito barro

Na fronteira, a saída do Equador foi tranquila. Apenas estampamos nosso passaporte e entregamos a importação temporária do carro. Do lado do Peru, o oficial da imigração estava em seu horário de almoço de 2 horas (isso não existe oficialmente) e tivemos que esperar o fim de sua siesta para ganhar nossas estampas. Com  o carro foi tranquila a emissão da importação temporária. O único grande porém foi que não conseguimos fazer o SOAT obrigatório e exigido pelas muitas paradas na estrada porque não tinha oficina na fronteira nem em San Ignacio, a cidade mais próxima. Rezamos e seguimos para Jaen, uma cidade maior onde depois de muito insistir conseguimos nosso seguro somente no dia seguinte, pagando mais que o dobro do que em outras fronteiras.

Super fronteira saindo de Zumba

Não gostamos de Jaen, uma cidade que parece incabada. Uma trânsito louco de tuc- tucs, gente e bichos. A alternativa foi se juntar a eles e pegamos um tuc-tuc para jantar num restaurante chinês ou Chifa, como chamam no Peru.

Tuc tucs

Chegando em Jaen, um fato marcou. Um policial nos parou e antes que pedisse o SOAT (que ainda não tinhamos), o Mauro perguntou se ele conhecia um hotel com garagem em Jaen para passarmos a noite. Não é que o policial nos escoltou até o hotel e esqueceu do SOAT? Uma graça esse policial, mereceu uma velinha acesa na próxima igreja.
Shoyo? Molho inglês? Não, café!
Além do seguro no dia seguinte, provamos o pior café do mundo. O jeito tradicional de tomar café no Peru é misturar um concentrado de café frio que fica na mesa (num primeiro momento achei que fosse shoyo) com água quente. E dá-lhe açúcar para esconder o sabor. Quando chegou na mesa a água quente, o Mauro chamou o garçom e perguntou: cadê o café? O garçom mostrou aquele concentrado que deve dormir nas mesas, dai entendemos o que ele queria dizer. Depois ele nos perguntou se tinhamos gostado, eu nem tive coragem de experimentar mas não tivemos coragem de dizer que aquilo era horroroso. Apenas explicamos que no Brasil era muito diferente o jeito de se preparar café e saimos sabendo o que não pedir.
Jaen valeu para uma coisa. Um senhor muito simpático nos disse para irmos para Chiclayo e visitar o museu do Senhor de Sipan. Nunca tinhamos ouvido falar mas seguimos sua recomendação e foi o melhor museu arqueológico que visitamos até o momento. 

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

País de vida longa e lindos vulcões

Otavalo e Quito foram ótimas experiências no Equador. Mas foram o aperitivo para o Parque Nacional Cotopaxi. Com um vulcão do mesmo nome, o Cotopaxi foi a cereja da nossa torta equatoriana. Tudo por causa do vulcão, imponente na paisagem. Nós pegamos um tempo feio, não pudemos admirar sua beleza em total esplendor mas o que mais gostamos foi da liberdade e tranquilidade dentro do Parque Nacional. 


Jumbo em mais um Paque Nacional

O vulcão tem uma presença enorme. Existem montanhas que conversam com a gente. O Cotopaxi é assim, interage com as pessoas de uma forma particular. Impossível não sentir sua presença. 
Cavalos selvagens no Cotopaxi

Existem passeios pelas lagunas mas resolvemos subir até o Glaciar do vulcão. Fizemos uma boa parte do caminho com o carro, que nos levou até 4.300 metros de altitude. Desse ponto, os carros ficam estacionados e você continua a pé, mais 300 metros até um refugio. Ótima pausa para descanso, principalmente quando a subida é ingreme e o vento está contra. Depois, mais quase 400 metros e você chega ao glaciar. Esse último trecho, caminhando na neve o tempo todo. 
Glaciar do Cotopaxi



Haja fôlego para subir
Admiro e respeito os escaladores que vimos subindo com mochila e que pretendiam chegar ao topo do vulcão, muito mais alto do que fomos. Só quem já fez um pouco de esforço físico nessa altitude sabe como é dificil uma caminhada dessas. O ar some, venta muito e o clima muda de uma hora prá outra. Se você também quiser subir até o glaciar, seguem nossas recomendações: ir agasalhado, faz muito frio a 5000 metros de altura, mesmo estando na linha do Equador; passar filtro solar; usar óculos escuros; carregar água e algo para comer, nós costumamos levar chocolate e frutas desidratadas, fonte de energia (açúcar simples) rápida; se tiver bastão de caminhada, ele ajuda. Nós começamos a caminhada umas 11 horas e o vento estava forte e contra, o que cansou mais do que o normal. Percebemos que aqueles vão escalar até o topo começaram a caminhar por volta das 14/15 horas, um horário que estava sem vento. Pode ser coincidência ou não, mas se eu fizer novamente, vou depois do meio dia para subir sem vento, muito melhor. Essa caminhada é possível de se fazer sem guia. O caminho é bem marcado até o refúgio e depois até o glaciar, é melhor estar pelo menos em dois em caso de neblina. Agora, para caminhar até o topo ou você tem bastante experiência para ir sozinho ou contrate um guia, muito mais seguro. 

