Barcos de totora |
O lago Titicaca é o lago
navegável mais alto do mundo, está a 3.827 m de altitude. Ele é enorme e fica
na divisa entre Peru e Bolívia. Visitamos as duas principais cidades, Puno e
Copacabana.
Lago Titicaca |
Em Puno (Peru),
aproveitamos para visitar as ilhas
flotantes de Uros. Fizemos o passeio de meio dia, por conta própria,
pegando um barquinho do porto. É fácil fazer por conta própria.
A história do lugar e
a maneira que eles usaram as totoras para construir as ilhas é mais
interessante que o passeio em si. Conta-se que as ilhas flutuantes foram a
maneira que alguns grupos de indígenas encontraram para fugir dos incas.
Considerando que os incas sacrificavam 500 crianças por semestre para os deuses
da colheita entre outras coisas, acredito que muitos queriam distância deles.
Dai, encontraram essa solução de construir essas ilhas com a totora, uma palha
que cresce abundantemente no leito do lago.
Hoje, eles dizem que
ainda vivem nas ilhas mas é difícil acreditar. Não existe nenhuma motivação
real para continuar vivendo ali, a não ser o turismo. Para manter as ilhas
flutuando, é necessário colocar totora nova a cada 15 dias. Um trabalho enorme!
Mas deve valer a pena
porque nos tempos dos incas, existiam apenas quatro ilhas e hoje são por volta
de 70! Sem tratamento de esgoto adequado, fica difícil usar a água do lago para
alguma coisa.
Foi em Puno que
sofremos a primeira agressão contra nosso carro. Tivemos que estacionar na rua
porque o hostel não tinha estacionamento e picharam nosso carro. Ainda bem que
foi só isso e que conseguimos remover a tinta com querosene. Mas fica de
alerta, parar uma casa rodante na rua
tem muitos perigos!
O dó do Jumbo! |
De Puno, seguimos para
Copacabana, outra cidade do lago Titicaca mas dessa vez, do lado boliviano. Na
nossa primeira cidade da Bolivia, já percebemos como esse povo é festeiro.
Chegamos no dia da festa mais famosa da Bolívia, da Virgem da Candelária.
E as cholas rodaram |
Durante essa festa,
assistimos ao desfile de Ch’utas e Cholas acompanhados de bombos e zampoñas
(flautas andinas). Nesses desfiles, homens e mulheres cuidadosamente
fantasiados dançam uma coreografia em homenagem aos deuses da colheita. Essa
festa é antiga, remonta aos tempos dos povos pré colombianos. O que aconteceu é
que na época colonial, a Igreja Católica tentou acabar com essas manifestações
pagãs mas não conseguiu. Dessa forma,
ela acabou transformando essa festa numa festa religiosa, aceita e
difundida. O que se vê hoje é uma grande festa com muita cultura mas
pouquíssima religiosidade. Até mesmo os objetos de oferenda a Virgem da
Candelária (ou deuses da colheita) se assemelham as oferendas antigas.
Rodaram muito todas a cholas |
A Virgem da Candelária |
As Cholas ainda fazem
os tapetes decorados de flores no chão, para que a procissão passe por cima.
Muito simples mas tudo com muita fé e dedicação.
Com flores! Nada de serragem colorida! |
A festa é bonita mas a
música é sempre a mesma, com pouca variação. E não importa a cultura, festas
populares sempre são uma desculpa para se beber muito. A grande diferença para
nosso carnaval é como eles consomem a cerveja: em temperatura ambiente. Muito
estranho!
O esquenta e o esfria era a base de Paceña |
No meio do desfile, um homem servia whisky na tampa pros músicos |
Adoramos essa
coincidência de chegar bem no dia do vuco-vuco e poder participar da festa
junto com os bolivianos, por enquanto o povo mais festeiro da viagem!
Também em Copacabana,
tem-se o costume de abençoar o carro com xamãs, vinho, charuto e flores. Não
tem como não lembrar do candomblé, com o xamã dando volta no carro soltando
fumaça do charuto pela boca, oferecendo o vinho para os proprietários e dizendo
frases incompreensíveis. Não “benzemos” nosso carro, que saiu bento pelo Padre
Chico lá de Santos, mas vimos vários carros benzidos, cheio de flores.
Inclusive, pessoas de La Paz quando compram um carro novo levam para Copacabana
para benzer.
Por causa do mal
tempo, não visitamos a Ilha do Sol, o passeio mais famoso a partir de
Copacabana. Ficamos vendo a festa e depois, seguimos viagem para La Paz. Mas
esse pouco tempo que estivemos em Copacabana, já deu pra sentir muito da
cultura e dos costumes dos bolivianos, um povo autêntico e feliz.
Os bolivianos nos surpreenderam |
Fronteiras:
Trâmites para a saída
do Peru: havia uma fila considerável mas foi super tranquilo. Primeiro, fizemos
nossa imigração, carimbando nossa saída no passaporte. Num prédio em frente,
entregamos o documento da importação temporária e seguimos rumo à Bolívia.
Trâmites para a
entrada na Bolívia: foi o único país até o momento que pudemos fazer a
importação do carro antes da imigração. Os documentos para tanto são os mesmos
de sempre: cópia e Xerox da CNH, documento do carro e passaporte. Eles emitem o
documento sem custos. Apesar do policial tentar dar uma de esperto e pedir pra ver cópia do seguro do carro, sabemos que ele não é obrigatório na Bolívia. Pule fora dessa dizendo que
já tem. A imigração foi simples, apenas o carimbo de entrada no passaporte e
preenchimento do papel da imigração. Tudo sem custos para brasileiros. Outros
cidadãos necessitam pagar uma taxa para visto, atendendo a justa lei da
reciprocidade.
Oi Marina,
ResponderExcluirFazia tempo que não passava por aqui. O tempo anda muito curto. rs
Essa parte da viagem está demais. Quando estive no Peru não consegui ai ao Titicaca. Só vi do avião. Quero ainda voltar lá. O Peru é muito festivo. Cores lindas e fotos incríveis.
Beijos