quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Preparativos: saúde

Uma aventura desse porte precisa de um planejamento antecipado. Entre outras coisas que iremos detalhar no decorrer dos preparativos, a preocupação com a saúde é uma questão fundamental.

Nessa segunda-feira, dia 27/12, fomos ao nosso clínico geral Dr. Bruno Pompeu, relatar para ele nosso projeto. Achamos que ele poderia nos ajudar nessa parte do planejamento da viagem, fazendo um check-up, nos indicando vacinas, ajudando a montar um kit de primeiros socorros mais completo e sendo um apoio caso precisemos de um suporte médico à distância. O Dr. Bruno é como um médico de família: faz a consulta de uma maneira bem completa, acompanha o histórico de saúde do paciente, realiza exames clínicos, pergunta o que acontece com você e depois faz suas recomendações.
Na nossa consulta, ele não nos decepcionou. Mostrou-se envolvido e curioso pelo projeto e levantou vários pontos importantes para serem pensados. Abaixo seguem alguns dos questionamentos e informações dele:
·         Qual o tipo sanguíneo de vocês? Existe alguma carteira internacional com essa informação?
·         Quais são as doenças endêmicas dos lugares que vocês passarão? Sabendo isso fica muito mais fácil o diagnóstico e também o tratamento de um eventual problema.
·         Quais são os meios de comunicação que vocês levarão: celular, rádio, Nextel , Telefone via satélite, etc?
·         Picadas de cobras são muito mais comuns do que podem pensar. Vocês sabem onde encontrar postos de saúde/hospitais com soro antiofídico no percurso? Existe algum GPS que marca esses locais?
·         As aranhas mais perigosas não são as grandes e peludas e sim as pequenas e marrons, de patas finas, como a armadeira. Cuidado com elas! Principalmente dentro dos sapatos, pois elas gostam de lugares quentes e protegidos.
·         A malária está concentrada nas zonas de floresta tropical de baixa altitude como na Amazônia brasileira. Quando você entra numa zona de malária, existem barreiras sanitárias.
·         Vocês saberiam o que fazer no caso de um ataque de enxame de abelhas?
·         Tenham muito cuidado com a água que vocês irão ingerir. É a forma mais comum de transmissão de doenças, principalmente em países com baixo índice de saneamento básico.
·         Outra forma muito comum é pela picada de mosquitos. Usem um bom repelente, como daqueles usados por pescadores americanos.
·         É importante levar colírios anestésicos e antialérgicos para uma emergência
Pois bem! Coisas que nem havíamos pensado! Valeu a pena nossa consulta dupla. Ficamos de fazer uma pesquisa, pois precisamos estar preparados para alguma emergência nesse sentido. O Mauro até está pensando em fazer um curso de primeiros socorros!
Normalmente em nossas viagens, já levamos um kit de primeiros socorros que fomos montando com a nossa experiência, sem nenhuma recomendação profissional. Mas o Dr Bruno ficou de elaborar uma lista de medicamentos para levarmos. Também nos passou alguns exames de laboratório. Esses exames ficarão com ele, para consulta num atendimento de emergência à distância.
Sou otimista por natureza e acho que “everything is gonna be all right”. Mas prezo pela nossa segurança, e um planejamento básico não elimina os riscos. Porém, se acontecer alguma coisa, estaremos preparados! Agradecemos ao Dr. Bruno desde já!!!

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Manaus, viva essa experiência!

     Fomos para a Amazônia em janeiro de 2008. O Mauro já havia estado lá com as irmãs uns três anos atrás, mas ele topou ir comigo. Fomos de milhagem, pois a passagem aérea para lá é muito cara.
     A Amazônia é outro mundo! Não parece quase nada com o sul/sudeste do Brasil,  mais explorado e conhecido por nós, santistas.

     O clima é diferente, a constituição das pessoas é diferente, os animais, frutas e vegetação são diferentes... Soma-se a isso tudo a grande distância geográfica entre São Paulo e Manaus e pronto: Amazônia pode ser considerada um destino internacional!
     A experiência do Mauro foi bem interessante. Por ter ido para lá duas vezes em épocas distintas, ele vivenciou a a cheia e a vazante. E esse detalhe faz toda diferença. Fica uma fórmula mais ou menos assim: cheia=avistar menos animais; vazante= ver muitos animais.

     Eu fui na cheia e passear de barco pelos rios observando que o nível atinge quase a altura das copas das árvores ( e elas não morrem afogadas!) foi uma experiência incrível. Mas vi pouca fauna.
     Na Amazônia os programas mais legais estão na selva. Pesca de piranhas, focagem de jacaré, alimentação de botos, trilhas e deslocamentos feitos por barcos fazem a gente se sentir mais próximo da natureza. Fora que são passeios regionais, você não encontra em outros destinos essas propostas.

     Nos percursos em barco, no rio Negro, não há mosquitos. Mas nas trilhas pela floresta, vista-se adequadamente, pois fomos picados até na cabeça! Isso que eu estava com blusa e calça compridas (siiimmm, no calor de uns 35°!).
     Desses programas, o que mais “causou” foi a focagem do jacaré. Estávamos hospedados em um hotel nas anavilhanas e na noite da focagem, saímos por volta das 21:00, num barquinho, com mais quatro pessoas, no meio da floresta amazônica, sem celular. O barqueiro se embrenha pelas nas ilhotas, todas IGUAIS, gira, dá voltas e a pergunta “Vocês tem bússula, certo”. Não, lógico que não. Prá quê? Cabloco tem bússula interna! Rodamos por hora e meia e nada de jacaré. E eu, “paciência, já vi jacaré no zoológico, vamos voltar”. Nããão, mais um pouquinho... e o barqueiro se enfia no meio dos galhos das árvores, para ver se encontra um jacaré escondido. E os galhos batendo no barco, a gente tirando os galhos do meio do caminho no escuro e a ideia: já pensou se a gente CAI do barco? Se tem uma cobra no meio desses galhos todos? Afinal, isso é uma floresta...  “Então guia, beleza, queria ver o jacaré, mas ele não quer me ver, vambora daqui...” No caminho de volta, o barqueiro encontra um par de olhos brilhantes. Era um jacaré, que estava no meio de outros galhos. Lá vamos nós, no silêncio e escuro. O guia valente que só, pimba! Pegou o jacaré, que era pequenino, amarrou a bocarra e ficou segurando ele, dentro do barco. E o Mauro “Vai lá, tira uma foto com o jacaré!” “Tô bem aqui.” Todos insistiram, afinal deu trabalho encontrar o tal. Concluindo, o mais perto que consegui chegar foi isso.

