sexta-feira, 8 de março de 2013

Cusco e o Vale Sagrado


A estrada entre Nazca e Cusco é maravilhosa! A mudança de paisagem causada pelo desnível é impressionante! O deserto vai ficando para trás e surgem montanhas verdes e rebanhos de carneiros e alpacas. São essas mudanças lentas que fazem a viagem de carro valer a pena!

Lindo apreciar a mudança de paisagens aos poucos

Chegamos em Cusco embaixo de uma forte chuva.Vou ser sincera: depois das cidades que passamos pelo Peru, minha expectativa com relação a Cusco era muito baixa. Foi uma grata surpresa.
Muita chuva no primeiro dia

A cidade é sim bonitinha, feita para turista. Cheia de cafés, lojinhas, restaurantes.
Um dos passeios imperdíveis é a Plaza de Armas. Linda e sempre cheia de gente, turistas e ambulantes. Mas nada que te sufoca nas abordagens. Todos estão querendo vender seu peixe mas de forma menos invasiva que, por exemplo, no México.
Com sol, tudo é mais lindo


Com relação a passeios turísticos, eles vendem um tal de boleto turístico que é um preço exorbitante e engloba quase todas as atrações e igrejas de Cusco e do Vale Sagrado (não engloba Macchu Picchu). Apesar de termos ficado bastante tempo em Cusco, resolvemos economizar esse dinheiro e desse pacote, visitamos apenas o Qorikancha (S 10), na avenida do Sol. O Qorikancha se transformou no Templo de Santo Domingo na época colonial mas era o Templo Mayor dos Incas. Um templo coberto de ouro e prata, em adoração aos deuses principalmente ligados a colheita (sol, lua, arco-íris, trovão). Algumas peças eram em ouro maciço de tamanho real, como milhos usados para oferendas.Outros, eram recobertos em metal, como uma fonte cerimonial octagonal coberta com 55 kg de ouro.
Qorikancha
Todo o ouro e prata foram derretidos e enviados para a Espanha. Pelo menos, o trabalho nas pedras foi preservado e reutilizado pelos freis, aproveitando toda a estrutura inca para erguer o templo Santo Domingo. Não perca a pedra de 14 angulos, próxima ao antigo templo a lua. É fantástica!
Nas ruas de Cusco oportunidades não faltam em apreciar e se surpreender com o trabalho dos incas em pedras. Apenas fique de olhos bem abertos!

É importante ressaltar que Cusco era o centro político-econômico-religioso dos incas. O imperador morava aqui e era considerado um deus para as pessoas. Era em Cusco que aconteciam as grandes festas ligadas a colheita e de onde saiam as leis incas. Várias estradas saiam de Cusco e a ligavam com as demais cidades.
O império inca se estendia do que hoje é o Equador até o norte da Argentina. Apesar de não terem desenvolvido a escrita, os incas foram um dos povos mais desenvolvidos da América. Eram hábeis com trabalho em pedra e na agricultura. Os incas não eram “santos”não. Para um dominante, existe sempre vários dominados. Aparentemente, eles eram menos violentos que os aztecas, mas o sacrifício humano fazia parte de seus rituais e eles tinham vários inimigos. Uma das coisas que ajudou os espanhóis a dominarem e praticamente exterminarem os incas foi a aliança com os povos inimigos daqueles.
A história da dominação dos primeiros americanos é regada em sangue e luta. Apesar de maioria, os incas perderam a guerra contra os espanhóis e seu lugar no domínio de grande parte do que hoje é a América do Sul. Visitar Cusco é caminhar sobre história e conhecer mais sob quais pedras foram erguidas as sociedades de hoje.
Bem, voltando ao turismo em Cusco, nas imediações do Mercado Central San Pedro, está uma parte menos turística, uma espécie de 25 de março cusqueña, guardadas as devidas proporções. Foi por lá que vimos os primeiros fetos de alpacas desidratados. Algo que não temos foto, infelizmente.
O sítio arqueológico de Sacsayhaman era encostado no camping e quando voltamos do Vale Sagrado, passamos por uma estrada de onde é possível ver pedaços da antiga fortaleza inca. Se for cara de pau suficiente, é possível entrar pela lateral.
O Vale Sagrado é bonito, mas vimos vales mais bonitos do que ele. E cá entre nós, não sabemos direito de onde vem esse “sagrado” que mais parece um nome turístico prá vender passeios. Para nós, significaria que é um vale fértil e os incas eram um povo com perfil agrícola bem forte. E hoje o tal vale  está muito mais ligado ao turismo e não é tão cultivado quanto outros que passamos pelas estradas no Peru.
Mas nós passamos por Ollantaytambo a caminho de Santa Teresa e visitamos Pisac e sua famosa feira de domingo. Vale a pena, pelos produtos diferentes dos encontrados em Cusco.
Pigmentos naturais

Se você quer ver estrada bonita, siga de Ollanta até Santa Maria, os vales são lindos, muitas cachoeiras que nascem do derretimento da neve do topo das montanhas, além dessas mesmas montanhas com neve são colírios para os olhos! E a estrada é asfaltada. Pode ir sem medo!

Muitas curvas nessa estrada


Dicas:
- Em Cusco, não perca a padaria Qosco Maqui, na Av. Tullumayo. Os melhores pães em meses, inclusive croissants!
- Jantamos muito bem no Cicciolina, também em Cusco. Provamos a carne de alpaca e foi aprovadíssima!
Filhote de alpaca no camping
- Acampamos em Cusco, num camping que ficava no alto de uma colina, pertinho do Sacsayhaman (Quintalala S 13*30.333' W 71*59.107") e longe do burburinho. O camping é ok, poderia ter sido melhor se não fosse o monte de barro que ficava por conta da chuva mas o mais curioso foi acordar de manhã cercado por alpacas que uma pastora levava para pastar todos os dias de manhã. 
- Ainda em Cusco, no almoço é fácil encontrar menus por volta de 10 pesos por pessoa.
- Várias lavandeiras na rua Saphy a bom valor ( S 3/kg). Vale a pena caminhar até o centro com a trouxa de roupa suja, nem que seja na cabeça!

O lado B da viagem está presente todos os dias!

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