Nem deu para esquentar nossa chegada no Brasil. Sim,
estávamos morrendo de saudades da pátria mãe mas nossos planos mudaram no
decorrer da viagem e entramos no Brasil para logo depois sair para a Argentina na região
das misiones.
Entramos por Chuí, a cidade mais sul do Brasil! Lembrando
que saímos por Pacaraima em Roraima, a cidade mais ao norte do Brasil! Ficamos
longe da nossa terra durante 16 meses. Nunca havíamos ficado tanto tempo fora
do Brasil.
A fronteira foi tranquila, apenas entregamos os papéis na
saída de Chuy (Uruguai). Com relação ao carro, não foi necessário fazer nada,
já que estamos no Mercosul. Chegando ao Brasil foi engraçado, porque queríamos que
dessem nossa entrada. Acostumamos assim, após cruzar mais de 20 fronteiras
diferentes. E também queríamos a marquinha de que estávamos de volta. Mas
descobrimos que brasileiros não precisam dar entrada em seu próprio país!
Iupi |
Beleza, na nossa terra, falando uma língua que dominamos
100% do tempo, ainda desacostumados com as sinalizações escritas em português,
precisando fazer um esforço cerebral para ler as placas. Como se o cérebro nos
dissesse: não pode ser tão fácil assim a compreensão, deve ter uma pegadinha...
Depois de oito meses em países que falam espanhol, mais um
bom tempo de inglês que não foi abandonado após a saída dos EUA (continuávamos
falando para nos comunicar com outros viajantes), só voltando a falar sua língua
com fluidez para perceber como a gente se esforçava para falar, ler e pensar em
outras línguas! Com mais facilidade, menos, com algumas confusões, até que
lidamos bem com a comunicação durante a viagem.
Igreja em Porto Alegre |
Outras vezes, a gente fingia que não entendia espanhol,
principalmente com algum policial que tinha o jeito da implicância, em
fronteiras... A gente dava uma enrolada, falava que não entendia. Ouvimos de
viajantes mais experientes que usavam o mesmo truque que a gente que pediam até
para o cara escrever. Compromete muito principalmente se o cara tá pedindo
dinheiro indevido.
Em outras situações, a gente não entendia de verdade o que as
pessoas diziam. Mas tudo bem também, a gente sempre se virou. Não passamos
fome, nem frio, encontramos caminhos e sabíamos os preços das coisas. E ainda
conseguimos dar nossa opinião e reclamar quando necessário. Até xingar de vez
em quando...
Claro que fomos aprimorando no decorrer da viagem. Pegando algumas
nuances das línguas. Mas voltando ao Brasil, o português parecia música de
anjos para nossos ouvidos. Nos divertíamos com peculiaridades da nossa língua.
Chegando a Porto Alegre, tivemos que comprar um cartão telefônico. Na loja onde
compramos a moça com simpatia nos explicou: “Mas se for ligar pra celular, não espicha, senão ele come rapidinho!”. Saímos rindo da loja, gringo jamais pegaria o sentido dessa
frase. Com a gente, fora do Brasil, muita coisa assim deve ter passado!
Ouvir essa frase ajudou a nos tocar, sim, estamos de volta!
Prá uma realidade conhecida e confortável. Isso é bom de sentir após muito
tempo fora de casa.
Outra coisa foi a natureza que encontramos logo perto da
fronteira. Na margem da estrada, passando pela tripinha que liga Chuí a
Pelotas, vimos maior diversidade de animais num pequeno espaço do que em toda
Costa Rica. Lógico, na Costa Rica eu não me embrenhei na floresta atrás das minúsculas
pererecas. Mas comparando com outras estradas, vimos jacarés e capivaras,
dezenas deles convivendo pacificamente com uma quantidade enorme de aves. Da
janela do carro. Encantador.
A passagem por PoA foi rápida. Encontramos um amigo do Mauro
no trabalho e conhecemos pessoalmente novos amigos que contatamos pela internet.
Diana e Fabiano também são viajantes, campistas de carteirinha. Eles têm um
ótimo blog com a relação de campings onde ficaram não só no Brasil, como na
América do Sul e Europa. Nos receberam em sua casa para um jantar e conversa. Foi
ótimo!
Gurizada boa essa |
De Porto Alegre tenho pouca informação. Bom mesmo foi voltar
a comer por quilo, um monte de salada, comida fresquinha e saborosa. Perguntar
e entender a resposta sobre qual ônibus
tomar. E também, ficar com receio de estar de relógio na rua. E reclamar um
monte dos pedágios no Brasil. Que coisa de louco, muitos e caros!
Muito prazer, Brasil! |
Seguimos para a região das missões. E lá encontramos uma
história que desconhecíamos. Como estrangeiros no próprio território. Sobre
isso, no próximo post!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário será publicado após aprovação.