     A Amazônia é um programa bem legal. E caso você queira ir,  tome muito sorvete de taperebá, coma tucumã com queijo, experimente o peixe tucunaré em postas. E na bagagem, além de lindas recordações, fotos e palavras de raiz indígenas, volte tendo vivenciado experiências que ficarão para sempre na sua memória.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Vida de Qualidade x Qualidade de Vida

Tomar a decisão do sabático não foi fácil. A ideia de viajar pela América, descobrindo culturas e se descobrindo envolve um comprometimento emocional muito grande. Grandes decisões sempre vêm acompanhadas de grandes responsabilidades. Todos os aspectos da nossa vida irão se modificar. Trabalho, família, pertences, rotina, hábitos. Precisaremos aprender a viver com menos: menos espaço para dormir, para guardar roupas, para cozinhar; menos dinheiro.

Para continuarmos convictos da nossa decisão, temos nos alimentado de várias formas. Veja bem, não com comidas saudáveis – nesse corre-corre a alimentação saudável tem dado um tempo. Mas com atividades que alimentem o nosso ser.
A leitura tem sido uma. Pusemos até um link ao lado com os livros que estamos lendo, aqueles que têm nos dado oportunidade de reforçar nossa decisão. Vamos complementar essa lista com “livros anteriormente lidos” e que foram e são significativos. Os livros que lemos nos formam e servem de referência do que acreditamos e somos.



Como estamos com o espírito bem aberto, surgiu a oportunidade de participar de um evento de fim de ano cujo o tema era muito interessante. A palestra foi em S. Paulo, o que para mim significa deslocamento na estrada e travessia da cidade em dia de muita chuva. Mas o tema, no folder, chamou nossa atenção e decidimos ir mesmo assim.        
O nome dela era “A vida que vale a pena ser vivida”. Curioso, não? Logo agora que decidimos pelo sabático, aparecer uma palestra com esse tema! Realmente, ela veio dar mais base, sustentar ainda mais a nossa decisão.
Foi ótima! O Profº Clóvis de Barros Filho tem uma dinâmica muito boa, absolutamente cativante. Discorreu de assuntos filosóficos, mas com uma abordagem muito real. Um exemplo? Numa crítica aos livros de autoajuda, disse que nunca encontramos nesse tipo de livro como nos portar quando um carro, tartarugando na nossa frente, passa o sinal e nós ficamos no vermelho.
Falando assim, parece simples. Mas dizia, entre seus exemplos, que o simples fato de pensar sobre a vida que eu quero viver é uma tarefa que gera angústia nos homens. Gera e sempre gerou, desde que o homem se entende como homem. O que me deixa feliz hoje, pode não ser a mesma coisa que me deixava feliz há 10 anos atrás.
Cabe a nós decidirmos por uma “vida de qualidade”, nós somos os responsáveis em criar, sem fórmulas, a vida que vale a pena ser vivida para nós. O que é bem diferente de "qualidade de vida", conceito massificado de valores, que podem até ser bons pra alguns, mas pode não ser para você. Profundo, não?

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Cachoeiras da Chapada Diamantina

            As águas e pedras da chapada possuem características muito fortes. Apesar de limpas, as águas na maioria são escuras, parecendo chá-mate bem fraquinho. As pedras parecem que sobrepõe-se umas às outras. Em todas as trilhas que margeiam o rio, minha impressão é que houve um grande desmoronamento, e nunca ninguém conseguiu arrumar a bagunça que ficou.
            Há uma infinidade de cachoeiras na Chapada Diamantina, de difícil e fácil acesso, com águas geladas ou mornas, transparentes ou escuras, altas ou baixinhas, com canyon, sem canyon, com gente, sem gente. Ufa! Difícil escolher qual a melhor.

Cachoeira do Buracão (2003): considerada por nós a número um. Ela fica no município de Ibicoara, a uns 200 km de Lençóis. O acesso é fácil, com uma trilha muito agradável, com muitas paradas para banho. No caminho, passamos por mais duas cachoeiras, uma delas subterrânea, pois não tem rio nem poço (água sai de dentro de uma parede e corre para baixo das pedras). O gran finale é o Buracão mesmo. Quando acaba a trilha, você chega a um desfiladeiro com rio e não avista a cachoeira, somente escuta o som forte da água. Tem duas alternativas: pode ir nadando contra a correnteza até a queda ou caminhar agarrado às pedras do canyon, chegando lá seco e com a câmera fotográfica a salvo. Então você chega num buracão, com aquela água toda despencando. Para voltar, ou pelo canyon novamente ou levado pela correnteza do rio. Esse é um lugar de sentir. As fotos não conseguem traduzir o impacto que nós sentimos.

Cachoeira da Fumaça (2003): para se chegar nela, tem uma trilha íngreme, com poucas árvores no caminho. Quando fomos tinha pouca vazão de água, e a cachoeira pouca fumaça tinha. Ela assim se chama por sua queda ser de 400 metros de altura, e de tão alta, não chega direito lá embaixo, vira fumaça. Existe também a trilha de três dias para ver a Fumaça por baixo. Ainda não fizemos mas dizem ser um trekking belíssimo.