Cuidado com a neblina! Ela pode te confundir e te deixar perdido

Infelizmente, ficamos dois dias no Cotopaxi. O tempo estava muito ruim além do que estava muito frio para tomar banho natural, a nossa opção de banho no camping gratuito que fizemos dentro do parque. Dessa forma, seguimos em direção a Latacunga mas quisemos fazer primeiramente o Quilotoa Loop. 


Cultivos até no topo da montanha - Quilotoa Loop

O Quilotoa Loop é uma volta que sai e volta da Pan Americana passando por vilas super simpáticas no caminho. Nós demos o loop completo, começando em Ortuño e saindo em Latacunga. O caminho é muito ruim, de chão. Recomendamos não fazer o loop completo, sair de Latacunga e ir até a cratera Quilotoa e volta pelo mesmo caminho. Esse é o trecho mais bonito. 
Paisagem andina- Quilotoa Loop

Nesse caminho, você pode observar mais de perto a rotina dos campesinos que ali vivem. Esse povo trabalha! Nunca vimos tanta agricultura sendo trabalhada em outro país. E domingão, é dia de lavar roupa do rio. Vida de trabalho desse povo, um trabalho que eu não nasci para fazer. Isso ajuda a gente olhar para o que consumimos com outros olhos. Vai saber quantas horas alguém precisou ficar agachado cuidando daquele pé de feijão que muitas vezes chega como mágica a nossa mesa? 
Cratera Quilotoa
Também passamos pela cratera Quilotoa, de azul intenso. É uma lagoa na cratera de um vulcão de onde se tem uma vista maravilhosa do mirante. Existe a opção de se descer até a lagoa mas o bicho da preguiça (e muitas vezes da razão) muitas vezes nos ataca e para que eu quero descer se a vista mais bonita é de cima? A não ser que queira tomar um banho na lagoa fria ou passear de jegue, a maneira mais fácil de subir novamente até o topo. 

Sacanagem, pegando carona no rabo do cavalo!

Dormimos em Latacunga, que não nos acrescentou muito e seguimos para Cuenca, cidade que estávamos com uma enorme expectativa. Tudo por causa dos chapéus panamás, que levam esse nome mas na verdade eles são confeccionados no Equador, nas cidades de Cuenca e Montecristo. Agora, por que ele se chama Panamá se é feito em Cuenca? São muitas as histórias e não sabemos ao certo qual é a verdadeira. Uma conta que os trabalhadores na construção do canal de Panamá usavam esse chapeú. Outra diz que o presidente Roosevelt usou um enquanto visitava as obras do canal em 1906. Uma outra diz que os chapéus eram levados para o Panamá para serem exportados pelo canal. O que se tem certeza é que a qualidade do chapéu é muito boa. Confeccionado com uma palha macia chamada toquilla e de trama bem fechada, com cores claras e super flexivel, o panamá combina muito bem com clima quente e sol. 
Chapéus Panamá diretamente do Equador

Mas no final, Cuenca nos deixou a desejar. Isso porque descobrimos ao chegar lá que os melhores chapéus são exportados, o que significa que existem poucas opções de compras. Visitamos três lojas até encontrar um chapéu que ficasse bem e, voilá, nossas cabeças agora tem uma cobertura nova e bonita. 


Cuenca

A cidade de Cuenca é bonitinha e ponto. Não nos encontramos muito bem principalmente porque não encontramos de jeito nenhum um café gostoso para passar a tarde. Tivemos que fazer o nosso no camping mesmo, com certeza muito mais delicioso que outros que provamos por ai. 
Depois de duas noites em Cuenca, partimos rumo a Vilcabamba, a cidade conhecida mundialmente pela longevidade de seus habitantes. Dizem que muitos moradores passam dos 110 anos de idade mas o que intriga muitos cientistas e médicos não é isso. É que além de viverem muito, essas pessoas vivem bem. Comem muito sal, fumam e bebem até o finzinho da vida, contrariando todas as normas médicas para se alcançar uma boa saúde. Quando estão para morrer, uns dias antes ficam fraquinhos, ficam na cama e morrem, assim, passarinho! 
O centro nervoso de Vilcabamba

Com essa fama toda, imagina, os estadunidenses invadiram a cidade, muitos comprando propriedades imaginando a escritura vale como pilula de longevidade. A parte boa é que conseguimos passar nosso tempo tomando um bom café e comendo o melhor bolo de três leites da viagem. Vilcabamba tem outras coisas para se fazer, como caminhadas. 
Mirante do hotel

Nós para variar ficamos de boa no ótimo camping do Hostel Izthcayluma que tinha um mirante para a cidade maravilhoso. E aproveitamos para cortar o cabelo. Quem sabe esse corte nos traga um pouquinho dessa vida longeva e saudável?


