Se todas as cidades por onde passarmos forem como Gonçalves, nunca chegaremos ao Alasca. Vamos acabar ficando pelo caminho. Encravada na Serra da Mantiqueira, Gonçalves é uma cidade pequena mas múltipla; atende quem quer descansar e quem quer passear com a mesma simpatia.
A 1400 km de altitude, seu clima é temperado, com invernos frios e verões agradáveis. Nessa época do ano, nosso termômetro chegou a registrar 11,6 graus na madrugada.
Programa é o que não falta. Se você quer aventura, aqui tem:canoying, cascading, rapel, trekkings, cavalgadas, passeios 4x4, bóiacross e cachoeiras, tudo isso você encontra aqui. Quer fazer esses passeios? Fala com o Alex, da Tribo da Montanha. Eles são os responsáveis pelos esportes de aventura da região. Agora, se você quer sossego, aqui também tem! Com muita mata ainda nativa, a cada curva da cidade a região presenteia nossos olhos com paisagens bucólicas e tranquilas. Ideal para uma caminhada sem pressa em uma das muitas estradas de terra.
Gonçalves também tem se destacado no meio dos orgânicos. A Orgânicos da Mantiqueira realiza uma feira de orgânicos todos os sábados de manhã. Nessa feira, pode-se comprar os alimentos (todos certificados e sem agrotóxicos) direto do produtor, fresquinhos. Nesse mesmo espaço, um galpão que fica bem próximo ao Centro, você pode tomar um café da manhã completo a preço justo. Além disso, a empresa comercializa cestas para solteiros ou famílias e as entrega em São Paulo e região. Veja mais detalhes no site http://www.organicosdamantiqueira.com.br/!
Além disso, nas imediações da cidade, pode-se comprar muitos produtos regionais, direto dos produtores. Fique atento nas placas de beira da estrada. Nós, por exemplo, conseguimos umas alcachofras de outro mundo...
Na praça da Matriz, dois lugares se destacam: o Bar do Marcelo, com uma variedade inigualável de cachaças, também comercializa cervejas, licores e vinhos de qualidade. O dono, Marcelo, possui muito conhecimento dos seus produtos e mostra muito domínio e gosto com o que faz. O outro lugar é a padaria São Francisco que além da padaria, aproveitou os porões da casa para fazer um espaço no estilo taberna, para os clientes degustarem vinhos e queijos. Também da padaria, uma biblioteca livre, faz livros girarem pela cidade. Numa iniciativa louvável, os livros estão à disposição para serem lidos por lá ou levados para casa. A pessoa não precisa se comprometer a trazê-los de volta. Sabe que deu certo? Além das pessoas trazerem os livros de volta, elas trazem mais livros de casa, aumentando gradativamente o acervo da padoca.
Visitamos também a Senhora das Especiarias. Essa não fica na praça, mas todo mundo sabe onde é, afinal Gonçalves tem menos de 5 mil habitantes. As donas criaram receitas de geléias sem conservantes com vários de sabores diferentes e muito bons. Se você gosta de misturar o sabor de doce com salgado, experimente a de pimenta com alecrim.
Como chegar: Saindo de SP, são duas opções: Via Carvalho Pinto, todo asfaltada, pegando uma saída um pouco depois da divisa SP/MG ou pela Fernão Dias, pegando a saída para Cambuí e seguindo em direção a Córrego de Bom Jesus. Depois de Córrego, o asfalto cede espaço para a terra e as curvas e aclives se acentuam, proporcionando vistas maravilhosas!
Onde ficar: a rede hoteleira é boa, com pousadas charmosas. E se você gostar, é bem comum na região o aluguel de chalés para uma hospedagem mais longa. Nós ficamos no sítio Santo Canto (estrada Gonçalves-Costas km 2,5 f 35-3654-1487/ 9839-1365. GPS S 22°39.848’W045°52.383’), do Ocid e Carla num chalé com lareira e rede na varanda voltado para a mata, onde está incluída a noite de milhões de estrelas e a sinfonia dos passarinhos pela manhã. O que achamos bem original foi acompanhar o trabalho deles com o cultivo de mudas para agricultura orgânica numa espécie de berçário de alimentos.
O que comer: orgânicos! Você estará na terra deles e é uma maravilhosa maneira de se inserir na cultura local, conversando com os produtores. Folhas, raízes e frutas são os principais produtos. Mas atenção se estiver programado uma estada mais longa, os restaurantes da cidade costumam fechar às 20h durante a semana, quando muitos nem abrem. Um que experimentamos no horário do almoço foi o do Chiquinho: comida caseira e gostosa.
Quanto tempo: um final de semana ou a vida toda. Quatro dias são o suficiente para conhecer a região com calma. Mas para quem mora em São Paulo capital, é uma ótima pedida para finais de semana pois a fica a 204km pela Carvalho Pinto. Mas programe-se para chegar a tempo da feirinha dos orgânicos!