Cachoeira do Cristais e Três Barras (2003): a única trilha que fizemos sem a presença de mais ninguém a não ser o guia, foi essa. Uma trilha muito difícil, que exigiu muito esforço físico e cuidado, principalmente porque havia chovido e o rio estava alto, exigindo que fizéssemos um canoying (caminhada nas pedras no leito do rio). Foram 16 km de caminhada no total, nessas condições. Essas cachoeiras ficam na serra do Capa-Bode, um dos locais mais altos da Serra do Sincorá. Valeu, pois as cachoeiras são lindas, principalmente a dos Cristais. Além disso, passamos por um campo onde cristais pareciam brotar do solo! Nunca tinha visto nada igual!
Cachoeira do Mosquito (2007): Na verdade, visitamos essa cachoeira em 2006, no último dia do ano, aproveitando assim para tomar um belo banho de descarrego, limpando o corpo para receber todas as energias positivas do novo ano que já estava na porteira. A trilha de 2 km é considerada fácil mas no final exige um pouco mais pois precisamos atravessar um rio com água até o joelho e descer um barranco bem íngreme. A cachoeira é linda, emoldurada pelas pedras características da região e ótima para se banhar. Fica numa propriedade particular, então paga-se uma taxa para visitar.
Cachoeira do Sossego (2007): infelizmente, de sossego não teve nada! A trilha foi difícil, pois vai-se beirando o rio, pulando pedras. Nós resolvemos ir sem guia e num trecho a trilha acabou. Procuramos e nada. Quando estávamos desistindo e voltando tristes, um casal passou acompanhado por um guia e voltamos, para ver qual era o caminho. Nesse trecho, tem que cruzar o rio e passar por baixo de uma pedra. Daí pra frente, a trilha continua e se chega a cachoeira. Por sinal, no dia que nós fomos, o tal sossego foi embora, junto com uma galera que pulava e gritava loucamente nas suas águas. Tomamos um banho rápido e voltamos a trilha, registrando a pegadinha da “passagem pela pedra” e aproveitamos para tomar banho de rio num lugar mais tranqüilo.
Poço do Diabo (2005): por ser de fácil acesso, estava mais que lotado de gente. É um lugar bom e bonito para banho, próximo de Lençóis (sentido Mucugê). Preferimos ficar no rio na parte de cima da cachoeira, ótimo para relaxar.
Cachoeira do Raposo e Brumado (2005): fica em Rio de Contas e para se chegar nelas, pegamos o caminho de uma antiga estrada de pedra que ligava Rio de Contas e Livramento no período da exploração do ouro. A cachoeira do Brumado é avistada da rodovia verde, a estrada que chega em Rio de Contas. Não tomamos banho nela pois dizem por aí que pode estar poluída pelo esgoto de Livramento. Mas o visual dela é incrível!
Canyon da Cachoeira da Fumacinha (2009): fica próximo a Ibicoara e está se tornando passeio obrigatório. Nós fizemos o trekking para se avistar o canyon. Até conseguimos ficar atrás de uma quedinha d’água mas não é possível ver a cachoeira. A vista do canyon é espetacular! A caminhada foi média e valeu de propaganda para fazermos da próxima vez a trilha pelo canyon da Fumacinha, na parte de baixo. Dizem que o trekking é bem difícil mas que o esforço vale à pena!
Cachoeira dos Funis (2005): essa aí, meu amigo, fica no meio do Vale do Pati. Só quem faz as travessias que passam pelo vale é que podem conhecer! A caminhada, que para nós saiu da casa do Sr. Wilson, é fácil e a cachoeira é uma delícia! No caminho, várias quedinhas d´água interessantes.
Ribeirão de Baixo e do Meio (2005/2007/2009): na verdade é um rio com pequenas quedas, formando poços deliciosos para banho e pedras para descanso. Fica em Lençóis e é pouco procurada por turistas, com acesso fácil a partir do centro.

Chapada Diamantina

A Chapada Diamantina é um Parque Nacional criado em 1985 com o objetivo de preservar, além das paisagens cênicas da região, as nascentes dos principais rios que alimentam a Bahia. Fica localizado no centro da Bahia e inclui os municípios de Lençóis, Andaraí, Palmeiras, Mucugê e Ibicoara. O relevo montanhoso caracterizado pelas chapadas, com altitudes variando de 400 a 1200 metros, contribui para a biodiversidade da região.  Portanto, quando for para lá, esqueça caatinga e seca, pois a Chapada é recheada de cachoeiras, milhares de espécies de plantas, muitas endêmicas, e visuais arrebatadores.

            Nos apaixonamos por essa diversidade de paisagens impressionantes, presentes no mesmo lugar, fazendo com que a chapada seja nosso destino mais visitado. Por lá se pode visitar morros, canyons, vales, grutas e cachoeiras. Além disso, existem infinitas trilhas que passam pelo meio do parque e que te levam para dentro desse cenário.
            Não podemos nos esquecer das pessoas que vivem lá, sejam nativos, sejam migrantes apaixonados que lá se estabeleceram. Um povo extremamente simpático e cordial.

            Infelizmente esse lugar paradisíaco também tem seus problemas. Hoje se o garimpo do ouro e extração do diamante não assusta mais, o gado e suas queimadas sempre provocam estragos no ecossistema. É um problema muito sério, que sempre aparece na mídia.

