Não sei explicar muito bem porque Foz do Iguaçu é um roteiro preterido por jovens brasileiros. Será que é por causa das “compras no Paraguai”(sinônimo de contrabando)? Ou por achar que é um roteiro de 3ªidade? Não sei bem ao certo, mas quando se fala de Foz, as pessoas não demonstram muito interesse.
Nós do Anima fomos para lá e descobrimos que Foz é um destino belíssimo e que merece uma visita.
Esse passeio não foi muito aventureiro, no sentido de trilhas, carros e fortes emoções. Fomos para lá acompanhados de um primo italiano, que veio nos visitar e queria ir pra lá. Por sinal, me sentia “peixe fora d´água” com relação a estrangeiros e Foz pois todos os parentes estrangeiros conheciam e destino e eu não! Por que Foz exerce essa atração com estrangeiros? Provavelmente a força das águas e a beleza da paisagem fazem com que esse destino só perca para o Rio de Janeiro na procura por estrangeiros. Acrescento nessa equação a infraestrutura oferecida na região. As cidades que acolhem o turista estão bem preparadas, com uma rede farta de hotéis e restaurantes. Os parques nacionais, tanto o brasileiro quanto argentino, são preparados para receber a “massa” de gente, e possuem bastante informações e facilidades, como passarelas, rampas, elevadores, trenzinhos além de praça de alimentação e banheiros. Foz do Iguaçu conta também com um aeroporto internacional, o que facilita bem o acesso ao turista
Escolhemos conhecer Foz do jeito mais fácil: de pacote. Fomos na agência de viagem e compramos um pacote de 4 dias, incluindo aéreo, transfer, hotel, Usina de Itaipu. Lá, entramos em contato com um rapaz que aluga van e fechamos dois dias de passeios para termos mais flexibilidade. Achamos que quatro dias são suficientes para se conhecer a região, mas as agências oferecem opções de cinco dias também.
Foz do Iguaçu é uma cidade localizada no extremo oeste do Paraná e faz fronteira com Argentina e Paraguai. A cidade vive do turismo e da usina hidrelétrica de Itaipu, a maior do mundo.
O Brasil é um país privilegiado com relação à água. Possui 13,7% das reservas de água doce do mundo. Nossos primeiros habitantes, os índios, já percebiam como a presença da água era marcante e nomearam muitos lugares com a palavra “água”. A palavra Iguaçu é de origem indígena, dos índios guaranis, e significa, literalmente, “água grande” (Y = água, rio e guaçu = grande).
Nosso primeiro passeio foi conhecer Ciudad Del Este, no Paraguai. Na verdade, o tal comércio se resume a uma 25 de março mais desorganizada. Mas não tínhamos intenção nenhuma de comprar nada e fugimos de lá rapidinho. Pedimos ao nosso guia-motorista da van, nos levar até o Marco brasileiro das três fronteiras, que estabelece o limite territorial entre Foz do Iguaçu (Brasil), Puerto Iguazú (Argentina) e Ciudad del Este (Paraguai). Localiza-se na confluência dos rios Paraná e Iguaçu onde em cada fronteira existe um marco com as cores das bandeiras nacionais de cada país. Os três marcos formam um triângulo eqüilátero, simbolizando a igualdade, o respeito e a estima que prevalecem entre as três nações. Os jogos de futebol entre Brasil e Argentina que o digam J
No segundo dia, fomos ao Parque Nacional do Iguaçu, que além das belíssimas Cataratas, é um dos poucos locais de conservação da Mata Atlântica. Antes de irmos para as passarelas, fizemos o Macuco Safári, um passeio de barco pelo rio Iguaçu que chega bem perto das quedas de água. O passeio é maravilhoso e animado, você se sente bem pequeno naquela imensidão de água. No caminho para o barco, fazemos uma pequena trilha de carro elétrico aberto para conhecer um pouco mais da Mata Atlântica. Quem quiser, pode fazer também um passeio a pé. No barco, a maior certeza é de que você vai se molhar muito. Portanto, cuide bem dos seus pertences, leve um saco para documentos e divirta-se.
