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Deserto e mar: isso tem no Peru |
A gente sabia que iria
passar pelo famoso deserto do Peru, localizado em sua costa e super famoso
principalmente por ser trecho percorrido no rali Dakar. O que não sabíamos é
que em algumas partes, esse deserto é cultivado. Longas plantações de milho.
Foi o único pedaço de “terra”que vimos cultivado de forma intensiva nos últimos
meses.
Mas além de plantações,
tem muita duna e cara de deserto para se ver. Infelizmente, a educação ou
cultura do povo não preserva seus recursos naturais e vimos muito lixo e
entulho jogados pelo deserto. Uma pena!
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Quanto lixo e entulho vimos |
A primeira cidade por
onde passamos foi Chiclayo. Famosa por vários sítios arqueológicos, Chiclayo
está longe de encantar o menos exigente dos viajantes. Tem um trânsito
complicado, não possui prédios bonitos e é caótica. Mas é a casa do melhor
museu arqueológico que visitamos até hoje: Museu Tumbas Reais de Sipán (S 10).
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Museu de Sipan |
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Señor de Sipan/ divulgação |
Em 1987 descobriu-se
uma tumba intacta de um alto dignatário Mochica (ou Moche), o Senhor de Sipán
(séc. II d.C.) com muitas joias e ornamentos preciosos. Sipán não estava só em
sua Tumba: um vigilante, duas esposas, duas crianças, seu sacerdote, duas
lhamas sem cabeça além de milhares de cerâmicas. Muito interessante observar
que os povos antigos viam com grande importância a passagem para o outro mundo
(ou morte). Seus líderes eram enterrados com todas as riquezas que eles
conseguiram acumular durante seu reinado, inclusive as roupas e peças de ouro
utilizadas em apresentações públicas. As pessoas e animais enterrados junto
servem para garantir que do outro lado, ele não irá passar necessidade. Parece
cruel mas uma sociedade que pode manter um líder com todo esse luxo, é uma
sociedade extremamente organizada.O museu está
organizado por ordem cronológica de sua descoberta. Tudo registrado por fotos.
Você se sente um arqueólogo, descobrindo as peças do quebra cabeça aos poucos.
Por ser recente e estar intacto, esses tesouros tem muito valor histórico e
econômico. Uns ladrões de tumbas chegaram perto do Sipán mas assim que foi
descoberto por cientistas, foi colocado um policiamento intensivo durante as
escavações e algumas peças de outras alas foram reencontradas na Europa e nos
EUA, os grandes compradores de arte, aparentemente nem sempre de forma legal.
Nas salas iniciais do museu, a mais bela cerâmica que vimos. Os mochicas eram
especialistas na modelagem e adorno do barro. Realmente, uma visita imperdível!
Pena que é proibido tirar fotos lá dentro.
O Complexo
Arqueológico de Sipán também pode ser visitado. Foi onde encontraram todas
essas peças. Mas a julgar pelo acervo do museu, no sítio somente sobraram as
ruínas.
Em Trujillo, nossa
próxima parada, fomos surpreendidos por uma cidade muito mais acolhedora. Com
uma deliciosa e habitada praça central, nos sentimos numa cidade melhor
preparada para atender viajantes. Nas proximidades dessa cidade, existem vários
sítios arqueológicos como a Cidadela de Chan Chan, a maior cidade de barro da
América e capital do reino Chimú. Também existem as Huacas do Sol e da Lua,
centros do poder mochica. E ainda a Senhora do Cao, no complexo El Brujo, uma
múmia bem preservada com tatuagens de aranhas e cobras nos braços, tornozelos e
pés. Programas histórico-culturais não faltam!
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Trujillo |
Seguimos para a
capital, Lima, numa linda e extensa estrada plana depois de dias de muitas
curvas. Foi chegando a Lima que furou nosso primeiro pneu, depois de 15 meses
de viagem. Um marco!