            Com tanta coisa para fazer e se conhecer, fica difícil realizar todos os passeios de uma só vez. Nós já carimbamos nosso passaporte para lá quatro vezes, nos anos de 2003, 2005, 2007 e 2009. Portanto, esse diário será a impressão de todos esses anos, separados por atrações e pelo ano visitado.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

El Chaltén

   Após Punta Arenas, fizemos paradas estratégicas em Puerto Natales e El Calafate (tudo de ônibus) e seguimos em direção a El Chaltén. De El Calafate contratamos um tipo de excursão que incluía ônibus ida e volta de Chaltén e hospedagem no Hostel Rancho Grande, onde passaríamos 4 noites em quarto compartilhado.
            A caminho de Chaltén a ansiedade tomou conta de mim: que tipo de lugar estaria nos esperando? Mas o medo passou assim que chegamos e fomos recebidos por hostess jovens e simpáticos que explicaram tudo direitinho pra gente. O hostel estava lotado, jovens pra todos os lados, sentados juntos em grandes mesas, contando suas aventuras nas montanhas de Chaltén. Pessoas de todas as partes do mundo, compartilhando informações.
De imediato, adoramos o lugar e soubemos que teríamos uma estadia feliz.
            Nosso primeiro dia de caminhada não foi muito bem planejado. Foi o dia do “mas” Acordamos cedo mas saímos tarde. Tínhamos programado fazer uma trilha rápida e light mas nos empolgamos com o dia maravilhoso que fazia e com as paisagens e, bem,  acabamos andando mais de 26 km, com muitas subidas, em 10 horas e meia. 
             Compramos um mapa de caminhadas e fizemos todas as trilhas sozinhos. Nesse primeiro dia, fomos até o Glaciar Piedras Blancas, num caminho sem muitas dificuldades e extremamente lindo.
            Perturbados com a paisagem, fomos envolvidos por outros trilheiros que encontramos voltando da laguna de los 3. “Ah, voces precisam ir até lá! É lindo!” E lá fomos nós, seguindo essas recomendações. Mas sabe aquela trilha que você vê ao longe e pensa “puxa, coitados desses caras!”, então era essa.
            Na subida, muita pedra, muita areia e muito sol. É extremamente desgastante subir montanhas nessas condições e vou te dizer, o que me fez continuar foi avistar um casal de meia idade descendo a trilha. Meu, se eles conseguem, é lógico, vou conseguir também!
            O glaciar De Los Três é lindo, a vista é deslumbrante (mais de 600 metros de desnível), tem lago e neve! Novamente digo, valeu a pena o esforço.
            Para o segundo dia, combinamos fazer algo leve de verdade e fomos de van até o Lago del Desierto. Foi um dia diferente, com almoço e jantar preparados e não apenas com barrinhas de cereais e carboidrato em gel (leve-os: você vai precisar!).
       Nosso terceiro dia caminhada começou com tempo encoberto e cara de chuva. Não desistimos do trekking e fizemos o glaciar Torre e a lagoa Capri.
            A trilha para o glaciar é bem movimentada, um indício que o caminho não seria muito difícil. Se não fosse uma mudança brusca do clima quando estávamos chegando perto, com ventos muito fortes. Por causa disso, resolvemos sair de lá rapidinho para continuar nossas caminhadas.
Passando pelas lagunas Madre, Hija e Nieta, resolvemos fazer uma merecida pausa para descansar e admirar o lugar. Estava muito agradável nossa prainha, embora não tive coragem de nadar nas águas de laguna nenhuma, igual ao que presenciamos de hermanos chilenos, com direito a tchibum e tudo.
            Seguindo adiante, resolvemos fazer um “cut” e tentar encontrar um trilha não muito marcada até a Laguna Capri. Ficamos rodando por muito tempo e não conseguimos encontrar a tal trilha que nosso mapa mostrava. Nesses perdidos encontramos um outro tipo de marca no chão. Uma pegada aparentando estar fresca de ...pumas! Provavelmente uma mãe com filhotes pois havia patonas e patinhas. Assustamos com esse encontro inesperado e resolvemos que não gostaríamos de encontrar nenhum puma, por menor que fosse, em seu habitat natural. Dessa forma, voltamos pra trilha principal e retornamos para o hostel.
Na nossa última noite na patagônia, resolvemos provar o famoso cordeiro patagônico, celebrando o fim dos trekkings.
         Nossa avaliação da viagem: perfeita! Não choveu forte durante as trilhas (pegamos algumas gotinhas aqui e ali); não houve nenhuma contusão grave; apesar de algumas angústias geradas pela logística dos deslocamentos, não perdemos ônibus ou vôos para as cidades visitadas; sempre encontramos um albergue para pernoitar (mesmo sujinhos) e conseguimos realizar todos os passeios que planejamos.
Melhor que isso! Só voltando!!!!

Punta Arenas



      Partindo de Torres Del Paine, fomos para Punta Arenas. Punta Arenas é a cidade mais austral do Chile e é lá que se localiza o Estreito de Magalhães, a passagem entre o Oceano Atlântico e o Pacífico utilizada antes do canal de Panamá. Quando lá chegamos, descobri que a expressão “onde o vento faz a curva” pode ser muito bem aplicada a essa região. Como venta! Magalhães deve ter tido um trabalho danado para cruzar suas águas.

            Punta Arenas é conhecida também por suas pinguineras. Visitamos a pinguinera de Seno Otway, onde pudemos visitar os pingüins de Magalhães em seu habitat natural.   
            Tirando o forte vento, foi ótimo o passeio, pois os filhotes estavam trocando a penugem.  Vê-los na água do mar, perfeitamente adaptados a natureza, foi muito emocionante. 
           Até fomos em agências de viagens ver se conseguiríamos dar um pulo em Ushuaia mas descobrimos que com o curto tempo que teríamos na cidade não seria possível. Vai ficar pra próxima! Então fomos passear pela cidade, conhecemos o cemitério, fomos até a Zona Franca e jantamos um prato que ficará para sempre na nossa memória gustativa: Chupe de King Crab! Além de umas lulas imensamente macias. Que delícia!