Feito o Macuco, fomos para as passarelas do circuito superior, de onde temos as vistas clássicas das cataratas. È tanta água, tanta água, impossível não se impressionar. Nós ouvimos exclamações de admiração em várias línguas.
Depois, nos dirigimos ao circuito inferior, para ver cataratas de baixo. São passarelas que nos fazem sentir mais as quedas d’água. Tem uma passarela que chega bem perto de uma queda e o banho é certo! Terminada a visita da parte inferior, pegamos um elevador panorâmico que nos levou novamente para a parte de cima.
Saindo do parque, paramos no “Parque das Aves”, um parque particular com 150 espécies de aves nativas. È considerado o maior parque de aves da América Latina. Nós gostamos muito porque além da variedade, o parque é extremamente organizado. Na saída ainda temos a oportunidade de segurar uma arara e uma cobra! Meio “pra turista” mas muito legal!
No terceiro dia, fomos visitar a Usina Hidrelétrica Binacional de Itaipu. Essa visita parece propaganda do governo enfocando a importância e grandiosidade dessa obra. Os números são gigantescos: na construção da usina foram utilizados 12,57 m2 de concreto, o equivalente a 210 estádios do Maracanã e uma quantidade de ferro equivalente a 380 Torres Eiffel. Quarenta mil empregos diretos foram criados na época da construção. Em 2008, gerou 94,68 bilhões de quiloatts-hora, fornecendo 90% da energia consumida pelo Paraguai e 19% da energia consumida no Brasil. Itaipu faz parte das Sete Maravilhas do Mundo Moderno. Infelizmente, a modernidade foi paga com a inundação das Sete Quedas, a maior cachoeira do mundo em volume d’água que já existiu. As Sete Quedas eram constituída de 19 cachoeiras e quem conheceu afirma que era mais bonita que as Cataratas. Além disso, o imenso lago do reservatório da Usina matou muito bicho que vivia nas matas. Até fizeram uma operação para salvar alguns exemplares de espécies de animais da região, com pessoas do setor ambiental da empresa catando os bichos e levando-os para lugares afastados. Fora todos os humanos que precisaram ser relocados... Uma obra imensa, realmente.
Após a visita a hidrelétrica, fomos ao Parque Nacional Iguazú, que fica do lado argentino. Muita gente fica discutindo qual lado é mais bonito. Na nossa opinião, um complementa o outro, e apesar de ambos focarem as cataratas, são vivências bem diferentes. O lado argentino também tem passarelas inferiores e superiores. Mas as passarelas passam mais perto das quedas, então a sensação é outra. Para chegar à Garganta Del Diablo, a melhor atração do parque, pega-se um trenzinho bucólico. Quando se chega a estação, faz-se uma trilha (pequena) e chega-se num caldeirão de água. O barulho e o volume de água é assombroso e, seguramente, você vai se molhar! E para nossa surpresa, foi do lado argentino que vimos o único tucano solto na natureza.
Enfim, Foz do Iguaçu é um destino fantástico, onde você poderá vislumbrar, no mesmo lugar, gigantescas obras humanas e divinas.
Dicas:
Quando ir: no verão, chove mais, mas as chuvas são passageiras. No inverno, pode fazer frio e gear, causando neblina, o que dificulta a observação das quedas. Nós fomos em novembro e estava calor, abafado e úmido. É lindo ver as cataratas com muita água. Nos meses que chove mais a chance disso aumenta.
Onde ficar: Foz do Iguaçu tem uma rede hoteleira invejável. Tudo depende de quanto você quer gastar, pois tem de hostel a cinco estrelas. Sugiro pesquisar hospedagem em Puerto Iguazú, na Argentina, pois com o peso em baixa o custo/benefício dos hotéis está ótimo.
O que comer: comer do lado argentino é mais barato e melhor. Comemos empanadas, carnes e muita azeitona com queijo num mercadinho da cidade que foi show! Com cerveja, a conta fechou em 18 pesos, em três! Esqueça a Skol por um tempo e peça Quilmes!