Eita coragem!

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Outra boa surpresa na viagem: Equador

Ninguém dá muita bola pro Equador. Fazemos referência apenas a linha imaginária que corta o planeta em dois. Quando muito, alguns viajam para Galápagos. E só! Mas nós viemos para derrubar essa ideia que o Equador se resume a uma linha ou a uma ave com pés azuis.
Terra de lindos vulcões

Entramos pela Pan Americana, vindos da Colômbia e a primeira grata surpresa foi Otavalo. Amamos o mercado, cujo melhor dia para visitar é sábado. Otavalo é um grande centro comercial, as ruas ficam lotadas de locais vendendo e comprando. É uma loucura! Antigamente esse mercado se concentrava na Plaza Centenario mas com o passar dos anos, ele se expandiu tomando conta da cidade inteira. Pode se encontrar de tudo, de produtos artesanais equatorianos e da América Latina a produtos chineses. Aos sábados também ocorre o mercado de animais. Infelizemente perdemos pois demoramos muito mais tempo do que desejamos na fronteira. Por enquanto, esse é o melhor mercado da América. 
Padrões bonitos


Cãopanheiro no camping
Acampamos no topo de uma montanha, no Hostel Rose Cottage de onde pode se avistar três belos vulcões, o Cotacachi, o Imbabura e o Cusin. Além disso, o Mauro junto com um grupo de inglesas foi visitar uma cachoeira próxima ao camping, a Cascada de Taxopamba e aproveitando que era fim de ano, resolveu tomar um banho bem gelado para lavar a alma! Não fizemos um dos passeios mais conhecidos por esses lados, as Lagunas de Mojanda, três lagoas de origem vulcânica a 3700 metros de altitude. Vai ficar para a próxima! 

Taxopamba

Passamos o ano novo no hostel, na agradável companhia de nossas novas amigas inglesas e de um casal estadunidense também overland. O pessoal do hostel providenciou um boneco de serragem para ser queimado na hora da virada e dessa forma, participamos de uma tradição equatoriana na virada do ano. 


Fogo neles!


Muñecos
Vimos muitos desses bonecos amarrados em carros, ônibus mas não entendemos o porque. Eles fazem esses muñecos, colocam máscaras e queimam na passagem do ano para que de forma simbolica, queimem as coisas ruins do ano que se finda. Isso explica porque vimos tantos bonecos abraçados com uma cachaça. Mas isso não explica porque tantos bonecos estavam com a cara do Obama... 
Eles também tem uma outra tradição que a gente detestou. Homens se vestem de mulher e crianças se fantasiam fazendo pedágios com cordas para os carros. Eles esticam uma corda e chegam pulando na frente do carro. Perigosíssimo e sem graça, principalmente quando você precisa passar por uns 10 para tentar tomar uma injeção na farmácia. Com tantos pedágios, nos atrasamos no horário e o Mauro teve que aplicar em mim a injeção do antibiótico para combater a infecção urinária. Ou seja, realmente estamos desenvolvendo novas habilidades. Com essa queimação toda de bonecos e com o pessoal meio bêbado o resultado foram alguns incêndios pelo país e uma sujeira danada nas ruas. 
Nas imediações de Otavalo, também visitamos a cidade de Quiroga, conhecida pelos seus artigos em couro.
  
Quiroga


GPS cravado no Equador



Seguimos nosso rumo em direção a Quito, a capital. No caminho, existe o Monumento da Metado do Mundo, um marco de onde passa a linha imaginária do Equador. Nós gostamos bastante desses marcos mas dessa vez, passamos a entrada no parque onde existem experimentos inclusive com a privada, parecido com o que fizemos em Roraima. Nosso vídeo naquela ocasião ficou ótimo e marcamos o ponto N 0*00.000' dessa vez no nosso GPS na estrada, economizando tempo e alguns trocados. Além disso, confiamos mais no nosso GPS porque existem três pontos para serem visitados em posições diferentes que "marcam" a metade do mundo. Vai entender. Mas enfim, para nós que estávamos a mais de um ano no hemisfério norte, cruzar essa linha nos traz mais pertinho de casa. 