Pirenópolis

      
  Pirenópolis foi uma parada de uma viagem maior que fizemos no coração do Brasil. Pernoitamos por dois dias e descobrimos que Pirenópolis, além de ser uma cidade tombada pelo Patrimônio Histórico, é uma simpatia! Como não pódia deixar de ser, encontramos uma cidadezinha com casas antigas em ótimo estado de conservação.
            Por estar a 150 km de Brasília, Piri (como é carinhosamente chamada), é muito procurada por turistas da região central, que costumam fazer passeios de um dia. Turistas que acharam nessa cidade as praias de Brasília. Pirenópolis fica a uns 300 km do complexo das águas do Rio Quente.
            
         O que não falta por lá são cachoeiras. Todas elas são particulares e isso implica em pagar uma taxa por pessoa desfruta-las.
            Nós visitamos ao todo nove cachoeiras: Abade, Santa Maria, Lázaro e a fazenda Bonsucesso que tem trilhas para seis cachoeiras diferentes, acessadas através de pequenas trilhas. Todas elas contam com estrutura ao turista: tem banheiros, trilhas (não são bem trilhas, estão mais para caminhos) bem marcadas e conservadas, onde escorregaria mais existem apoios, guarda-vidas... Você paga a entrada mas tem algo em troca.
     As pessoas que frequentam as praias vão preparadas, com guarda-sol, cadeiras, bóias, cerveja e salgadinho. Nós, Santistas, ficamos meio "por fora", não levamos nada, só uma toalhinha para sentar.


            Banho de cachoeira é revigorante. Eu adoro! Mas visitar uma cachoeira com uma prainha, de rio “aberto” (que bate muito sol e por conseqüência a água é mais quentinha), não precisando ficar se equilibrando em pedras nem tendo que se ajeitar para não molhar suas coisas é muito melhor. As cachoeiras do Abade, Santa Maria e Lázaro foram as melhores por causa disso. Parece que estamos numa praia, só que depois do banho, não ficamos salgados. Na minha opinião, ponto positivérrimo, pois detesto ficar salgada depois do mar.






          Com clima de sol e calor, nossa que delícia de estadia!
            Tem mais: descobrimos que os goianos são extremamente simpáticos e solícitos. Uma parada tão boa que mereceu um post só para ela! 


             Pode ficar tranquilo que em Pirenópolis você tem uma estrutura de cidade acostumada ao turismo, com muitas pousadinhas e restaurantes românticos! Aproveitamos para experimentar pamonha salgada. Já comeu? Com recheio de linguiça e queijo hummmm, se for, traga uma prá mim!!!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Parque Torres del Paine


            O Torres del Paine é um Parque Nacional, declarado Reserva da Biosfera pela Unesco em 1979. Consiste em um maciço de montanhas muito altas e por vezes inacessíveis, campos de gelo e lagos. O clima é ingrato: venta muito, chove sempre, foi bem difícil ter um dia de sol (tímido). Por isso, uma preparação prévia, com roupas adequadas (corta-vento, impermeáveis, botas previamente amaciadas, gorros e luvas), faz as caminhadas serem mais agradáveis.
No Paine mudamos um pouco nosso esquema autônomo e contratamos um grupo daqui do Brasil. Ficamos hospedados no Ecocamp e nosso pacote contava com algumas mordomias do tipo carregadores que levavam a bagagem e preparavam um lanche para a chegada aos pontos do passeio. Ou seja, fizemos as trilhas “leves”, carregando apenas uma mochila com roupas sobressalentes, lanche, água, protetor solar e máquina fotográfica.
            Nosso grupo foi formado por sete pessoas, nós dois brasileiros, um casal norte americano, um casal de holandeses e Peter, um geólogo britânico. Completava o grupo o guia Cristyan, um chileno muito simpático, que nos acompanhou em todas as trilhas.
Se quiser dar uma passadinha por Torres, aquelas excursões de um dia, você até vai conhecer algumas belezas do parque. Mas se realmente quiser explorar suas vísceras e enfrentar as montanhas, coloque suas pernas para funcionar e caminhe. Muito.
            Fizemos o circuito, começando do refúgio Las Torres e chegando ao Glaciar Grey no terceiro dia. Com um dia de descanso concluimos o W em quatro dias, indo do Ecocamp até as Torres. Total do circuito: 66 km bem trilhados.
O primeiro dia foi fácil, uma caminhada do Ecocamp até o refúgio Los Cuernos, permeando o lago Nordenskjold, onde pousamos.
O segundo dia foi bem puxado, andamos mais de 20km em 10h40m, numa trilha elevada no meio do vale do Francês. Ficamos mortos ao final do dia mas compensou pois do meio do vale tem-se uma vista de todas as principais montanhas do parque. De lá também tivemos a oportunidade de escutar várias avalanches que vão acontecendo nas montanhas ao nosso redor. Terminamos nossa caminhada no refúgio Pehoe.
O terceiro dia era para ser tranqüilo, parecido com o primeiro. Só que devido a uma inversão do clima, andamos o tempo inteiro com o vento contra. Muitas vezes tivemos que nos abaixar, procurando abrigo atrás de pedras. Essa situação fez aumentar muito o tempo para a conclusão da trilha, pois era um passo pra frente e dois pra trás com os empurrões do vento norte. No final, deu tudo certo e atravessamos o lago de barco, num passeio até o Glaciar Grey, um paredão de gelo de 30 metros de altura.