Cidades: Puerto Iguazú, na Argentina, é bonitinha e tranqüila. Tem um comércio cheio de lojinhas simpáticas. Foz do Iguaçu é maior, mais organizada e sem tanto charme quanto sua vizinha Argentina. As duas possuem uma infraestrutura boa no atendimento ao turista, com informações e pessoas treinadas no atendimento ao turista. Já Ciudad del Este (Paraguai) é caótica, barulhenta e cheia de gente, com um comércio que enfeia a cidade. Vá somente para compras e observe bem a qualidade dos produtos adquiridos.
O que fazer: São dois parques nacionais: o Iguaçu, no Brasil e o Iguazú, na Argentina. No lado brasileiro, tem as passarelas que te dão uma panorâmica das cataratas. Desse lado,você pode encarar o Macuco Safári, passeio de barco pelo rio, que chega pertinho das quedas. Para os mais aventureiros, tem algumas trilhas que você pode fazer dentro do parque, rafting no rio Iguaçu e o Campo de desafios (com rapel, muro de escalada e arvorismo). Se você chegar de avião, existe a possibilidade do piloto estar com vontade de fazer muitas pessoas felizes e fazer rasantes para os passageiros verem as cataratas. Mas caso isso não aconteça e você tiver um dinheiro extra, existe a possibilidade de se fazer o passeio de helicóptero que sobrevoa as cataratas. Na estrada para o parque, existe o Parque das Aves, particular e bem servido em espécies e quantidade de animais, na maioria aves. Você tem a oportunidade de entrar num viveiro enorme, como se estivesse numa floresta, e interagir mais de perto com os animais. Já a visita a Usina Binacional de Energia Hidrelétrica de Itaipu é um passeio onde podemos perceber como a ação do homem modifica a natureza.
No lado argentino, é interessante separar um dia inteiro para fazer o Parque Nacional Iguazú. As trilhas são um pouco mais longas e a parte das passarelas tem várias entradinhas que chegam mais perto de várias quedas d’água. Também oferecem trilhas e passeio no estilo Macuco Safári, com um preço mais baixo. A garganta do Diabo é imperdível! O trenzinho que chega perto dela também. Uma dica é levar dinheiro (peso) para entrar no parque e pequenos gastos, pois eles não aceitam cartão de crédito.
Tirando a visita à hidrelétrica, todos esses os passeios são pagos.
Além dos parques, tem pessoas que se interessam pelas compras no Paraguai, uma imensa 25 de março maior e mais barata. Cuidado com produtos falsificados e de má qualidade!Também existe um duty free do lado argentino, pertinho da fronteira com o Brasil.
Se você gosta de jogar, na Argentina tem um cassino colado no duty free.
Cruzar a Ponte da Amizade e o Marco das três fronteiras faz com que percebamos que a distância territorial desses três países nesse local é muito sutil. Velhas rixas que virem fumaça (de água!). Aproveito para lembrar: não esqueçam do RG, em bom estado de conservação, ao cruzar as fronteiras!
Souvenirs: existe um comércio muito forte de pedras brasileiras em Foz do Iguaçu. Essa é uma boa recordação do lugar, pois os preços são convidativos.
Como se movimentar: quando não estávamos com o ônibus da excursão (alguns transfers para passeios estavam incluídos), alugamos uma van. Amigos meus que não foram de excursão (pegaram vôo com milhas), fizeram tudo de ônibus circular e disseram que foi ótimo. No hotel explicaram onde tinha ponto, qual ônibus pegar, onde descer. Atravessaram até as fronteiras com ele. Em média, a passagem custa R$2,20. Portanto, é uma opção barata e que te oferece flexibilidade. As cidades contam ainda com uma boa oferta de táxis.
O que levar: RG ou passaporte, boné e protetor solar, capa de chuva e repelente. Lembre-se que você pode se molhar, roupas leves, que secam rápido, são o ideal. Os parques têm infraestrutura para lanches e refeições.
Idade: todos podem passear em Foz do Iguaçu, desde crianças a velhinhos. Para os jovens, existem atrações mais radicais dentro dos parques. Mas se você quiser fazer só o básico, já vale, pois as Cataratas são muito lindas mesmo!
Uma coisa fofa: as borboletas! Vimos muitas borboletas nos Parques Nacionais. Pesquisando, descobri que são quase 300 espécies delas. Tamanha fartura de cores, tamanhos e formas traz um encanto ainda maior a viagem.