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O primeiro pneu furado |
Acampamos dentro do
Hostel Hitch Hikers, onde conhecemos muitos outros viajantes, todos seguindo ao
sul do continente. Passamos dias agradáveis na companhia desses novos amigos,
jantando e passeando juntos. Dois casais reencontramos novamente em Cusco e em
Puno.
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Overlanders |
Mas também passeamos um pouquinho. Fomos ao centro histórico, passamos pela
Plaza de Armas e visitamos o Monastério de San Francisco, famoso por suas
catacumbas com cerca de 700.000 esqueletos. Um passeio meio mórbido e que não
pudemos tirar fotografias. De tudo, o mais espetacular foi a cúpula logo na
entrada em estilo mouro.
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Monastério San Francisco |
Caminhamos até a Plaza
San Martin e achamos ela muito mais simpática que a Plaza de Armas. Mas mesmo
assim, tivemos muita dificuldade em encontrar um café decente e após uma empanada
e uma chicha morada, voltamos para o hostel.
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Plaza San Martin |
A noite, visitamos o
supreendente Circuito Mágico da Água no Parque de la Reserva. São 12 fontes de
águas luminosas, algumas dançantes, outras brincantes. Uma coisa surreal digamos. Recomendamos.
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Bonito espetáculo |
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Muito legal esse labirinto de água |
Nosso hostel ficava no
ótimo bairro de Miraflores, recheado de opções gastronômicas. Todos dizem que
Lima é a capital da gastronomia. Um pouco de exagero mas realmente comemos bem
durante nossa estadia, principalmente por causa do restaurante japonês Edo
Sushi. Fazia meses que não comíamos peixe cru, hummmm.
Além de muitos
restaurantes, Miraflores é um bairro bonito de se passear, com uma orla bem
cuidada e muitas escolinhas de surfe, além do romântico Parque do Amor.
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Parque do Amor |
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Kitesurf |
Vimos muitos, muitos
brasileiros em Miraflores, principalmente fazendo o passeio preferido da nossa
nação: compras. Mas não conseguimos descobrir se os preços eram realmente bons
ou não já que nosso foco nunca é esse...
Seguindo para o sul,
chegamos ao Parque Nacional Paracas, recomendado pelos viajantes que conhecemos
no hostel. Ficamos apenas uma noite, mas recomendamos principalmente para quem
está com um 4x4. O parque não oferece muita estrutura – não tem banheiros nem
água. Mas é muito belo. Tem o deserto junto do oceano, vários animais e muitas
trilhas off road. Acampamos na Praia Mina e visitamos as praias de Lagunilla,
Yumanque e o Mirante da Catedral. Nossos amigos franceses foram para a cidade
de Paracas para fazer aulas de kitesurf. Incrível como venta! Na praia, centenas
de águas vivas mortas. Uma judiação mas eu que não entro nessa água messsssmo!
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Agua viva morta |
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La Mina |
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Paracas |
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Brasileiros e franceses encantados com Paracas |
Seguimos para Nazca e
com o orçamento apertado, não realizamos o sobrevoo para ver as enigmáticas
figuras no chão. Entretanto, na Pan Americana, um mirante (S 2) te faz ver duas
gravuras: a mão e a árvore. Incrível como ficam perto da estrada! Uma outra
gravura foi destruída pois a estrada passa em cima mas essas duas estão em bom
estado. Eu elaborei uma teoria: que como ele acreditavam que os mortos e os
deuses ficavam num plano superior, eles realizaram esses enormes desenhos como
oferendas a eles. Isso levando em consideração os temas das gravuras. Desculpe,
mas nada tem a ver com extra terrestres. Agora, imagina no começo no século, os
primeiros aviadores que sobrevoaram a região e viram esses desenhos. O susto, a
surpresa e a admiração que não sentiram!
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A mão |
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A árvore |
No próximo post,
seguimos para Macchu Picchu, as ruínas mais visitadas da América.