Por sinal, preferimos esse passeio ao Glaciar Perito Moreno. Por ser mais baixo que aquele, o barco chega mais perto. Além disso, a bordo, servem whisky ou pisco com pedrinhas de iceberg da geleira. O must!
Do outro lado do lago Grey, havia uma van que nos esperando para nos levar de volta ao Ecocamp. Tivemos um dia de descanso e nesse dia fizemos os passeios de “turista de um dia”: visita à sede do parque, Salto Grande, a Cascata Paine, a Laguna los Cisnes, a Laguna los Flamencos e o Mirador Condor.
Em vários lugares do parque, avistamos muitos guanacos, um mamífero que é da família das lhamas. Ficamos empolgados ao ver os primeiro. Depois vimos tantos, tantos, que até enjoamos deles, tadinhos! Mas é bom ter muitos guanacos. Dessa forma o maior predador deles, o puma, pôde se restabelecer na região.
Nosso quarto dia de trilha consistiu em ir até a base das Torres. Não foi fácil não. Logo no início, uma subida de 1 hora de duração nos deu idéia do que seria o caminho. Depois a caminhada ficou plana, passando por vales maravilhosos.

 Chegando ao acampamento chileno, outra subida, dessa vez só em pedras. Após mais uma hora de subida íngreme, chegamos a base das torres. A visão é espetacular, somente as torres, salpicadas de neve, com um lago embaixo. Lá em cima fazia um frio danado mas a paisagem merece ser apreciada e ficamos lá um tempão, fazendo pic-nic com os companheiros de caminhada. Um pic-nic não tão elaborado quanto o de um grupo de italianos, que carregou em suas mochilas queijo, pão e ...uma garrafa de vinho!

De todas as montanhas por nós admiradas na Patagônia, as do Torres Del Paine foram as mais enigmáticas. Parece que o vento traz os desafios propostos por elas, do tipo, vai encarar? Elas são misteriosas e imponentes. Talvez por esse motivo ficamos tão encantados pelo parque. Ter passado seis dias contemplando essas paisagens e caminhando por suas trilhas nos conectou para sempre com esse pedacinho do Chile.

            Vale ressaltar: o parque é bem organizado. Suas trilhas são bem demarcadas e movimentadas por pessoas do mundo inteiro. Tem ótimos refúgios para pousar e vários espaços para camping. Não é necessário guia mas ele é um adicional interessante numa primeira visita.

El Calafate


Nossa primeira cidade base na Patagonia Argentina foi El Calafate, na Argentina, um oásis para quem achava que não existiria civilização na Patagônia. El Calafate é uma cidade que foi feita para o turismo, com muitas lojinhas, restaurantes e hotéis. Ela foi feita mesmo, não a toa que o aeroporto da cidade chegou junto com o Kichner na presidência, cuja a família tem muitas propriedades na região. Mas isso não tira o encanto da cidade, que abraça com carinho turistas de qualquer idade, das crianças aos velhinhos. Tem programas para todos!
            De lá que saem os ônibus para visitar o mais famoso ponto turístico da região: o Glaciar Perito Moreno. Fizemos o passeio trivial: passarelas e barco. Mas conhecemos quem fez o mini Trekking que consiste em caminhar sob o glaciar. Todos que fizeram não se arrependeram, mas nós ficamos no arroz com feijão.


            O Perito Moreno é imponente e ...vivo!Sim, ele fica o tempo inteiro estalando e se desprendendo em blocos de gelo, que fazem um barulhão danado quando caem no rio. Alem disso, dizem que ele cresce cerca de 2 metros por dia. Olhar para o Glaciar é ver o passado e se sentir pequeno diante da grandiosidade da natureza.

            Calafate tem outros pontos a serem explorados. A laguna Nimez, que fica na cidade, e tem uma fauna variada de aves, inclusive flamingos. Tiramos muitas fotos bacanas por lá fazendo nos habituar à região.

            Também visitamos o lago Roca,, que fica distante. Nós optamos por alugar um carro e ficar com um dia livre para rodar a região em torno e não nos arrependemos. Do Roca avista-se o Perito Moreno de outro ângulo, mais distante. E outros glaciares já que estamos no Parque Nacional dos Glaciares. Além de outras paisagens maravilhosas, é claro!
            Meio que à toa, fomos a um museu particular que conta a história da ocupação humana na região patagônica. Para nós foi extremamente educativo, tinha muitas informações, fotos e fósseis. Mas se você não gosta de museu, não vá.
Curiosidade: o nome da cidade “El Calafate” vem de uma frutinha com o mesmo nome que nasce por lá. Com essa frutinha, a população local faz doces, geléias e sorvetes. Numa de nossas andanças, dessa vez com bicicletas alugadas, encontramos uns meninos catando calafates e eu, curiosa que só, resolvi pegar algumas, desequilibrei da bici e pumba! caí em cima da arvorezinha, descobrindo outra particularidade dessa planta: ela tem espinhos!