Quito é cidade grande, a capital do país! Cheia de gente, trânsito, poluição sonora. Mas dessa vez, conseguimos acampar numa capital, num camping de um alemão que não falava muito bem nem inglês nem espanhol mas que se comunicava que era uma beleza! O camping ficava num bairro bem movimentado durante o dia (Mariscal) mas a noite, conseguimos dormir sem muito barulho. 
Mais uma cãopanheira!

Passeamos pelo centro histórico, cheio de construções coloniais. Visitamos a Plaza Grande onde fica o Palácio do Governo, e também passamos pela Iglesia de la Merced e a Plaza Santo Domingo.
Quito colonial

Resolvemos dar uma esticada nas pernas e caminhamos ladeira acima até a Basilica del Voto Nacional, uma construção gótica impressionante! Não deixe de reparar na faixada, as gárgulas são em forma de tartarugas, tamanduás e iguanas. 
Basilica Voto Nacional




















Próximo ao Parque Carolina está uma área com vários shoppings e supermercados. Uma área moderna da cidade que merece ser visitada por aqueles ávidos de "coisas de metrópole". Fomos ao ótimo supermercado Megamaxi e pudemos encontrar produtos que há tempos procurávamos. 
Mas o programa imperdível para nós foi a visita ao Museu Guayasamin e sua Capilla del Hombre. Na nossa mediocridade cultural, numa havíamos ouvido sequer falar nesse nome. Equatoriano mestiço, Guayasamin foi um grande artista. Apaixonado por arte, foi também um grande colecionador de arte e hoje essa coleção está exposta na sua casa. Apesar de não ser religioso, Guayasamin tem um grande acervo de arte sacra, obras tão lindas que impossível não de se emocionar. 


Fundação Guayasamin

Ele também era uma pessoa bem relacionada e além de presentes de outros famosos (Dali, Chagall...) ele ganhou, isso mesmo ganhou e está exposta no seu jardim uma estela de Copán. Originalíssima, é claro. Ele também fez muitas pinturas da paisagem de Quito a partir de sua casa e quando morreu, pediu para que suas cinzas fossem enterradas embaixo de uma árvore com vista para a cidade. La Capilla del Hombre fica seguindo uma rampa, abaixo de sua casa e foi pensada como uma homenagem ao ser humano, especialmente ao povo latino americano com seu sofrimento e lutas. São mãos que trabalham, rostos que sofrem que tocam todos os corações que passam por ali. Guayasamín conhecia o sofrimento do povo, ele mesmo mestiço de vida cheia de restrições. Quando jovem, ele realizou uma viagem pela América e conheceu de perto "uma américa que sangra", que sofre, que luta. Muitas referências a ditaduras militares por quais passaram vários países da América Latina. Com certeza, um lugar que inspira a reflexão e o respeito por esses povos. 
As duas visitas foram muito bem guiadas por profissionais que trabalham nessa fundação (está incluido no preço de ingresso) mas infelizmente, fotos são proibidas. Para quem gosta de arte pode agendar uma visitinha ao Equador na sua próxima viagem! 

Cruzando a fronteira: Cruzamos da Colômbia para o Equador na fronteira da Pan Americana, passando pelas cidades Ipiles (CO) e Tulcan (EC). 
Multidão na imigração equatoriana
Procedimentos: a saída da Colômbia: foi super tranquila, demorou 15 minutos para fazermos a saída pessoal e do carro. Tudo no mesmo prédio, apenas carimbaram o passaporte e o papel da importação temporária do veículo. Entrada no Equador: dai o bicho complicou. Ficamos 2:45 horas do lado do Equador. Para pessoas, apresentar o passaporte válido ou RG no caso de brasileiros sem custos mas com uma fila enorme! Para o carro, fizemos o documento de importação temporária apresentando o documento e cópia do documento do carro, CNH, passaporte e entrada no país. Para nos entregarem esse papel exigiram que fizessemos o SOAT. Muita controvérsia em torno desse SOAT pois tinhamos a informação que não era obrigatório, viajantes que cruzaram a fronteira um dia depois não precisaram fazer mas no dia que estávamos ali, exigiram de todos os viajantes. Apesar de não ter sido muito caro ( US$ 12), demorou horrores pois a funcionária errou o número do motor e não conseguia arrumar por ser sábado. Ela disse que podiamos seguir assim mesmo, mas o Mauro não se conformou e exigiu que fosse corrigido. Bom depois de mais de 2 horas de espera, ela conseguiu arrumar e nós, seguir viagem. Em tempo, em nenhuma parada policial pediram para ver esse SOAT.
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