Foz do Iguaçu

Não sei explicar muito bem porque Foz do Iguaçu é um roteiro preterido por jovens brasileiros. Será que é por causa das “compras no Paraguai”(sinônimo de contrabando)? Ou por achar que é um roteiro de 3ªidade? Não sei bem ao certo, mas quando se fala de Foz, as pessoas não demonstram muito interesse.
Nós do Anima fomos para lá e descobrimos que Foz é um destino belíssimo e que merece uma visita.
Esse passeio não foi muito aventureiro, no sentido de trilhas, carros e fortes emoções. Fomos para lá acompanhados de um primo italiano, que veio nos visitar e queria ir pra lá. Por sinal, me sentia “peixe fora d´água” com relação a estrangeiros e Foz pois todos os parentes estrangeiros conheciam e destino e eu não! Por que Foz exerce essa atração com estrangeiros? Provavelmente a força das águas e a beleza da paisagem fazem com que esse destino só perca para o Rio de Janeiro na procura por estrangeiros. Acrescento nessa equação a infraestrutura oferecida na região. As cidades que acolhem o turista estão bem preparadas, com uma rede farta de hotéis e restaurantes. Os parques nacionais, tanto o brasileiro quanto argentino, são preparados para receber a “massa” de gente, e possuem bastante informações e facilidades, como passarelas, rampas, elevadores, trenzinhos além de praça de alimentação e banheiros. Foz do Iguaçu conta também com um aeroporto internacional, o que facilita bem o acesso ao turista
Escolhemos conhecer Foz do jeito mais fácil: de pacote. Fomos na agência de viagem e compramos um pacote de 4 dias, incluindo aéreo, transfer, hotel, Usina de Itaipu. Lá, entramos em contato com um rapaz que aluga van e fechamos dois dias de passeios para termos mais flexibilidade. Achamos que quatro dias são suficientes para se conhecer a região, mas as agências oferecem opções de cinco dias também.
Foz do Iguaçu é uma cidade localizada no extremo oeste do Paraná e faz fronteira com Argentina e Paraguai. A cidade vive do turismo e da usina hidrelétrica de Itaipu, a maior do mundo.
O Brasil é um país privilegiado com relação à água. Possui 13,7% das reservas de água doce do mundo. Nossos primeiros habitantes, os índios, já percebiam como a presença da água era marcante e nomearam muitos lugares com a palavra “água”. A palavra Iguaçu é de origem indígena, dos índios guaranis, e significa, literalmente, “água grande” (Y = água, rio e guaçu = grande).
Nosso primeiro passeio foi conhecer Ciudad Del Este, no Paraguai. Na verdade, o tal comércio se resume a uma 25 de março mais desorganizada. Mas não tínhamos intenção nenhuma de comprar nada e fugimos de lá rapidinho. Pedimos ao nosso guia-motorista da van, nos levar até o Marco brasileiro das três fronteiras, que estabelece o limite territorial entre Foz do Iguaçu (Brasil), Puerto Iguazú (Argentina) e Ciudad del Este (Paraguai). Localiza-se na confluência dos rios Paraná e Iguaçu onde em cada fronteira existe um marco com as cores das bandeiras nacionais de cada país. Os três marcos formam um triângulo eqüilátero, simbolizando a igualdade, o respeito e a estima que prevalecem entre as três nações. Os jogos de futebol entre Brasil e Argentina que o digam J
No segundo dia, fomos ao Parque Nacional do Iguaçu, que além das belíssimas Cataratas, é um dos poucos locais de conservação da Mata Atlântica. Antes de irmos para as passarelas, fizemos o Macuco Safári, um passeio de barco pelo rio Iguaçu que chega bem perto das quedas de água. O passeio é maravilhoso e animado, você se sente bem pequeno naquela imensidão de água. No caminho para o barco, fazemos uma pequena trilha de carro elétrico aberto para conhecer um pouco mais da Mata Atlântica. Quem quiser, pode fazer também um passeio a pé. No barco, a maior certeza é de que você vai se molhar muito. Portanto, cuide bem dos seus pertences, leve um saco para documentos e divirta-se.
Feito o Macuco, fomos para as passarelas do circuito superior, de onde temos as vistas clássicas das cataratas. È tanta água, tanta água, impossível não se impressionar. Nós ouvimos exclamações de admiração em várias línguas.
Depois, nos dirigimos ao circuito inferior, para ver cataratas de baixo. São passarelas que nos fazem sentir mais as quedas d’água. Tem uma passarela que chega bem perto de uma queda e o banho é certo! Terminada a visita da parte inferior, pegamos um elevador panorâmico que nos levou novamente para a parte de cima.
            Saindo do parque, paramos no “Parque das Aves”, um parque particular com 150 espécies de aves nativas. È considerado o maior parque de aves da América Latina. Nós gostamos muito porque além da variedade, o parque é extremamente organizado. Na saída ainda temos a oportunidade de segurar uma arara e uma cobra! Meio “pra turista” mas muito legal!
            No terceiro dia, fomos visitar a Usina Hidrelétrica Binacional de Itaipu. Essa visita parece propaganda do governo enfocando a importância e grandiosidade dessa obra. Os números são gigantescos: na construção da usina foram utilizados 12,57 m2 de concreto, o equivalente a 210 estádios do Maracanã e uma quantidade de ferro equivalente a 380 Torres Eiffel. Quarenta mil empregos diretos foram criados na época da construção. Em 2008, gerou 94,68 bilhões de quiloatts-hora, fornecendo 90% da energia consumida pelo Paraguai e 19% da energia consumida no Brasil. Itaipu faz parte das Sete Maravilhas do Mundo Moderno. Infelizmente, a modernidade foi paga com a inundação das Sete Quedas, a maior cachoeira do mundo em volume d’água que já existiu. As Sete Quedas eram constituída de 19 cachoeiras e quem conheceu afirma que era mais bonita que as Cataratas. Além disso, o imenso lago do reservatório da Usina matou muito bicho que vivia nas matas. Até fizeram uma operação para salvar alguns exemplares de espécies de animais da região, com pessoas do setor ambiental da empresa catando os bichos e levando-os para lugares afastados. Fora todos os humanos que precisaram ser relocados... Uma obra imensa, realmente.
            Após a visita a hidrelétrica, fomos ao Parque Nacional Iguazú, que fica do lado argentino. Muita gente fica discutindo qual lado é mais bonito. Na nossa opinião, um complementa o outro, e apesar de ambos focarem as cataratas, são vivências bem diferentes. O lado argentino também tem passarelas inferiores e superiores. Mas as passarelas passam mais perto das quedas, então a sensação é outra. Para chegar à Garganta Del Diablo, a melhor atração do parque, pega-se um trenzinho bucólico. Quando se chega a estação, faz-se uma trilha (pequena) e chega-se num caldeirão de água. O barulho e o volume de água é assombroso e, seguramente, você vai se molhar! E para nossa surpresa, foi do lado argentino que vimos o único tucano solto na natureza.
            Enfim, Foz do Iguaçu é um destino fantástico, onde você poderá vislumbrar, no mesmo lugar, gigantescas obras humanas e divinas.

Dicas:
Quando ir: no verão, chove mais, mas as chuvas são passageiras. No inverno, pode fazer frio e gear, causando neblina, o que dificulta a observação das quedas. Nós fomos em novembro e estava calor, abafado e úmido. É lindo ver as cataratas com muita água. Nos meses que chove mais a chance disso aumenta. 
Onde ficar: Foz do Iguaçu tem uma rede hoteleira invejável. Tudo depende de quanto você quer gastar, pois tem de hostel a cinco estrelas. Sugiro pesquisar hospedagem em Puerto Iguazú, na Argentina, pois com o peso em baixa o custo/benefício dos hotéis está ótimo.
O que comer: comer do lado argentino é mais barato e melhor. Comemos empanadas, carnes e muita azeitona com queijo num mercadinho da cidade que foi show! Com cerveja, a conta fechou em 18 pesos, em três! Esqueça a Skol por um tempo e peça Quilmes!
Cidades: Puerto Iguazú, na Argentina, é bonitinha e tranqüila. Tem um comércio cheio de lojinhas simpáticas. Foz do Iguaçu é maior, mais organizada e sem tanto charme quanto sua vizinha Argentina. As duas possuem uma infraestrutura boa no atendimento ao turista, com informações e pessoas treinadas no atendimento ao turista. Já Ciudad del Este (Paraguai) é caótica, barulhenta e cheia de gente, com um comércio que enfeia a cidade. Vá somente para compras e observe bem a qualidade dos produtos adquiridos.
O que fazer: São dois parques nacionais: o Iguaçu, no Brasil e o Iguazú, na Argentina. No lado brasileiro, tem as passarelas que te dão uma panorâmica das cataratas. Desse lado,você pode encarar o Macuco Safári, passeio de barco pelo rio, que chega pertinho das quedas. Para os mais aventureiros, tem algumas trilhas que você pode fazer dentro do parque, rafting no rio Iguaçu e o Campo de desafios (com rapel, muro de escalada e arvorismo). Se você chegar de avião, existe a possibilidade do piloto estar com vontade de fazer muitas pessoas felizes e fazer rasantes para os passageiros verem as cataratas. Mas caso isso não aconteça e você tiver um dinheiro extra, existe a possibilidade de se fazer o passeio de helicóptero que sobrevoa as cataratas. Na estrada para o parque, existe o Parque das Aves, particular e bem servido em espécies e quantidade de animais, na maioria aves. Você tem a oportunidade de entrar num viveiro enorme, como se estivesse numa floresta, e interagir mais de perto com os animais. Já a visita a Usina Binacional de Energia Hidrelétrica de Itaipu  é um passeio onde podemos perceber como a ação do homem modifica a natureza.
No lado argentino, é interessante separar um dia inteiro para fazer o Parque Nacional Iguazú. As trilhas são um pouco mais longas e a parte das passarelas tem várias entradinhas que chegam mais perto de várias quedas d’água. Também oferecem trilhas e passeio no estilo Macuco Safári, com um preço mais baixo. A garganta do Diabo é imperdível! O trenzinho que chega perto dela também. Uma dica é levar dinheiro (peso) para entrar no parque e pequenos gastos, pois eles não aceitam cartão de crédito.
Tirando a visita à hidrelétrica, todos esses os passeios são pagos.
Além dos parques, tem pessoas que se interessam pelas compras no Paraguai, uma imensa 25 de março maior e mais barata. Cuidado com produtos falsificados e de má qualidade!Também existe um duty free do lado argentino, pertinho da fronteira com o Brasil.
Se você gosta de jogar, na Argentina tem um cassino colado no duty free.
Cruzar a Ponte da Amizade e o Marco das três fronteiras faz com que percebamos que a distância territorial desses três países nesse local é muito sutil. Velhas rixas que virem fumaça (de água!). Aproveito para lembrar: não esqueçam do RG, em bom estado de conservação, ao cruzar as fronteiras!
Souvenirs: existe um comércio muito forte de pedras brasileiras em Foz do Iguaçu. Essa é uma boa recordação do lugar, pois os preços são convidativos.
Como se movimentar: quando não estávamos com o ônibus da excursão (alguns transfers para passeios estavam incluídos), alugamos uma van. Amigos meus que não foram de excursão (pegaram vôo com milhas), fizeram tudo de ônibus circular e disseram que foi ótimo. No hotel explicaram onde tinha ponto, qual ônibus pegar, onde descer. Atravessaram até as fronteiras com ele. Em média, a passagem custa R$2,20. Portanto, é uma opção barata e que te oferece flexibilidade. As cidades contam ainda com uma boa oferta de táxis.
O que levar: RG ou passaporte, boné e protetor solar, capa de chuva e repelente. Lembre-se que você pode se molhar, roupas leves, que secam rápido, são o ideal. Os parques têm infraestrutura para lanches e refeições.
Idade: todos podem passear em Foz do Iguaçu, desde crianças a velhinhos. Para os jovens, existem atrações mais radicais dentro dos parques. Mas se você quiser fazer só o básico, já vale, pois as Cataratas são muito lindas mesmo!
Uma coisa fofa: as borboletas! Vimos muitas borboletas nos Parques Nacionais. Pesquisando, descobri que são quase 300 espécies delas. Tamanha fartura de cores, tamanhos e formas traz um encanto ainda maior a viagem.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O primeiro post é o mais difícil

O título do post já diz tudo, certo? Escrever é bom, mas consome!
São tantas histórias prá contar, tantos assuntos a abordar...
Não sabemos por onde começar...
Acumulamos muitas informações durante nossas viagens.
Queremos muito compartilhá-las com você, leitor.
Mas precisamos de calma...

Dando a mão prá Maria Rita:
"Calma
dê o tempo ao tempo, calma
Alma
põe cada coisa em seu lugar
"
 
Vamos lá...
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